Desejo

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– Flávia Terrare Santana! – ele exclamou com aquela voz rouca e gostosa. Apesar de ser casada, Flávia havia optado estrategicamente por não mudar seus sobrenomes, o que obviamente causou certo estresse na família de seu marido. Pereira.

Santana era um sobrenome de peso ao que tange a área da saúde e saúde mental, seu pai era um grande neurocirurgião e seus avós paternos eram psiquiatras incríveis. Já o Terrare havia vindo de sua mãe, uma das maiores empresárias do Brasil ao que tange o mercado de cosméticos. Os dois nomes juntos lhe davam o reconhecimento e prestígio que ela tanto queria e merecia. Flávia sempre soubera que iria seguir o ramo da psicologia e se esforçava o triplo para poder honrar o nome de sua família.

– Guilherme Monteiro Bragança! – ela sorriu abertamente, apoiando-se na soleira da saída para a parte externa da casa. – Não esperava vê-lo por aqui!

Guilherme Monteiro Bragança. Como era bom poder falar o nome dele e não ter nenhuma ligação com o sobrenome do marido. Apesar de serem filhos do mesmo pai, a mãe de Guilherme não havia registrado o menino com o nome de seu progenitor. E ele não escondia o orgulho que sentia por carregar consigo apenas o sobrenome da única pessoa que realmente se importava com ele.

– Confesso que nem eu esperava encontrá-la hoje! – ele admitiu com um sorriso, encarando-a da cabeça aos pés por longos segundos. – Nunca a vejo nas festas da Vanda!

Ela estava linda, mas isso não era novidade para ele. Flávia era um poço de elegância e sensualidade, tinha um corpo esguio e definido coberto com uma pele macia e levemente bronzeada. Os olhos castanhos eram grandes e expressivos, quase que hipnóticos, e tinha cabelos lisos na altura dos ombros com uma franjinha que deixava seus traços ainda mais delicados.

Naquela noite ela usava uma calça jeans branca que abraçava perfeitamente suas curvas e um cropped preto de alças largas, um tanto folgado ao corpo, sua cintura e abdômen estavam a mostra e atraiam a atenção das pessoas ao redor. Tudo nela chamava atenção; seu corpo, sua roupa, os cabelos, olhos, maquiagem, as joias que usava. O fato de ela não ter nenhum tipo de aliança em seus dedos.

–Pois então... decidi sair um pouco da toca e ver o que existe no lado de cá.

– O lado de cá tipo na vida real? Fora da sua casa Branca? – ele provocou, lhe dando uma piscadela.

– Sim, exatamente! – ela riu, encolhendo os ombros. Flávia tinha uma fama de patricinha que precisou aprender a lidar e ignorar. Normalmente ela se irritava quando qualquer pessoa trazia aquele assunto à tona, porém, por algum motivo Guilherme não era qualquer pessoa para ela. – Me disseram que existe um mundo por aqui e eu fiquei curiosa... sabe como é, como ocorreu no Mito da Caverna e tudo mais.

– Ah! O mundo deste lado é horrível, tenho certeza de que você vai adorar! – Guilherme brincou com uma gargalhada gostosa, tombando a cabeça levemente para trás. Atraindo a atenção de Flávia para seu pescoço que parecia bastante cheiroso e convidativo com aquele pomo de Adão. – Está aqui sozinha ou o mala do meu meio irmão veio junto?

– Não, estou sozinha mesmo. Marcelo está... – Flávia tentou parecer convicta do que falava, mas sua voz acabou hesitando no meio da frase. – Bem, eu não sei onde ele está, mas certamente não é aqui.

– Oh... Confesso que fico feliz em saber disso! – ele assumiu sem o mínimo de vergonha. – Precisava perguntar antes que ele aparecesse aqui para demarcar território. Sabe como é.

Flávia pensou que, se Marcelo estivesse ali, certamente ele não deixaria o seu lado. Ele costumava ser bastante protetor quando se tratava da esposa e certamente também não teria conseguido tirar suas mãos dela quando Flávia estava tão gostosa, atraindo os olhares de todos na festa.

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