Cap 2: Dono dos olhos azuis

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Vallon

  Assim que entro em casa,procuro alguém para levar os documentos para a empresa, mas até mesmo Antonella não está em casa .Subo para o meu quarto com cuidado com a minha perna,e coloco meu celular para carregar. Enquanto ele carrega,vou em direção ao meu banheiro passando pela minha escrivaninha, olho o livro que meu pai colocou lá logo cedo e continuo meu trajeto até meu banho. Tiro minha leggings com cuidado e olho a minha perna machucada,ela está toda roxa e com alguns arranhões.

   - Ótimo,papai vai me deixar de castigo. Tudo culpa daquele idiota que não sabe olhar o sinal.

      Retiro toda minha roupa com cuidado para não magoar minha mão, e retiro também o curativo nela. Olho para o curativo agora cheio de sangue e sorrio de lado,consigo enxergar carinho no ato de fazer um curativo em mim, Pena que aquele grandalhão é bipolar.
     Tomo meu banho de forma rápida e me enrolo na toalha. Vou em direção ao celular na tomada,disco o número do meu pai e coloco no viva-voz. Enquanto espero ele atender,já faço um novo curativo com meu kit de primeiros socorros que tenho escondido no banheiro. Sempre que me machucava eu tinha que me cuidar sozinha ou com a ajuda da minha mãe,se meu pai me visse machucada ele brigava comigo ou me batia ainda mais. Ele dizia que eu não sou um moleque para ficar aprontando por ai,então eu sempre chorava bem baixinho quando tinha uma ferida e cobria para ele não ver.
     Visto uma roupa social preta composta por uma regata,blazer e calça de alfaiataria.Faço uma maquiagem,me certifico de cobrir todas as minhas pintinhas do rosto e das mãos e ponho saltos.Assim que subo nos saltos papai fala ao celular.

     -Vallon,você desligou na minha cara ? -Ele pergunta em tom bravo,bravo não,puto da vida.

    -Não,papai -reviro os olhos - o celular descarregou,daí corri pra casa para colocar para carregar e pegar seus documentos. Diga onde estão que irei levar para o senhor.  -Após andar alguns passos sinto minha perna do acidente doer drasticamente, então retiro os saltos e pego sapatilhas bege de bico fino e as coloco.

   -Estão no meu escritório,em cima da minha mesa,é uma pasta azul que está perto da minha luminária. Você tem 20 minutos,obrigado. - E desliga na minha cara.

   Então retiro meu celular do carregador e pego o portátil e os fones,colocando-os   na minha bolsa branca. Pego também minha carteira e chaves colocando também dentro da bolsa e desço as escadas em direção ao escritório.
  Entro no escritório e ascendo as luzes. O escritório é todo em madeira e cores escuras,livros e mais livros pelas prateleiras e papelada pela mesa do papai. Há troféus espalhados pelo ambiente todo e capas de revista com o capai de capa emolduradas e penduradas.
   Vou em direção a sua escrivaninha e ascendo sua luminária,procuro pela pasta azul e a acho. Logo em seguida,olho para baixo,vendo o cofre do papai ligeiramente aberto. Ele tem porte legal de armas,e também é um colecionador,por isso já sabia o que iria encontrar dentro do cofre. Abri levemente a porta do cofre que fica embaixo de sua mesa e lá encontro dinheiro,cartões para contas no exterior e uma arma. Nada que me surpreenda,mas quando vou fechar o cofre,vejo dois documentos,um com o nome Aurora Marquesa e outro com o nome de Beatriz Marquesa. Pego os documentos mas não chego nem a abrir porque meu celular toca. Me assusto e acabo enfiando os documentos de volta ao cofre e o fechando. Pego a pasta azul que ele pediu e vou em direção ao celular que toca e o atendo.

   -Já estou indo papai.

   -Agora Vallon,preciso desses documentos AGORA!!! - ele grita ao celular  e desliga. Odeio quando ele me trata assim.

    Coloco os documentos na bolsa e chamo um Uber para o trabalho do papai.
Quando o carro chega,entro atrás e dou bom dia para o motorista,seguimos rumo ao inferno que é onde ele trabalha. Encostada no vidro da janela,coloco meus fones de ouvido ouvindo novamente Saturn e coloco meu celular para carregar pela bateria portátil.
   Enquanto vejo Nova York  e suas cores através da janela,lágrimas escorrem pelo meu rosto. Estou tão farta de ter que ser uma coisa que não sou,uma perfeição que não existe,e ainda sou punida por ser como eu sou,não sou idiota,sei que isso que meu pai me faz é ilegal e imoral,mas eu não tenho pra onde ir,não tenho amigos,nunca namorei nem beijei,sirvo apenas para ele passar essa impressão de bom moço e sair em tabloides como a filha perfeita. A única que ainda me faz respirar é a minha mãe,porque se não fosse ela,eu já teria me dado um tiro na cabeça quando tinha treze anos.
   Chegamos rápido no trabalho do papai,cerca de 10 minutos da minha casa. Verifico se minha maquiagem não borrou ou se está aparecendo alguma coisa,como está tudo certo,agradeço ao Uber e desço do carro. Entro no prédio luxuoso que é o escritório do papai,todos ali me reconhecem,me cumprimentam ao passar e sorrio e cumprimento de volta. Chego no balcão e falo com a secretária do meu pai

Filha do governador Onde histórias criam vida. Descubra agora