Arrependimentos

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Era a segunda vez que eles tentavam se despedir naquela noite. Porém, assim que Flávia tocava na maçaneta da porta, algum dos dois acabavam se esbarrando e dando início a um beijo inocente.

Inocente, talvez, não fosse o melhor termo a se usar uma vez que nada do que acontecia entre eles pudesse ser considerado de tal forma. Contudo, o que se iniciava calmo e singelo, ganhava uma intensidade que eles eram obrigados a não fazer desfeita daquela chama entre os dois.

Naquela segunda vez, Guilherme tinha Flávia contra a parede do hall de entrada, logo ao lado da porta, e eles se beijavam realmente como se aquele fosse o último beijo dos dois. Exatamente como ele havia previsto, a mulher tinha o tamanho perfeito para abraçar sua cintura com as pernas e ele precisava se concentrar para que não voltasse atrás do que havia decidido. Guilherme  sabia que Flávia estava magoada demais com o marido e que se eles acabassem com as barreiras entre suas intimidades, as chances da mulher se arrepender e correr para longe dele eram imensas.

Não que o que eles fizeram naquela noite não fosse caracterizado como traição ou que não pudesse ser considerado como uma relação sexual. Ambos já eram bem grandinhos para saberem que aquilo havia sim sido sexo, porém, eles sabiam também que, no instante em que seus corpos se unissem nus e tremessem juntos de prazer, um limite seria ultrapassado e nenhum dos dois teria como voltar atrás.

E, bem, apesar de Guilherme não querer que esta barreira voltasse, ele queria que Flávia sim voltasse, queria que ela voltasse muito para ele, mas queria também que ela voltasse leve, sem carregar o peso da culpa. Ele nunca havia tido qualquer tipo de relação com mulheres comprometidas, mas Flávia não era qualquer mulher para ele e não merecia tê-lo como um fardo para carregar.

– Gui... – ela sussurrou ofegante, encostando a cabeça contra a parede enquanto ele beijava seu pescoço, onde havia descoberto ser um local muitíssimo sensível para ela. – Guilherme, eu preciso falar algo...

– Fale, carinho. Minha boca está longe da sua... – ele respondeu, arrastando o lábio inferior até a região abaixo de sua orelha, chupando demoradamente o lóbulo dela.

– Eu não consigo assim... hmm... isso é bom... – ela suspirou fundo ao sentir os dentes dele deslizando pelo lugar. – Ei, me diga que você não deixou uma marca aí!

– Hum... Eu não deixei uma marca aqui! – ele respondeu de imediato, um tanto desajeitado.

– Por favor, não brinque comigo assim. Marcelo pode ver!

– Está tudo bem, eu não sou ciumento! – ele provocou dando de ombros.

– Guilherme!

– Estou brincando, eu não deixei uma marca aqui. Prometo! – o homem garantiu, dando um último beijo nos lábios dela e fazendo uma carícia singela no seu nariz com a dele. – Você queria falar alguma coisa, sim?

– Sim... – Flávia suspirou fundo. – Eu não quero que você ache que eu estou fazendo isso para me vingar de Marcelo. Ou que estou usando você. Sei que pode parecer já que vocês dois, por algum motivo que eu desconheço, se detestam.

– Vamos fazer um combinado? – Guilherme  sugeriu após alguns segundos ponderando. Flávia sempre fora sincera e bastante aberta quanto aos seus sentimentos e isso já era possível de ser percebido mesmo com aquelas poucas interações mais íntima entre eles. – A partir de agora nós vamos agir como se eu não fosse meio irmão de Marcelo. Nós vamos agir como se não fôssemos meio cunhados. Nós vamos agir como se tivéssemos nos conhecido na casa de Vanda e algo tão intenso surgiu naquele momento que nós não conseguimos evitar a atração. Como isso lhe soa?

– Melhor, muito melhor! – a mulher assentiu, relaxando seu corpo contra o dele.

– Ótimo! Porque eu também não quero que você pense que estou fazendo isso para atingir o engomadinho do Marcelo... – Guilherme  também confessou, roubando mais um beijo da mulher.

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