Cap 10 Você não o conhece

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Vallon

Os dias passaram rápido depois do hospital, papai finge que nada aconteceu, mas pelo menos agora tô podendo comer todo dia. Hoje é meu aniversário, acordei com um kit lindo de aquarela em cima da minha cama, presente de mamãe,claro, já o meu pai me deu um livro e sapatilhas novas... nem me surpreendo.
Não resolvi nada sobre a minha festa, graças a Deus, não quero festa mesmo, nem as pessoas que eram da minha sala no tempo de escola estarão aqui, e nem mesmo as meninas que fazem balé comigo, em resumo, é uma festa para o papai.
Hoje passei o dia no ateliê, pintei o céu em várias telas,de várias formas, em algumas delas usei o dourado e acredito que seja por causa da minha obra favorita que vi exposta ontem.
Eu não decidi nem mesmo a roupa que irei usar hoje. Subo e vou para o meu quarto, coloco fones e começo a me arrumar, faço uma maquiagem mais pesada já que teoricamente é a data que diz oficialmente para todos que não sou mais criança. Uso rímel,sombra preta, cílios postiços,delineador, tudo que tenho direito a me deixar mais marcante hoje. Depois que termino minha maquiagem, faço meu cabelo em ondas e os deixo solto, meu vestido é preto justo porém com uma fenda até a coxa, ele possui mangas e um decore em coração, ele é um veludo muito gostoso. Coloco saltos prata,mais altos do que os que normalmente uso, e não uso joias,até porque eu não posso,cubro minhas mãos e estou pronta, tiro meus fones e só agora percebo que há música lá embaixo, já devem estar chegando.
Escuto batidas em minha porta.

-Entre - digo para a pessoa e mamãe passa pela porta.

-Filha... voce está belíssima. Mas acho que seu pai não vai aprovar muito bem a maquiagem. - ela fala fazendo uma careta discreta.

-Deixe isso pra lá mamãe.

-Tudo bem, vamos ? - ela fala me estendendo a mão.

- Vamos - respondo com um sorriso casto e pegando a mão dela.

Andamos pelo corredor em direção as escadas, ela me olha antes de começarmos a descer as escadas e sorri, respiro fundo e começamos a descer as escadas.
Vejo uma festa de gala lá embaixo, o piano toca uma música suave e vejo que quem toca é Ronald, todos estão de terno ou vestidos longos, e como já esperava,não conheço ninguém aqui.
Coloco um sorriso fingido no rosto e desço as escadas, todos olham para mim e fingem estar felizes ao me ver.
Reconheço muitos rostos que me olham, políticos, advogados... só a elite de Nova York, mas fico sem ar ao ver um rosto em específico. Petrov está com um smoking azul royal, será que foi de propósito ? Ele está tão lindo, ele me encara enquanto desço. Não consigo tirar os olhos dele, e ele parece sentir o mesmo, a cada passo que dou sinto meu coração bater mais forte, um imã me prende ao seu olhar, e por um momento não vejo mais ninguém na sala.
Chego ao pé da escada e meu pai vem até nós. Ele dá um beijo rápido em mamãe e vem até mim, sorrindo mas muito falsamente.

-Está linda. - ele fala em tom bem alto,desnecessariamente. Ele pega minha mão e me puxa em direção ao meio da sala.

Procuro os olhos do senhor Petrov e não o vejo mais. Já se passou uma hora disso tudo e eu estou entediada, vou até o canto e pego uma bebida alcoólica, parecia whisky, viro de uma vez e olho ao redor, cruzando com o olhar de papai. Ele estava entre dois homens, reconheço um entre eles que é seu advogado. Ele está me olhando fixamente, mas ainda conversando com seus companheiros.
Saio dali e subo as escadas discretamente, não vejo mais mamãe. Escuto passos atrás de mim,me viro e vejo papai com uma cara de poucos amigos.

-Não quero você bebendo. - ele fala com a voz baixa.

- Foi só uma dose pai,não vou ficar bebada.

-Não me importa, você tem uma imagem a zelar, isso sem contar a minha. Você tem 18, não 30 anos. -ele fala chegando perto de mim e segurando meu braço com força.

Filha do governador Onde histórias criam vida. Descubra agora