Capítulo 04 ( Revisado )

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Não sei como me sinto ao escrever neste capítulo, então, por favor, seja gentil.

Boa leitura 💛


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Os anos que se seguiram à adoção de Neil não foram fáceis. David esperava a ansiedade, o medo; ele até previu as inevitáveis tendências a fugir. O que ele não esperava era ver Neil se tornar uma sombra de si mesmo, assustado até com a própria sombra e dócil – algo que David nunca teria descrito Neil. Foi preciso ele conversar com Betsy para entender o que estava acontecendo.

Depois de ficar órfão, Neil foi passado de lar em lar como um objeto – algo a ser facilmente trocado por dinheiro. Antes disso, ele nunca tinha tido motivo para se considerar valioso. Nunca esperou segurança, amor ou mesmo as roupas que vestia. Ele vivia sua vida dia após dia esperando o pior, então, uma vez entregue a David, Neil não queria fazer nada para colocar em risco o lar que finalmente encontrara.

Ele se via andando em ovos ao redor de David, o medo de que ele mudasse de ideia sobre a adoção apertando em sua garganta como um punho. Estava convencido de que David acordaria um dia, após uma repreensão a mais, e perceberia que Neil não valia o problema.

Às vezes, Neil ainda encontrava as sombras do medo se infiltrando em seu subconsciente, ameaçando envenenar o único relacionamento saudável que já teve.


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Na manhã seguinte, Neil acordou com a familiar dor de ansiedade no peito. Imaginou a raiva de seu pai como algo tangível no ar – uma chama que ele desejaria poder sufocar com desculpas.

Às vezes, era difícil esquecer que David Wymack não era Nathan Wesninski. Neil sabia intrinsecamente que eles não tinham nada em comum, mas a raiva era um gatilho, e Neil não estava usando um colete à prova de balas.

Ele forçou as pernas para fora do cobertor, os dedos do pé doendo com a mordida do frio. Levantou-se ao pegar a blusa de moletom que havia descartado na noite anterior. Puxou-a sobre a cabeça, sem se dar ao trabalho de remover o capuz ao abandonar a segurança de seu quarto para se aventurar em território desconhecido.

O corredor estava inundado de luz solar quando ele emergiu. Ele teve que piscar para afastar as estrelas nos olhos, semicerrando os olhos enquanto caminhava descalço pelo corredor.

A casa estava estranhamente silenciosa para uma manhã de sexta-feira, nem mesmo o zumbido da TV ecoava pela casa. O silêncio era incomum, queimando o desconforto na pele de Neil. Seu coração batia forte no peito. Sentiu-se deslizando para longe, perdido em algum lugar em um medo que não sentia desde os 13 anos.

A sala de estar estava vazia, exceto pela xícara de café vazia e esquecida na mesa e o jornal descartado com a data de hoje no sofá.

A careta de Neil deixou uma dor na testa, lábios franzidos pressionando-se contra a ansiedade que pulsava caoticamente em suas veias.

Ele foi para a cozinha. Observou rapidamente o prato sujo na pia e o bilhete no balcão. Reconheceu imediatamente a letra de seu pai, com todas as letras em maiúsculas, exceto os A's e os I's.

Raised on Little Light  - Maqicien [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora