Onze

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Eu não tive um sonho bom, não foi horrível e também foi mais uma lembrança do que um sonho. Eu só não entendo que quando sempre que eu tento esquecer minha antiga vida, ela sempre volta, seja quando estou assistindo TV e ele aparece na lá, ou até mesmo na minha cabeça. Acho que não importa o que eu faça, Spencer Reid sempre vai estar no meu coração.

Eu saio da cama lentamente para não acordar o Simon e vou até o banheiro lavar o rosto, então eu decido fazer a única coisa que eu sei que sabia que iria tirar ele da minha cabeça, trabalhar no caso e acabar logo com esse caso, então e me sentei no chão na frente da cama e comecei a procurar alguma coisa que nos ajude a pegar o cara.

Duas horas depois o Simon geme na cama falando meu nome (não quero nem saber o que ele está sonhando), e alguém na porta ao mesmo tempo, eu me levanto e abro a porta e a Ava entra com tudo.

- Vocês tem que ir embora! – eu olho pra ela confusa.

- Porque? O que aconteceu? – ela não fala nada só anda até o Simon e o sacode para acordar. – AVA! O que está acontecendo?

- O pai ligou, ele disse que a UAC está vindo pra cá – ela diz fazendo meu coração se apertar. – Você está morta pra eles, é por isso vocês tem que ir embora!

- Tudo bem! – eu falo olhando pro chão e pegando minhas anotações impressas e entrego para ela – Entrega isso para eles, diz que você conseguiu um favor de uma amiga!

- Porque a UAC está aqui? Na Rússia? – o Simon pergunta se levantando, e por algum motivo ele estava de boxer e não com uma calça de moletom fazendo a Ava levantar as sobrancelhas, surpresa. – Não faz sentido!

- É apoio diplomático, o presidente pediu pra CIA e a CIA pediu pra UAC mandar a UAC – ela diz me olhando como se eu fosse uma puta – Eu entrego suas anotações pra eles, mas vocês tem que sair logo, eles já estão aqui, e depois de passarem na delegacia vão vir pra esse hotel e esse quarto.

Eu assinto indo guardar minhas roupas de volta na minha mala, eu troquei de roupa colocando meu conjunto de moletom com a jaqueta de neve que a Ava me deu. Em menos de uma hora nós dois estávamos fazendo o check-out, e depois iriamos para o aeroporto.

Então essa é a minha vida agora? Ir aonde a Interpol me manda ir, mas fugir caso tenha algum sinal de que a UAC está por perto? Isso é um porre.

Porém antes de sair do quarto e puxei a Ava pro canto e perguntei quem que iria ficar nesse quarto que estávamos saindo e ela falou o nome de quem eu queria ouvir.

- Um tal de Reid, porque? – ela disse.

- Não é nada! – eu respondo, ela deu de ombros e saio do quarto e foi quando eu deixei uma carta escondida onde eu sabia que ele iria encontrar.

Eu não tenho permissão de mantar nenhum tipo de contato com ninguém da minha antiga vida, nem mesmo com o homem que me adotou e me criou, mas mesmo assim.... Eu resolvi deixar pelo menos uma carta para o Spencer, sem ninguém saber, afinal um segredo só é mantido em segredo quando só uma pessoa sabe. Eu me sentei na cama e abri a carta para ler uma última vez.

"O ano tem passado devagar, acho que pra quem está morta é estranho pra mim falar isso. E eu me lembro de julho, enquanto eu esperava ansiosa por agosto, eu tinha tudo. Tudo e agora.

Julho é o que eu fiz você passar. Julho é te ver na TV e não poder te abraçar, enquanto sua voz séria me aquece no frio da noite. Julho é dar tempo ao tempo para querer te esquecer. Agora Julho é você.

Os dias tem sido mais fáceis, mesmo você estando onde eu tenho o dever de estar. Aí a correria começa de novo e eu viajo pro lado oposto de você. Você não percebe, mas eu não quero fugir e me esquecer de você. (Se bem que é meio difícil te esquecer quando se tem tanto pra lembrar)."

Eu li sorrindo passando a mão no desenho de flor, que eu rabisco em tudo qualquer canto de papel que eu acho, e aí eu dobrei de novo colocando no envelope e lendo atrás.

"DE: Lotus

Para: Spencer Reid"

Eu escondi a carta embaixo do colchão de um jeito que a camareira não iria ver, mas que eu sabia que ele iria notar. Eu posso ter morrido, mas ele não vai se esquecer de mim assim tão fácil.

- Kat! – o Simon me chama e eu me viro o olhando, ele se aproxima do meu ouvido sussurrando. – Eles estão entrando! – a gente está esperando nosso carro pra nos levar para o aeroporto, eu me viro para olhar, mas o Simon me segura pelos ombros me fazendo ficar o olhando – Não... – ele me beija para chamar minha atenção, e funcionou.

- Eu não vou te deixar... – eu falo sob os lábios dele.

Podia ser mentira, mas eu estava sendo sincera, eu sou uma puta, mas uma puta comprometida com meu relacionamento.

- Eu sei... – ele olha para trás de mim.

- Simon! – ele me olha. – Eu não vou te deixar! – ele sorri e me abraça me fazendo deitar em seu peito.

O carro chega e ele me solta para abrir a porta para mim, e nesses meros segundos eu usei para virar meu rosto e o olhar...

Ele não vestia as mais aquelas roupas de nerd/vovô (que ele ficava um gato nelas), não sei se é a ocasião ou algo assim, mas agora ele está usando um terno, seu cabelo está comprido e uma barba brota em seu rosto. Ele não parece tão horrível de quando eu o vi no meu funeral.

Eu me viro antes do Simon me olhar segurando a porta para mim entrar no carro, eu sorrio e entro no carro.

- Que cavalheiro ele! – ele ri me ajudando a entrar no carro.

Ele fecha a porta, e pelo vidro fumê eu sou uma última olhada nele antes de me virar para ver o Simon entrando no carro.

- Então... Para onde a gente vai?

- Seu pai disse que estamos de férias – ele sorri para mim. – Ele me prometeu que não iria nos chamar para nenhum lugar – eu o olho.

- Acha que ele vai cumprir a promessa? – eu pergunto enquanto ele coloca a mão na minha perna.

- Bom, ele comentou sobre não querer ser baleado pela sua arma – ele diz rindo.

- Ele é esperto!

Ele liga o carro dirigindo para longe do hotel, eu ligo o rádio enquanto alguma russa falava alguma coisa que eu não entendia, mas que fez o Simon rir.

- Me diz que ela não ta falando merda! – eu rio olhando para ele enquanto esperava uma resposta.

- Quase isso... – eu desligo o rádio.

- Para onde você quer ir? – ele pergunta parando em um sinal vermelho.

- O que acha da Itália? – pergunto sorrindo para ele. – combinei com o Draco e o Cas de nos encontrarmos lá!

Ele apenas sorri e assente, logo o carro volta a se mexer e ele se vira para olhar para a estrada, acho que ele ainda tem medo de eu ser presa por leis de transito, isso explica porque ele não me deixou dirigir.

(OBS: algumas partes é inspirada na música "Julho" do Jão)

Just Like FireOnde histórias criam vida. Descubra agora