Um pouco de desejo

13

CAPÍTULO 13

Wang Yibo

APÓS O BEIJO DE ZHAN ter obliterado minha mente, de alguma forma encontrei o caminho de volta para o táxi. Paguei trezentos dólares para ficar onde estava.  Não me lembrava do caminho para casa, mas me lembrava de pegar meu violão quando tive uma ideia e configurar meu telefone para gravar o que quer que saísse.

Isso tinha sido há horas, e eu estava completamente sóbrio agora.  A noite havia chegado e passado, e o sol estava começando a nascer do rio como uma fênix em chamas.  Eu ficaria feliz com qualquer calor que isso trouxesse;  Eu estava vagamente consciente do frio, mas não foi um obstáculo suficiente para parar o que estava fazendo e pegar uma jaqueta.
Deus... aquele beijo.  Eu conhecia aquele beijo.  Eu senti isso até os dedos dos pés e profundamente em meus ossos.

Você não esqueceu um beijo desses.  Foi assim que eu soube, sem sombra de dúvida, quem esteve naquele quarto escuro comigo naquela noite.

Xiao Zhan

“No escuro... Você me pegou agora, e eu alguma coisa, alguma coisa...” Parei e refiz na minha cabeça a linha que havia pulado antes.  "No escuro... eu segurei você, coloquei você sob minha pele."  Eu reproduzi, balançando a cabeça enquanto as palavras se encaixavam perfeitamente com o resto da música que eu estava trabalhando.  Fazendo uma pausa, anotei a linha na toalha de papel que peguei, já que minha busca por papel não deu em nada.  Então, começando do início, repassei a música e, enquanto tocava, arrepios surgiram na minha pele.  Era assim que parecia quando estava certo.  Quando a melodia e a letra se combinaram para formar aquela união perfeita.
Puta merda.  Eu escrevi uma música.  Quanto tempo se passou desde que isso aconteceu? 

Muito tempo, e não foi preciso ser um médium para descobrir a causa da minha inspiração repentina.

Xiao Zhan.  Maldito Zhan do quarto escuro.  Foi a fantasia que tive que ganhou vida.  Foi ele quem me beijou até ficar tonto;  Zhan, que caiu de joelhos para me tomar entre seus lábios carnudos até que eu descesse em sua garganta;  Xiao Zhan, a quem eu rodei e fodi com os dedos até que ele se contorceu em cima de mim.

Meu sangue esquentou com a lembrança.  Achei que estava quente na hora sem saber com quem eu estava.

Mas perceber que tinha sido Zhan?  Zhan alto, forte e sexy que eu estava morrendo de vontade de beijar - e, de fato, beijou?  Isso tornou aquela noite um milhão de vezes mais excitante e me deu uma ereção permanente que eu ainda não tinha cuidado.  Eu estava usando essa energia reprimida como combustível para escrever, lembrando o que havíamos feito e agora sendo capaz de visualizar um rosto com os atos que cometemos no escuro.

Eu queria saber tudo sobre o homem misterioso ao qual agora poderia atribuir um nome.  Eu conhecia o trabalho dele.
Onde ele morou.  Que ele tinha um irmão gêmeo.  Mas quem era Xiao Zhan além disso?  E depois da noite passada, será que ele iria querer me ver de novo, ou teria sido um beijo de despedida?

Meu celular tocou onde estava conectado ao meu lado, ainda gravando.  Apanhado em meu
pensamentos, nem pensei em olhar quem estava ligando e, quando atendi, uma voz profunda disse:
“Yibo?  É Kill.  Não desligue…

Meu polegar apertou o botão de encerrar chamada e deixei cair o telefone no colo como se estivesse pegando fogo.  Por que diabos eu respondi isso?  Estúpido.  Estúpido estúpido.
E por que Killian continuou me ligando, afinal?  Eu tinha saído da banda.  Tinha acabado.  Não sobrou nada a dizer que não pudesse ser dito através de advogados.  Eles seguiram em frente, então seria bom se eles me deixassem fazer o mesmo.

Ei, eu tinha uma música em meu currículo agora.  Tome isso, filhos da puta.

Fiquei ali sentado brincando com as cordas enquanto esperava que a inspiração tomasse conta novamente.  Certamente eu poderia acertar dois hoje.  Talvez até três.  Eu estava em alta, caramba.  Ninguém poderia me manter para baixo.

Corta para dez minutos depois, quando decidi que talvez qualquer coisa além de uma música estivesse abusando da minha sorte hoje - ou pelo menos até eu comer alguma coisinha.  Meu estômago roncou, me lembrando que eu tinha bebido uma garrafa de tequila na noite passada e que talvez comida fosse uma boa ideia.
Demorou cerca de duas vezes mais tempo para cozinhar o bacon do que quando Zhan esteve aqui, os ovos ficaram um pouco firmes demais e queimei a torrada, mas, por Deus, eu fiz meu próprio maldito café da manhã.

Depois de raspar as pontas queimadas, a torrada ficou até comestível e o sal cobriu muito bem os ovos.  Então, novamente, eu tive um bom professor.  Eu poderia acrescentar isso à lista de coisas que sabia sobre Xiao Zhan.
Ele conhecia bem o supermercado, cozinhava e sabia como consertar as coisas pela casa.  Ele também chupou pau como se fosse a porra do seu trabalho.

Cristo, talvez eu tivesse encontrado o cara dos meus sonhos.

Com a barriga cheia, levei meu violão para dentro e escolhi uma cadeira de couro enorme, algo confortável para minha bunda, já que planejava sentar nela por algumas horas.  Mas desta vez, nada aconteceu.
Tudo que eu bati já estava feito, as palavras que cantei eram tão clichês que nem me preocupei em anotá-las.  Então começou o bocejo e percebi que estava acordado há mais de vinte e quatro horas.

Tudo bem, eu dormiria.  E então talvez, apenas talvez... eu precisasse de outra dose de Xiao Zhan.

(.....)