um

1.1K 53 126
                                    

Ayla

Segunda-feira, 9 de Outubro, Rio de Janeiro.

Às segundas vestimos preguiça, tomamos procrastinação e vivemos na enrolação, sai do elevador segurando minhas chaves junto do celular com a bolsa pendurada no meu braço, olhei a mesa da Filipa e lá estava ela digitando concentrada.

- Bom dia, senhora - parei na mesa dela, que ergueu o olhar para mim.

Filipa: Bom dia, chefinha - ela falou irônica, me fazendo franzir a testa enquanto cruzava os braços.

- Como é engraçada logo cedo numa segunda-feira - sorri falsa, fazendo ela rir.

Filipa: Já deixei os processos na sua mesa, o seu Wesley disse que tem algumas reuniões fora hoje e você está a frente do escritório - olhei no meu relógio e era só 08:10 da manhã com uma responsabilidade dessa para uma estagiária.

O escritório era de advocacia e meu tio padrinho Wesley era o dono e o advogado principal, aí tinha a Cláudia uma advogada amiga dele que era somente criminal, o Renan estagiário e eu estagiária.

- A que bacana supimpa estou feliz por saber disso, logo hoje que meus divertidamente estão todos só a tristeza - puxei o puff que ficava na frente da mesa da Filipa, que era nossa recepcionista.

Ela começou aqui assim que meu tio abriu mais esse escritório, e logo nos identificamos bastante nos tornamos grandes amigas, eu diria que melhores amigas, já que eu não tinha tantas amigas, quando somos novas achamos que temos vários amigos, mas a vida adulta nos mostra que não, temos colegas de balada, colegas de copo e amigos de vida, e de vida só tenho a Filipa, embora nos conhecemos só 2 anos, mas lealdade nunca teve haver com tempo.

Filipa: Tu saiu ontem? - ela falou voltando a digitar, enquanto eu soltava a bolsa no chão.

- Saí e foi uma merda velho, você acredita que o Guilherme me encontrou no barzinho da barra, inclusive você deveria ter ido, cheio de boyzinho delícia, e no fim ficamos, pagar motel? Não, ele foi pro meu apartamento - ela tirou os olhos do computador direcionando a mim.

Filipa: Eu não fui porque o pagamento é só semana que vem Ayla, e eu te falei que é um rolê eu sair do CDD pra vir pra cá, final de semana, mas de novo isso? Tu virou Airbnb e não sabe amiga - ela falou rindo mas negando com a cabeça.

- Mas se eu te chamei foi porque eu pagaria né linda, e tu ficava no meu apartamento, você já parou pra pensar que nunca foi no meu apartamento? Péssima amiga, mas voltando, cara não vou ficar mais com ele, porque sim ele só quer transar e ficar no meu apartamento, sai fora - neguei balançando o pé.

Filipa: Ele transa bem pelo menos? - ela era assim totalmente sem filtro, no começo eu estranhei por ser diferente de mim, mas hoje levava numa boa.

- Ah lipa ele faz o que tem que ser feito, tipo o arroz com feijão sabe? Nada extraordinário não - ela fez careta negando pra mim.

Filipa: Tu tem que pegar uns boy diferente amiga, fica só nesses playzinhos só fode fofo, e se beber é só duas e fica na saudade - dei risada do jeito dela falar.

- Tenho mais nem esperança de pegar uns boy diferente, a minha vivência só me dá essas opções, a não ser que eu coloque no Tinder boys que não sejam fode fofo - ri erguendo os ombros.

Filipa: Tu precisa pegar uns boy que te dê canseira, e depois aí sim uma foda fofa, mas tu só pega esses burguês, aí tu complica pra tu mermo, tu acha que eu sou gamada no Henrique porque? Ele faz não só o arroz e feijão, faz o banquete inteiro, inclusive tá vendo porque tô bem humorada? - semicerrei os olhos pra ela.

- Já dizia a Hermínia tu transar e eu não, isso não será bom para nossa amizade em Filipa, presta atenção ein, tá mais o Henrique te pega bem mais não quer nada com nada, e eu já te falei que acho um tremendo disperdicio uma mulher dessa, presa naquele garoto - ela passou a mão no rosto.

Filipa: Meu minha avó falou um monte pra mim, porque ele foi no meu portão depois de ficar um tempo no bar, minha avó disse que ele não quer ter nenhum progresso enquanto eu tô correndo pelo meu, mas é foda Ayla, eu gosto dele - ela respirou fundo.

- Tá sentimento é sentimento, mas tua avó não tá errada não, tu é fiel a ficante e ele é fiel a tu? - levantei do puff vendo ela me encarar, enquanto respirava fundo.

Esse Henrique era um boy do morro que ela morava que a fazia de boba, mas quem disse que a gata saía dessa, mas sentimento é difícil, mas ela era fiel a ele e ele era fiel a todas.

Filipa: Lá vai eu ficar pensando nisso, que isso em Ayla, tirou meu brilho todo cruzes, bruxa - ela começou a mexer no computador.

- Eu só não quero você triste e chorando por esse menino amiga, e tu tem um futuro lindo e ele não sabe o que quer, isso que não dá - mexi nas chaves que estavam na minha mão.

Filipa: Tu tá certa, mas não pega mais esse boy que nem te pegar o bicho faz direito - ri balançando a cabeça.

- Prometo sem dúvida, ainda deixou louça suja na pia, nem pra colocar na lava louça serviu, sai fora - neguei.

Filipa: Broxa - ela xingou, me fazendo rir - Ah e o Clóvis da limpeza pediu demissão, estamos sem faxineiro e aí? - ela me olhou, me fazendo coçar a cabeça com a chave.

- Tem alguém pra indicar? - fiz careta - Porque se não vou ter que jogar no site, e vou ter que fazer mil entrevistas, ajuda eu - fiz bico.

Filipa: Eu acho que tenho meu primo que está procurando emprego, posso chamar ele, e tu faz a entrevista - balancei a cabeça.

- Por mim perfeito, mas tem que ser comprometido com o serviço amiga, aí nele você já pode aumentar o salário, que se eu não me engano já teve reajuste, manda mensagem antes do meu tio pensar por favor - pisquei pra ela, caminhando para minha sala.

Filipa: Mando mensagem pra ele agora, eu trouxe marmita vai sair pra almoçar que horas? - coloquei a chave na porta pensando.

- Provavelmente por volta das 13 horas amiga, eu peço algo e a gente almoça juntas, vou trabalhar beijo - adentrei minha sala vendo os mil processos que meu tio havia passado pra mim na sexta-feira que eu não tinha terminado, tristeza.

Passei a manhã analisando processo por processo, embora eu gostasse muito da minha futura profissão, as vezes minha cabeça doía de tanto ler, e anoite ler novamente na faculdade, as pessoas dizem você tem tudo na mão, e realmente eu tenho, mas meu padrinho sempre me disse que eu precisava ganhar meu espaço, e eu guardo comigo até hoje isso.

Ele é minha visão de pai, já que meu pai não reconheceu a paternidade e minha mãe nunca quis abrir a mim quem era, e sinceramente nem tive curiosidade de saber quem é, meu padrinho sempre fez tudo por mim.

Nosso Entardecer Onde histórias criam vida. Descubra agora