Perfeição

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Um clima fúnebre havia tomado conta da casa do condomínio de alto padrão no Leblon e, enquanto isso, há quase cinco mil quilômetros de distância, em um apartamento no Chelsea, na agitada ilha de Manhattan, Guilherme observava as fotos que havia tirado de Flávia na noite de segunda-feira ao mesmo tempo em que segurava uma Heineken gelada com a outra mão. Ele estava exausto pela correria de seu dia mas, principalmente, pelos seus pensamentos repletos de Flávia.

O rapaz sempre fora muito prático e racional quando tratava-se das mulheres com quem se relacionava, nunca havia se sentido daquela maneira e nunca havia estado tão envolvido com alguém antes, e apenas isso já era suficiente para deixá-lo inquieto. Em sua mente, imagens da mulher misturavam-se com a conversa que havia tido com a sua mãe e lhe torturavam com um conflito moral... Porra, ele não sabia o que deveria fazer. Ou melhor, ele sabia sim, mas não queria fazer o que era certo.

Ele queria aquela mulher com todas as fibras do seu corpo, independente do que pudesse vir em consequência. Talvez fosse a sensação do proibido, o desejo de ter o que não podia... a sensação de êxtase em estar privando da mulher que sempre desejou. Mas não importava qual fosse o motivo, o fato era que Guilherme sentia urgência por Flávia e certamente não seria uma promessa feita para sua mãe, em um pico de consciência que o faria mudar.

– Seja o que for que você está encarando aí por horas nesse celular, eu quero ver também! – brincou Soares, amigo de longa data de Guilherme e dono do apartamento onde estava. O homem era psiquiatra assim como ele e os dois aproximaram-se durante o internato e desde então mantinham uma relação de irmãos. Ao saber que Guilherme estava a caminho de Nova Iorque, para o Congresso, ele não hesitou em convidá-lo a hospedar-se em seu loft.

– Nos seus sonhos! – Guilherme respondeu descontraído, bloqueando prontamente a tela do celular. As fotos tiradas de Flávia haviam sido colocadas seguramente em uma pasta que exigia senha e, mesmo que desbloqueasse o aparelho, o código de segurança seria exigido. – É... É apenas complicado.

– Hmm, porque mulheres complicadas são infinitamente mais gostosas? – Soares continuou, sentando-se na poltrona em frente ao amigo, dando um longo gole em sua cerveja. – Mas me diga, o que está havendo?

– Não, não é nada demais. Não irá acontecer Soares, é isso. Apenas não. – Guilherme decidiu, soltando um suspiro fundo e, por ora, aliviado.

Ele não sabia quanto tempo aquela decisão duraria e qual era o nível de convicção daquela declaração mas, naquele momento, ele estava precisando sentir-se no controle novamente e por ora aquilo havia bastado.

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