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Kiara Soulier

Bebo um gole considerável da lata de cerveja que Charlie compra para mim quando um dos vendedores passa pela arquibancada, oferecendo-nos.

Teoricamente, não posso fazer isso, já que meu aniversário de vinte um anos será apenas em dezembro, o que ainda faltam longos sete meses.

No entanto, ele não pede minha identidade, e dando de ombros, após meu melhor amigo pagar seus quinze dólares e mostrar que tinha idade o suficiente para o consumo — ele é um ano mais velho que eu —, o homem foi embora.

Já estávamos no último tempo e faltavam pouco menos de cinco minutos para o jogo acabar. O placar era de quinze a vinte, sendo que o time do norte havia ganhado o primeiro tempo em uma diferença mínima de dois pontos, e nossa universidade os outros dois, de lavada.

Agora, entretanto, as coisas estavam um pouco mais complicadas.

Era uma disputa acirrada entre ambos os lados, afinal de contas.

Josh e Jackson pareciam muito mais traiçoeiros que minutos atrás. Eles golpeavam uns aos outros com força, impedindo-os de ultrapassarem e fazendo o possível e o impossível para manter o controle.

Meu amigo de infância dava o seu melhor com tanto afinco, e eu conseguia ver o esforço a cada movimento no corpo, as jogadas estratégicas de bola, tentativas de marcação de pontos. Mas Jackson, nitidamente, estava indo muito melhor que ele. O que me surpreendeu.

No ensino médio, ninguém nunca foi páreo para Josh. E ser considerado um prodígio talentoso para todos daquela cidadezinha pacata me fez pensar que ele era invencível.

Um erro? Bem, a vida não era tão vasta quanto agora.

— Eles precisam de um Touchdown — Samara diz sobre o time do norte, ao lado direito do irmão.

— Não acho que irão conseguir — Charlie avisa, vidrado no telão. — Eu avisei, vamos vencer.

— Talvez eles empatem — falo, e vejo minha inquietação crescer com o comentário, pois cruzo as pernas, começando a movê-la para cima e para baixo, como se fizesse o tempo passar mais rápido.

A tensão no estádio cresce e o relógio avança para o final do jogo de maneira gritante. Os minutos finais são de tirar o fôlego, com ambas as equipes se esforçando ao máximo.

Ouço Samara e Charlie discutindo entre si mesmos um pouco, refletindo sobre suas próprias expectativas e bebo outro gole do álcool, tentando fazer meu corpo relaxar.

Se o time de Josh conseguisse marcar o touchdown que precisava, eu estava livre da aposta que fiz com Jackson e o maldito encontro. Mas se falhassem, seria uma tortura.

A euforia dos torcedores ao nosso redor cresce quando se levantam dos próprios acentos para gritar, dando um pouco mais de ânimo aos jogadores cansaços. As líderes de torcida fazem o mesmo, e até meus dois amigos estão em pé.

Cada atitude, cada jogada, é crucial naquele momento.

Mas não me movo. E sentada, continuo analisando a situação.

Com o coração acelerado, noto que esta é a última chance do time do norte empatar. O que não é tão pior quanto perder.

As jogadas finais são executadas com precisão, e os jogadores estão dando tudo de si. E então, acontece. Em um momento de pura adrenalina, o quarterback do time do norte tenta lançar a bola em um passe que poderia ser perfeito, mas é arrebatado por um dos colegas de Jackson e o líder de Athens a agarra no ar, sorridente e correndo em direção contrária à zona de pontuação.

Deathless - Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora