Capítulo 2 - Decisão

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– Tia, tia, fala comigo. – Astrid encarou Valka que estava parada fitando um ponto qualquer. – Por favor, tia, fala alguma coisa.

Valka continuava imóvel, sem esboçar reação nenhuma.

– Eu sabia, sabia que não devia ter contado nada. Tia, a senhora precisa reagir, se a senhora continuar assim, vou precisar chamar os outros, eles vão me perguntar o que houve e eu vou ter que contar, e só para constar, eu não posso contar para os outros, então por favor, tia, fala alguma coisa – Astrid disse aflita.

Ela segurou Valka pelos ombros e a balançou.

Devagar, Valka virou a cabeça, olhando para a sobrinha.

– O que você disse? Você disse que o Soluço está vivo?

– Sim, eu disse, mas já estou me arrependendo. – Astrid suspirou.

– Astrid, me explica essa história direito.

– Vou explicar, mas por favor, me escuta com calma, ta bom?

– Ta, mas me fala logo. – Valka a olhou ansiosa.

– Certo, sabe o acidente há treze anos no qual todos pensamos que o Soluço havia morrido? – Perguntou e Valka assentiu. – Então.., os dragões não devoraram o Soluço como havíamos pensado.

– Não?

– Não. O Soluço foi levado para uma ilha.

– Quem levou ele?

– Eu não posso falar, mas ele foi levado para essa ilha e ficou..

– Que ilha é essa? – Valka a interrompeu.

– Eu não posso falar, mas é uma ilha muito boa e o pessoal de lá o trataram muito bem.

– Onde fica essa ilha e que povo é esse?

– Eu também não posso falar. – Astrid sorriu sem graça.

– Astrid, sua explicação está muito vaga. – Valka a encarou.

– Eu sei, tia, eu sei, mas é porque tem coisas que eu não posso falar.

– Ta bom, então me diga o que você pode falar.

– Certo, eu vou falar, mas não me interrompa, por favor.

– Ta, vou tentar.

– Depois que o navio naufragou, o Soluço foi levado para uma ilha.

– Ele se machucou no naufrágio? – Valka perguntou apreensiva. – Sei que eu falei que não ia interromper, mas eu preciso saber.

– Não foi nada grave, mas o Soluço ficou dois meses inconsciente e quando acordou, estava sem memória.

– Sem memória? – Valka arregalou os olhos.

– Sim.

– Tadinho do meu menino. Estava sozinho numa ilha estranha, sem se lembrar de nada. – Valka falou chorosa.

– Ele foi tratado bem, tia, uma família o acolheu, não se preocupe. – Astrid segurou as mãos de Valka que assentiu.

– Ele ainda está sem memória? – Valka a olhou aflita.

– Não, ele ficou apenas um ano sem memória.

– Mas..

– Sei o que está pensando. Por que ele não voltou? Por que ele deixou a gente acreditar que ele estava morto por treze anos? Eu entendo, tia, eu também fiquei com muita raiva quando descobri, muita mesmo e é normal a senhora estar com raiva, mas acredite, ele teve um bom motivo para não voltar. Eu não posso dar detalhes, mas ele não teve culpa, tinha algo muito maior e mais forte por trás.

Dragões: a paz e o caosOnde histórias criam vida. Descubra agora