dezesseis

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Ayla

Segurei o quadro da sala do Renan e sorri vendo a nossa foto de 10 anos atrás, assim que nos envolvemos, até porque conhecer a gente se conhece quase desde pequenos, a mãe dele trabalhou na minha casa dos meus cinco anos até meus dezesseis anos, e foi assim que a gente se envolveu, tivemos um relacionamento mas logo ele entrou nessa vida, mas o Renan antes de todas as coisas foi meu melhor amigo, esteve comigo em todos os momentos, e o sentimento nunca acabou, mas a gente demorou pra entender que essa relação nunca poderia existir, nossos mundos são distintos, e a gente até tentou por um longo tempo, mas a gente ia se ferir demais e a gente se feriu demais no caso, mas de todas pessoas no mundo o Renan era a número 1 sempre, ele era meu porto seguro sempre.

A maturidade fez a diferença e a gente passou a entender que ele ia ter outras meninas e eu outros caras, mas nunca ia se abandonar, embora eu nunca tenha ouvido algo dele com mulheres eu não sou idiota, enquanto ele sabe de todos até RG se duvidar.

Ele sempre deixou claro, eu não posso te fazer feliz então vou apoiar quem pode, isso doeu ouvir.

— Quer comer ? — ele falou com sua voz aparecendo atrás de mim.

— Vai fazer um lanchão igual da tia pra mim? — falei virando e vendo ele de bermuda preta sem camisa e a borda da cueca preta aparecendo.

— Vou babona, vai tomar banho, tem toalha no meu quarto — ele falou passando me dando visão com a tatuagem que era meus olhos nas costas dele.

Subi para o segundo andar e a casa era literalmente aconchegante, bem confortável e extremamente limpa, o cheirinho de limpeza exalava no ar, entrei na última porta do corredor que deduzi ser o quarto dele, e era mesmo, tinha uma cueca e uma camisa na cama, me fazendo sorrir.

Tomei um banho longo e vesti a roupa que ele tinha deixado lá, as vezes o silêncio pairava na minha vida quando eu estava com o Renan, mas na mesma proporção que a barulheira faria se alguém soubesse.

Desci e o observei falando no celular expressão séria, voz grossa e de poucos amigos.

— Não quero saber, o aviso foi dado a dois dias atrás, não pagou morreu simples, sei nem porque tá me ligando, se demorar mais eu vou passar você, falou — ele falava sério e assim que desligou me olhou parada na escada.

— Vem comer — ele falou me olhando.

— É diferente ver você sendo chefe e não meu menino — falei descendo e indo até ele que tava parado me olhando.

— Eu sigo sendo seu menino, como eu te disse, mas lá fora eles conhecem o Freire não o Renan, na real nem meu nome eles sabem ao certo — ele falou colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

— Eu gosto de ser a única que sabe seu nome sabia? Eu lembro como a tia amava seu nome e enchia a boca em falar meu Renanzinho — sorri falando.

— Ela era apaixonadona pelo meu nome, saudade do caralho dela sabia? Hoje ela ia ter um conforto do caralho — ele falou fazendo eu abraçar a cintura dele.

— E você não estaria nessa vida né? Seria tudo realmente diferente — sorri de lado.

— Estava escrito você sabe disso, mais do que ninguém sabe disso, esquece isso, você veio aqui pra ficar bem né? — ele falou beijando minha cabeça.

— Já mandou mensagem pro garoto lá? — ele falou me cheirando fazendo eu sorrir de leve.

— Não, e nem vou mandar — falei fazendo ele me encarar.

— Toda errada pô, abre o celular aí e manda deixa de frescura, tá querendo ele que tô ligado — ele falou com o semblante fechado.

— Nesse momento eu tô querendo comer — falei rindo.

— Pensei que ia falar me beijar, caralho Ayla — ele falou gargalhando.

— Ih sai fora Renan — falei mentindo, ele tinha um poder sobre mim infalível mas ele controlava porque era um combinado nosso.

Peguei o lanche e começamos a comer, e éramos isso, brincadeira, risada, amizade, peguei meu celular e assim que entrei no WhatsApp o status da Filipa tava lá "Kayque, Amanda e ela" na laje e os dois meio que abraçados.

— E você querendo que eu mandasse mensagem — joguei o celular pra ele ver.

— Ayla você tá aqui não tá? Deixa de coisa namoral — ele falou me fazendo jogar a cabeça pra trás.

Peguei o celular pra mandar mensagem e vi subir outro status da Filipa e estava escrito "nós" e a Amanda e o Kayque meio que dando um selinho.

— Sinceramente eu tô aqui mais não fiquei com você, sabe quanto tempo eu não fico com você? Dois anos Renan, e por mais que eu tivesse desejo, saudade e tesão por você, eu nunca ia brincar com alguém — falei sentindo a garganta fechar.

— Cachinho vem cá — ele falou me puxando pela mão, me fazendo sentar no seu colo.

— A gente não fica junto por tudo que sabemos, não compara a gente, é difícil pra caralho pra mim, você é a única que eu tenho nessa vida e sempre vou ter, mas a gente é diferente — ele falou fazendo as lágrimas descerem.

— Tudo de novo Renan, eu não aguento isso — falei sentindo o rosto dele no meu pescoço.

— Esquece tudo por agora, deixa eu cuidar de você, como eu fazia antes... — ele falou sussurrando no meu ouvido.

— Cuida Renan — falei deitando a cabeça no ombro dele e sentindo seus dedos nas minhas costas.

Era um envolvimento diferente entre eu e o Renan, era algo inexplicável, não precisava ter beijo, era conexão.

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