Deathless - Jackson Wang

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Jackson Wang 

Ouço os gritos estridentes dos meus companheiros de time ecoando dentro do vestiário masculino quando saio do banheiro, após outra rápida ducha gelada para me energizar.

Tudo está uma enorme baderna.

Alguns dos caras ainda se encontram nus, outros um pouco mais apresentáveis, enquanto os mais responsáveis — o que obviamente não me incluía naquela situação —, completamente vestidos.

Suas mãos batem nos armários com força e o estrondo é alto, enquanto eles gritam o nosso mantra de guerra com garra, como sempre fazíamos, minutos antes dos eventos importantes, para extravasar a ansiedade e possibilidades de falhas antes do jogo.

Sorrio, bastante orgulhoso desses filhos da puta.

Era um dos últimos jogos da temporada, e perder logo na reta final se tornava uma possibilidade impossível, uma vez que a rivalidade contra o time do norte sempre estava valendo muito mais que apenas algumas horas cansativas na quadra.

Dessa vez, alguns dos caras haviam feito apostas perigosas, entre ambos os lados, e precisávamos honrar com as nossas responsabilidades sobre isso. 

A porra da nossa dignidade. A reputação que tínhamos que continuar a zelar.

Vencer, diante aquela situação, não era somente uma tentativa. Vencer, na verdade, se tratava de um objetivo já traçado por todos do meu time.

— Por que tomou outro banho? — de repente, Mark surge ao meu lado, inteiramente vestido, embora o cabelo ainda estivesse molhado.

Ele bate em meu ombro com força, um tanto confuso e desconfiado.

— Estava com calor — falo, recordando-me do encontro com Kiara. Eu já havia tomado banho antes, mas voltei para o vestiário novamente somente para distrair minha mente. — Precisava de uma carga elétrica gelada.

— E aí, como está se sentindo?

— Contente, por alguma razão.

— Não deveria estar, sabia? — ele diz.

Concentrado, vou até o meu próprio armário e o abro, retirando de dentro minha bolsa verde militar, jogando-a em cima do banco metálico no meio do local.

— Por acaso, está com medo que eles vençam de nós, Mark? — pergunto, provocando-o.

— A pergunta não foi essa — meu amigo diz, cruzando os próprios braços, o que faz seus ombros parecerem maiores do que realmente são, com todas aquelas coisas em baixo.

Sorrio com bastante confiança ao dizer:

— Eles não vão vencer — então retiro a toalha do corpo, pegando minha cueca dentro da bolsa e a vestindo. — Os garotos do norte não são tão bons quanto as pessoas fazem parecer. Precisam melhorar muito, ainda. Vamos ganhar.

— Não acha que está muito confiante, capitão? — Mark indaga.

Ergo uma sobrancelha ao encará-lo com certo julgamento.

— Não — respondo, devolvendo a bolsa para o mesmo local de antes. — Mas acho que você, caro amigo, está com confiança a menos.

— Temos que ficar espertos, sabe disso — ele avisa. — Podem não ser melhores que nós, mas possuem talento.

A tensão dentro do vestiário é palpável, apesar da breve diversão. E sei que no fundo, mesmo que eu não queira admitir, meu amigo tem razão.

Eles são um pouco bons, habilidosos, o que significava que não podíamos simplesmente subestimar o time do norte, pois era uma atitude mesquinha.