Vallon
Uso uma camisa de Aron,já que estava de baby-doll e com sangue nele. Estamos na cozinha,já é noite e estou morta de fome.
Dom não ligou mais,e isso me deixa,de certa forma, triste. Será que ele não se importa mais? Eu sei que não temos nada...nada certo,pelo menos, mas sei que do jeito dele se importa comigo-eu acho.
Enquanto mexo a massa de panquecas que estamos fazendo,Aron está ao meu lado fazendo a calda. Estamos em silêncio mas não um silêncio ruim,só estamos cada um no seu canto. Ele mal falou comigo depois da ligação do Dom,mas eu tô quase pedindo para ele me ceder o celular para que eu avise que estou bem e onde estou.
Mexo a tijela tentado desfazer as bolinhas que ainda estão na massa para jogar na frigideira, quando vejo que Aron pega um punhado de sal e coloca no melado que estava fazendo e volta a mexer, gargalho e ele me olha com o cenho franzido,não entendendo,então aponto para o pote que ele acabou de mexer.-Sal...- falo apontado para o pote e depois aponto para o outro pote mais à frente quebra de açúcar - Açúcar.
Ele me olha como se estivesse tentando encontrar sinais de brincadeira em meu rosto,mas apenas vê um sorriso de graça e nada mais.
-É sério? - ele pergunta e eu afirmo.
Ele vai até o pote de sal e pega uma pitada e depois coloca na língua, fazendo uma cara de desgosto quando se dá conta de que realmente errou. Gargalho novamente e ele ri também,me olhando e depois olhando para o doce que estava fazendo.
-E agora? Vou ter que refazer isso.
Passo o dedo no doce que ele estava fazendo e provo,de cara noto que o sal está muito notório.
-Acho melhor refazer mesmo. - falo em tom humorado e rio.
-Tudo bem - ele pega o pode de açúcar e olha dentro. - o açúcar acabou,vou pegar mais na dispensa. Pode jogar esse melado fora? -aceno - Obrigado,eu já volto.
Ele sai da cozinha em direção a dispensa e some, pego o pote do melado e o coloco na pia,derramando tudo no ralo e encho o pote de água. Volto a mexer a massa e escuto batidas na porta.
-Aron? Aron tem alguém na porta. - grito enquanto pego a frigideira.
-O que? - escuto ele gritar de volta.
-Nada,deixa. -grito novamente e vou em direção a porta.
Ando até a porta dupla e abro uma enquanto limpo minha outra mão com um pouco de farinha na camisa que uso.
Assim que abro a porta me assusto, seu semblante está tramitando raiva,de um jeito que eu só vi uma vez - na noite em que me tirou de casa.
Ele fica parado na porta,não mexe nem um músculo a não ser para me olhar dos pés a cabeça. Me sinto vulnerável,ele parece estar me...analisando.-Dom...como soube que...- paro de falar ao escutar a voz de Aron gritando da cozinha e olho para trás.
-Vee, achei o açúcar. Onde você está ? - ele grita e escuto passos vindo em direção a sala.
Vejo Aron aparecer na sala,ele está usando calça moletom, uma camisa azul marinho simples e está descalço.
Ele entra no meu campo de visão e olha em direção a porta,olhando de mim para Dominic,então ele vira e começa a vir em nossa direção.
Continuo olhando Aron e vejo pela visão periférica Dom entrar no apartamento e começar a andar em direção a Aron pisando duro.
Fecho a porta o mais rápido que consigo interceptando os dois que param frente a frente.- Sabe o que tentou fazer ? - Dom pergunta pra Aron de forma fria. - Ela é minha protegida. Você não tem o menor direito de limitar o meu contato com ela. - a última parte ele grita,mas Aron coloca uma mão sobre a outra a frente do corpo e encara Dominic.
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Filha do governador
RomanceVallon Bianchinni é o exemplo a ser seguido,pelo menos é o que a mídia acha e deve achar. Com seu pai ocupando o cargo de governador,ele sempre foi muito exigente com Vallon,querendo provar ao mundo que sua família é alvo de idolatria e de adequação...