Filha do governador

25 Silêncio ou não?

Vallon

Sinto o frio me envolver e minhas mãos tremerem,a luz do sol entra pela brecha da cortina e atinge a ponta do edredom branco.Sinto meu coração na garganta,pulsando e pressionando,minha cabeça está doendo e meus olhos estão pesados de agua que tento segurar. Olho para a porta a minha esquerdas lá está Dom, com uma arma nas mãos e olhar assustado no rosto. Ele olha em minha direção como se tivesse levado um soco e começa a andar em direção a cama. Ele coloca a arma na cabeceira.

-Ei...Ei...tá tudo bem. - ele se senta ao meu lado e me abraça.

Coloco meu corpo sobre o dele e choro compulsivamente enquanto seguro sua camisa. Seu braço passa por baixo do meu pescoço, sua mão faz carinho em minha cabeça enquanto a outra alisa meu braço que está em cima do seu abdômen,agarrando sua camisa verde escuro.
Eu tremo sem nem conseguir controlar,entrelaço minhas pernas na de Dominic que me aperta mais contra si, fecho os olhos com força e espero meu coração acalmar com o cheiro amadeirado de quem me abraça.

-Foi só um pesadelo,meu amor. Está tudo bem. - ele fala e continua me fazendo carinho.

-Meu pai...ele me tirava daqui. - soluço - Ele me sequestrava,e me batia, ele me batia muito. - minha voz falha e volto a chorar.

-Meu amor,eu vou descobrir quem mandou levar você,eu prometo. Mas não precisa mais se preocupar,você está comigo agora,eu cuidarei de você.

Eu sinto o peso de suas palavras,sei que ele está falando sério mas ao mesmo tempo sei que meu pai tem poder em Nova York,não importa o quão rico Dominic Petrov seja,Joseph tem influência.
Eu paro de tremer e sinto minha cabeça parar de pulsar,meus olhos se abrem e minha respiração regulariza. Esse é o efeito que ele tem em mim,da paz dentro de um furacão, da luz mesmo em um buraco negro.
Passamos um bom tempo agarrados,sem falar nada apenas fazendo carinho um no outro. Depois de alguns minutos ele fala novamente.

- O que acha de pintar hoje ? - levando minha cabeça para olhá-lo. - Eu tenho muito trabalho mas podemos colocar seu cavalete no meu escritório, assim posso apreciar sua beleza enquanto você pinta.

Um sorriso surge no canto de seus lábios,e acho que sei exatamente o que pintarei hoje.
Sorrio de volta e me empurro até alcançar sua bochecha,dou um beijo nela e logo me separo dele e levando da cama.

-Acho uma ótima ideia,só preciso de um banho antes. - aviso já de pé e ele acena com a cabeça.

-Tudo bem, enquanto toma seu banho eu irei ajeitar tudo para você lá embaixo. - escuto ele falar e fecho a porta do banheiro.

Tiro minha roupa com pressa e entro embaixo da água do chuveiro, preciso que isso me ajude a acordar e entender que eu não estou mais naquela casa. Eu tenho traumas,tenho cicatrizes profundas,mais profundas do que as lições que meu pai me dava, tudo remete a ele,o frio,o escuto,a fome, a tristeza,a morte, eu estou cansada disso.
Enquanto deixo a água cair pelo meu corpo tento manter minha mente no presente. Eu ainda nem mesmo parei para pensar no que aconteceu entre Dom e eu, eu sabia que ele gostava de mim mas me desejar como vi que me deseja... isso não me parece real, eu sou tão machucada e ele um homem tão certo e poderoso, porque sentiria atração por mim ?
Demoro bons minutos no banho pensando em tudo isso, na minha primeira vez, no fato de perceber que finalmente estou em paz em algum lugar.
Depois de algum tempo eu saio do chuveiro e me enrolo na toalha me secando,quando saio do banheiro e entro no quarto vejo que Dom não está mais lá,então me apresso para trocar de roupa mas antes passo um hidratante maravilhoso que me deixa mais cheirosa que muito perfume,visto um vestidinho soltinho rosinha e uma calcinha de renda preta,mas sem sutiã,não sou muito fã. Penteio meus cabelos e passo perfume,olho para minhas orelhas...acho que gostaria de fura-las,sempre achei lindo.
Descalça,desço as escadas e já sinto o cheiro de doce no ar,olho para a janela do terraço e vejo o sol entrar,não deve ser tão tarde né, entro na cozinha e vejo Dominic Petrov cozinhar, acho que nunca vou me cansar disso. Paro no batente da porta e cruzo os braços, ele está com um lado do fone de ouvido e canta Avicii sem perceber que o observo. Ele está sem camisa e com uma calça moletom cinza,como um corpo consegue ter tantos músculos assim ?
Enquanto o observo ele está mexendo uma massa em uma frigideira,pelo formato e consistência acredito que sejam panquecas, o grandão está de frente para mim porém com a empolgação com ao qual dança e balança a cabeça não deve ter me visto.