Capítulo 06

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Este um pouco mais curto do que o habitual, mas acho que merecia um capítulo próprio.

Se eu escrever mais um capítulo essa semana vou postar de novo só para ficar legal :)

Estou no capítulo 10, então quero poder ficar um pouco à frente.

Boa leitura 💛


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Neil acordou com o familiar coração disparado em seu peito, suando uma piscina no mergulho de sua espinha. O medo percorreu seu corpo até que sua respiração ficou mais fácil em seus pulmões. Seu rosto pressionava dolorosamente o travesseiro firme e quente, as pálpebras pesadas, apesar da incapacidade de dormir.

Neil estava acostumado com os pesadelos - pesadelos que o arrastavam para o fundo das memórias de uma infância que ainda segurava uma faca em sua garganta. Neil tentou suprimir a imagem do sorriso ensanguentado de seu pai, o carro em chamas, o corpo de sua mãe uma sombra contra as chamas.

Abriu os olhos para dissipar as imagens, por mais brutais e incoerentes que fossem. O relógio em cima de sua mesinha de cabeceira piscava a hora em um amarelo suave, 10:00 a.m. dizia. Ele não se lembrava da última vez que havia dormido nos últimos oito.

Ele forçou seu corpo a se mover, rolando por baixo do calor sob as cobertas e no ar gelado da manhã.

A casa era estranhamente silenciosa para os números que a ocupavam, o silêncio rastejando por suas bordas ameaçadoramente. Neil se perguntou se a tranquilidade era uma coisa boa ou ruim - quando se tratava das raposas, você nunca sabia.

Neil saiu de seu quarto, com os pés silenciosos e cuidadosos nas tábuas do chão crepitantes. Enfiou as mangas da camisola contra as palmas das mãos e desceu as escadas.

Andrew era um guarda silencioso e letal ao lado de Kevin, em vigília contra ameaças desconhecidas. Neil parou no topo do pouso e apenas assistiu.

André observou Kevin com um olhar indecifrável em seu rosto. Neil não podia ter certeza se estava debatendo a ameaça que representava para si mesmo ou para os outros. A única coisa que ele tinha certeza era que Andrew não se importava com Kevin, não se importava com o que acontecia com ele, desde que isso não afetasse sua família.

Neil sentiu a dor familiar em seu peito em compreensão. Ele queria poder piscar para longe de Kevin, ou voltar para ontem, quando seu maior medo era seu pai ficar bravo com ele.

Neil desceu as escadas um degrau de cada vez, com a mão deslizando contra o corrimão, olhos firmes na forma imóvel de Andrew. Andrew não se moveu ou tirou os olhos de Kevin, mas Neil sabia que estava ciente de sua presença.

Neil ficou no fundo da escada por um momento enervante, com um peso pesado e sólido em seu peito.

A voz de André era áspera, dura e calma contra o silêncio da madrugada. "Ele vai derrubar o inferno sobre nós", disse, com o olhar inabalável.

Quando ele finalmente encontrou os olhos de Neil, sua raiva era uma coisa palpável e tangível. Neil queria se afastar disso, mas em vez disso, ele ignorou a angústia familiar do medo em seu intestino e deu um passo em direção a Andrew.

"Sim", respondeu Neil. "Os Ravens vão garantir que você pague por isso. Riko não vai deixar isso passar."

Os olhos de Andrew seguravam os de Neil, piscando de incerteza, fazendo um milhão de perguntas que Neil ainda não sabia responder.

"Você o conhece", disse Andrew - não uma pergunta, mas uma declaração, um fato.

Neil sentiu o formigamento familiar do medo se insinuar em sua espinha e, com duas mãos, segurou sua garganta. Fechou os olhos e respirou fundo.

"Todo mundo conhece Kevin Day", ele simplesmente respondeu.

"Do que você está se escondendo?" André perguntou, inclinando a cabeça para o lado, olhos entediados nos de Neil. A força de seu olhar fez Neil desviar o olhar.

Quando a resposta de Neil não veio, Andrew mudou de tática. "Eu lhe darei uma verdade por uma verdade."

O sol era uma mancha na lateral do rosto de André, incendiando seus cabelos loiros brancos. Neil olhou para suas sardas, a cicatriz em cima de seu nariz e se perguntou quando ele começou a confiar em Andrew. Foi aquela primeira noite na corte, quando o mundo estava desmoronando sob os pés de Neil, ou a noite em que ele estava perdido, precisando desesperadamente de uma carona e Andrew tinha vindo atrás dele, ou foi quando Andrew estava com a mão na garganta de Neil e a língua na boca? Era uma pergunta para a qual ele não sabia a resposta, não sabia se havia mesmo uma resposta. Parecia que o acúmulo de momentos havia culminado nisso.

Confiança: era algo que Neil poderia dar a alguém?

"Não", disse Neil, com os olhos abatidos.

"Por quê?" André perguntou, dando um passo em direção a ele. Neil fechou os olhos, tentou fazer com que seu coração desacelerasse.

Neil olhou para o olhar penetrante de Andrew e disse: "Porque você vai me fazer perguntas para as quais eu não posso lhe dar as respostas".

André deu mais um passo em frente. Neil observava a aproximação lenta, os passos casuais com intenção.

Andrew não falou novamente até que seus dedos dos pés estavam quase tocando os de Neil, até que suas respirações foram compartilhadas. Neil não pôde evitar a expectativa que se acumulava em seu intestino, escaldante.

"Por que você não pode me dar as respostas, Neil?" André disse perto o suficiente da boca de Neil que as palavras se derramavam suavemente contra seus próprios lábios. A mão de André encontrou os cabelos e inclinou a cabeça para baixo. Eles ficaram assim, pressionados o suficiente para provocar.

Neil fechou os olhos, cílios esvoaçando contra a bochecha de Andrew. "Não quero colocá-lo em perigo."

Mesmo aquelas palavras pareciam demais, como se ele estivesse desnudando sua alma para André, deixando seu coração desprotegido.

André deu um passo para trás com uma careta no rosto.

Ele não chegou a fazer mais perguntas enquanto passos soavam pelo corredor. Neil se afastou de Andrew e rapidamente desapareceu na cozinha.

Ouviu o suave zumbido das vozes, baixo demais para entender, enquanto ligava a máquina de café. Ele ficou de costas para a porta e forçou as mãos a pararem de tremer.



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Obrigada a todos vocês que estão e vão acompanhar esses obra maravilhosa comigo!


Se divirtam e não esqueçam de comentar e Votar.

Não se esqueçam de seguir o original também ein


https://archiveofourown.org/works/49776925/chapters/125648236

Beijos e até a próxima!

Raised on Little Light  - Maqicien [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora