Vallon
Tudo está escuro,sinto meu travesseiro macio contra minha bochecha. Me mexo um pouco e sinto algo molhado e frio. Molhado? Abro os olhos e me remexo novamente, sinto algo denso no meu corpo, mas está tão escuro que não consigo ver o que é, então acendo o abajur ao lado da minha cama. Me assusto com o que vejo, só há vermelho,vermelho em tudo que é canto,vermelho em meu corpo,em minhas roupas,em minha cama.
Minha respiração falha, sinto meu coração bater na ponta de meus dedos, meu estômago se desdobra em tantas partes que achei impossível isso acontecer. Não consigo me mexer,estou paralisada, sinto uma gota do vermelho escorrer da minha testa para meu rosto,passando pela minha têmpora e chegando a minha bochecha. Começo a chorar, passo a mão pelo meu corpo procurando machucados, não consigo identificar se há alguma coisa,já que todo o meu corpo está doendo. Choro e chamo por ajuda, mas não consigo nem mesmo saber se minha voz sai,só consigo escutar meu coração, tu-dum, tu-dum tu-dum.
Apoio minha mão na cama para sair dela é minha mão afunda naquela umidade escarlate, fico de pé rapidamente e retiro meu pijama,examino meu corpo rapidamente e não vejo nenhuma marca de machucado,então vou em direção ao banheiro. Tremo tanto q cada passo que dou tenho medo de dar cara com o chão. Chego a maçaneta e a viro,mas a porta não mexe de lugar,então começo a bater na porta,força-la a abrir e ela não se mexe. Começo a chorar compulsivamente e corro para a porta do meu quarto, tento abri-la e a mesma também está trancada,bato e grito.-Mamãe, Mamãe me ajuda, mãeeeeeee- puxo a maçaneta e a porta não faz barulho nenhum. Como pode ter tanta gente nesta casa e nenhuma me escutar ? Choro e bato na porta,pedindo e gritando por ajuda.
Apoio na porta e escorrego de costas pela mesma, o que tá acontecendo ? Eu não aguento mais, eu não consigo respirar,Olho para o caminho que percorri e vejo minhas pesadas em vermelho,minha vista fica preta, eu sinto meus olhos piscarem mas não vejo nada.
Lembro do meu celular, me concentro em acalmar meu coração e fazer minha pressão se regular,aos poucos ela começa a voltar mas minha força foi embora,então engatinho em direção a minha cama e olho em cima do criado mudo,cadê meu celular ? Sento novamente no chão,e choro tanto que minha cabeça começa a doer.
Escuto o trinco da minha porta fazer barulho, logo levanto a cabeça e olho em direção a porta. Vejo meu pai entrar,ele está vestindo seu terno preto de sempre e tem as duas mãos para trás do corpo. Ele anda devagar até parar diante de mim e da minha cama. Ele não demonstra nenhuma emoção,olha diretamente para mim e não desvia nem por um momento.-Papai - digo enquanto choro e nego com a cabeça.
-Me desobedeceu. Desobedeceu a mim,que sempre fiz de tudo por você, que coloquei o mundo ao seus pés, que te fiz princesa, PRINCESA! - ele fala de forma cruel ainda com os braços para trás.
-Pai,eu juro que não queria fazer nada ruim,eu só queria ver uma exposição de arte. -falo enquanto abraço meus joelhos ainda sentada no chão. Meu corpo está todo pegajoso e sinto tanto nojo.
Ele se aproxima de mim e pega meu rosto em sua mão de forma bruta e má,me puxa pela pegada até que eu fique de pé ainda tremendo muito, ele aperta ainda mais sua pegada e me olha no fundo dos olhos.
-Eu mando em você, eu sempre vou mandar em você. Você me deve obediência,me deve a sua vida. Tudo é meu,o chão que você pisa,o ar que você respira, o sangue que seu coração bombeia, tudo isso veio de mim, sua ingrata filha de uma puta. - ele me solta bruscamente enquanto me empurra para o lado,eu caio e me arrasto para longe dele. Ele aponta para mim e fala - Foi a última vez. - joga alguma coisa pequena em mim e sai do meu quarto em pisando duro.
Olho para o que ele jogou e vejo que é a chave do meu banheiro, então a pego e corro para o banheiro para tirar todo esse vestido de mim. Entro de baixo do chuveiro como estou eu ligo, esperando que a água lave tudo isso de ruim que estou sentindo. Após algum bom tempo saio do banheiro e coloco uma roupa,após pisar em meu quarto, noto que os meus lençóis já foram trocados. Preciso falar com minha mãe, desço a escada silenciosamente em direção a cozinha esperando ve-la, mas escuto ela e meu pai conversando.
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Filha do governador
RomanceVallon Bianchinni é o exemplo a ser seguido,pelo menos é o que a mídia acha e deve achar. Com seu pai ocupando o cargo de governador,ele sempre foi muito exigente com Vallon,querendo provar ao mundo que sua família é alvo de idolatria e de adequação...