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Kiara Soulier

Acordo assustada, com uma barulheira que me tira o sono.

Um ranger de portas constante e murmúrios distantes, que vão tornando-se lentamente mais perceptíveis.

— Acha que o treinador vai deixar você voltar pro time?

Próximo de mim, uma voz se torna nítida, perceptível em meus ouvidos.
Mark Tuan.

Ainda estou com sono, inerte na cama e com os olhos fechados, permitindo que meu espírito retorne ao meu corpo, quando outra voz diz:

— Sinceramente, não faço ideia. Sei que deixei o time em um momento crítico do ano, mas agora estou de volta. E sou um bom jogador. Ainda assim, não sei se será o suficiente para ele me escalar para o próximo jogo.

— Talvez você tenha chances. O capitão vai estar do seu lado. Ele sabe do seu potencial.

— Não acho que seja suficiente. Jackson não pode obrigar todos a me darem uma segunda chance.

— Tem razão, mas ele vai tentar, sabe disso.

— Por falar nisso... onde ele foi?

— Ele acordou cedo. A última vez que o vi, estava indo correr antes de ir para o hospital.

— Internato?

— Isso aí.

— Cacete, ele vai ter um burnout se continuar assim.

— E adianta falarmos isso para ele?

Um suspiro forte ecoa em uma das camas.

— Não. Não adianta porra nenhuma.

Me recordo da conversa de ontem com Jackson. O internato que ele me disse que iria, e que parecia ser verdade, pois seus próprios colegas estavam comentando sobre.

Um dia atrás, eu pensaria naquele garoto como um desleixado.

Só mais um cara que estava estudando por puro privilégio, não vontade própria, mas o caso não parecia ser assim. Ele realmente se esforçava. Surpreendentemente.

— E ela? — Benjamin continua.

Posso estar encolhida entre os lençóis, com os olhos fechados e o rosto voltado para parede, mas sinto os olhares de ambos queimarem minhas costas.

— O que tem ela? — Mark pergunta.

— Não acha que é melhor acordá-la?

— Jackson mandou que a deixássemos dormir.

— E acha que é seguro? Ela ficar aqui sozinha...

Em um tom de voz que soa contido, Mark diz:

— Não sei. Mas foi o que ele falou.

O silêncio se instala por alguns segundos, e então Benjamin fala novamente:

— Sendo bem sincero, ainda estou surpreso. Quando cheguei ontem, pensei que ela fosse mais um dos brinquedinhos temporários dele. Ao menos, era isso o que todos estavam fofocando na sala de estar.

— O que te fez mudar de ideia?

— Jackson se comporta diferente quando está perto dela.

— Pare de pensar demais, Benjamin.

— Sério que você ainda não percebeu? Porque eu sim, cara, e só estou aqui em menos de vinte e quatro horas.

— O que está querendo dizer com isso?

Deathless - Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora