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Kiara Soulier

A impaciência cresce dentro de mim enquanto estou dentro do quarto.

Esperar nunca foi uma coisa que gostei de fazer, mas na minha situação atual, em um ambiente que não me pertencia, todo o incomodo só se intensificava ainda mais.

— Porra... devo ter enlouquecido. Eu não deveria ter aceitado dormir aqui — retruco para mim mesma, levantando-me da cama enquanto começo a andar de um lado para o outro.

Agora, sozinha e um pouco mais consciente dos meus atos, estava começando a me arrepender da ideia de passar a noite no dormitório de Jackson. Estava começando a sentir o efeito do álcool, apesar de pouco em meu corpo, ir embora completamente, e toda a minha coragem desaparecer.

Concordar com o pedido dele foi uma insanidade. Um impulso do momento. E agora, eu só queria ir embora.

Mas sair não parecia um ato fácil. Com todos aqueles caras do lado de fora, aparentemente interessados em saber sobre mim, até mesmo se eu saísse correndo, chamaria atenção demais.

Solto o ar preso em meus pulmões, caminhando até a janela e observando as árvores que escondiam boa parte do prédio.

Apesar da distância, ainda era possível observar os resquícios do estacionamento e junto a ele o cheiro da fumaça, que invadiu minhas narinas de uma vez quando subi as persianas em busca do vento.

Realmente haviam sido eles a fazer aquilo? O time do norte?

E se a resposta fosse sim, é possível que Josh estivesse envolvido?

De repente, sinto a inquietação crescer, mas ela logo é substituída pelo susto quando meu telefone toca no interior do meu moletom, interrompendo meus pensamentos intrusivos.

Retirando-o do bolso, reconheço o número de Sam, pois sua foto sorridente segurando sua tartaruga de estimação, Theodoro, preenche a tela de uma vez.

— Alô? — murmuro, minha calma extrema denunciando o desconforto da situação ao atender.

— Ei, Kiki! Você está bem?

— Por que a pergunta repentina?

— Não sei se viu, mas aconteceu uma puta confusão de merda fora do estádio. Parece que uns garotos do norte entraram em uma briga com o time da sua universidade. Estão dizendo que a coisa foi feia.

Passo a mão pela testa, cogitando se vale a pena ou não contá-la que acompanhei no final de todo aquele caos e, por fim, apenas revelo:

— É, eu sei.

Você sabe? — sua voz parece surpresa.

— Os garotos do norte os acusaram de roubo.

— Que merda.

— É, que merda.

— Onde está agora? — questiona em curiosidade, mas não me dá tempo o suficiente de retrucar qualquer coisa. — Nós a procuramos pelo estacionamento antes de irmos embora e nem sinal de vida seu. Até ligamos, várias vezes. Fiquei preocupada, mas Charlie disse que talvez, você preferisse dormir em casa mesmo. Se ele soubesse que...

— Ei! — solto, interrompendo-a de continuar. — Não fala sobre isso por aí, seu irmão pode ouvir!

— Ele já foi dormir, relaxa. Além disso, você sabe, não tem nada que o faça acordar depois que aquele cara pega no solo. Nem mesmo se o mundo estivesse acabando.

— Bom, você deveria aproveitar e fazer o mesmo, sabia?

Embora não a observe, consigo sentir Samara revirar os olhos com o meu pedido, pois ela demora a falar.

Deathless - Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora