! você não deveria ter me subestimado.

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Cellbit estava enlouquecendo.

Desde que havia dado um selinho em Roier na enfermaria, não havia conseguido tirar aquele mexicano de sua cabeça. Foi um ato totalmente impulso e sem razão, afinal, ele sequer se sentia atraído por ele! Roier era uma pessoa irritante e insistente, que provavelmente só dava em cima de Cellbit por diversão.

E aquilo irritava o brasileiro.

Pretendia investigar mais sobre o misterioso diretor do qual Pac e Mike haviam falado no dia anterior. Antes, pretendia fazer aquilo com Roier, afinal, era uma missão não só dele, mas do mexicano também. Mas depois do acontecimento na enfermaria, ele estava muito hesitante em estar sozinho com Roier novamente.

Não faria mal investigar sozinho, depois passaria todas as informações para Roier.

Sabia que apenas procurar pelo diretor ou pedir para falar com ele, não daria em nada. Afinal, em Alcatraz, era assim que funcionava: ninguém ligava para os prisioneiros ou para o que eles estavam sentindo, ao menos que algum deles trouxesse problemas.

E era isso que Cellbit pretendia fazer: dar problemas.

Enquanto comia o café da manhã no refeitório, observou aos arredores atento a qualquer tipo de guarda perto de si ou perto de onde pretendia fazer seu show. Ao ver que nada serviria como empecilho para seu plano, largou sua bandeja e subiu em cima da mesa principal do refeitório, uma das únicas que estava vazia. Todos os demais detentos que conversavam, se viraram para ele, ficando em completo silêncio. ElQuackity, que comia em um canto mais isolado, observou aquela cena com interesse.

— Estou percebendo que muitos aqui voltaram a agir como se nada tivesse acontecido mesmo depois da minha volta. Escutei alguns rumores de que há alguém aqui se achando o fodão e assediando vários detentos. O que porra vocês tão pensando que isso aqui é?!  — gritou, exibindo um sorriso que só poderia ser descrito como insano. — Acho que precisarei mostrar uma lição para esse desgraçado, vocês não acham?

Os detentos bateram na mesa, gritando em concordância.

Cellbit sentia a adrenalina correr por suas veias, aquela sensação de estar no topo que sempre sentia de quando era Cell, estava de volta. Ele havia se esquecido do quão bom era. Pegou sua faca que estava escondida em sua roupa e a apontou para cima, procurando por Jackson entre os detentos.

— Jackson, suba aqui em cima! — Cellbit gritou com ódio.

ElQuackity apenas riu, voltando a comer. Os outros detentos procuraram por Jackson entre eles, não achando.

— Ele não tá aqui, chefe! — um prisioneiro gritou, ao perceber que Jackson sequer havia ido até o refeitório naquele dia.

O brasileiro vacilou em sua expressão. Se Jackson não estava no refeitório, onde mais poderia estar?

Sua cela. A mesma cela que dividia com Roier.

Cellbit arregalou os olhos, saiu da mesa e antes que pudesse correr até a cela de Roier, sentiu dois guardas pegarem seus braços.

[🌾]

Roier andava em meio a um campo de amarantos rosas, o vento balançava seu cabelo por cortar e todas as flores ao seu redor. O sol estava se pondo, e o único som presente no ambiente era o vento e a cantoria de alguns animais e principalmente pássaros.

O mexicano se sentia em uma imensa paz, enquanto caminhava sem ter um destino específico. Logo chegou a um campo onde os amarantos eram menores, pequenos o suficiente para que ele pudesse deitar e contemplar o pôr do sol.

No entanto, já havia alguém ali. Roier sorriu, reconhecendo aquela silhueta.

Andou até Cellbit e se deitou ao seu lado, contemplando o céu rosa-amarelado. Nenhum dos dois falou uma palavra sequer, até que o brasileiro virou a cabeça, fitando Roier, que ainda observava o sol se pôr.

— Guapito…? — sussurrou, como se estivesse prestes a contar um segredo que deveria ficar apenas entre ele e Roier.

Roier se virou, fitando Cellbit. Seus olhos brilhavam, enquanto sua boca formava um pequeno mas sincero sorriso.

— Gatinho? — perguntou.

Quando Cellbit abriu a boca para falar, ouve-se um estridente e irritante barulho de algo batendo contra metal.

Roier abriu os olhos, encontrando o teto sujo de sua cela. Ao virar para o lado, percebeu que seu companheiro de cela, Jackson, não estava mais ali.

Resmungou coçando os olhos, pegando seus pertences de higiene e partindo em direção ao banheiro. Ao terminar suas necessidades e voltar para guardar sua bolsa, Jackson o esperava dentro da cela, encostado na parede enquanto fumava.

— Vão te pegar no flagra fumando. — Roier não se importou em dar uma segunda olhada no homem, apenas guardando suas coisas.

— Ah, não vão não. Me certifiquei de que não houvesse um guarda sequer aqui por perto. — assim, Jackson andou até a porta da cela e a fechou, com força o suficiente para fazer barulho.

Roier se virou, arqueando a sobrancelha.

— Cara, o que você quer? — bufou, já se sentindo irritado.

Jackson gargalhou, divertido, enquanto jogava a bituca do cigarro no chão e pisava em cima.

— Só quero me divertir um pouco com você, princesa. — avançou até Roier, agarrando seu quadril.

O mexicano apenas inclinou a cabeça e riu, agarrando fortemente os cabelos de Jackson.

— Ah, se eu fosse você tiraria essas mãos sujas de mim. — avisou.

Jackson conseguia ver o olhar de Roier brilhando vermelho. Suas íris sempre foram assim? Se perguntou.

O homem riu da ousadia de Roier.

— Então a princesinha sabe lutar, é? — em um ato rápido, Jackson pegou a mão de Roier e virou o mexicano, fazendo com que ele caísse de barriga na cama.

Jackson se aproximou de Roier, agarrando seus quadris; mas o mexicano foi mais rápido, aproveitou e chutou por trás a virilha de Jackson, fazendo com que o homem caísse de dor no chão. Tirou a faca que guardava dentro do travesseiro e foi até Jackson, puxando seu cabelo e apontando a faca para seu pescoço.

— Eu deveria te matar aqui e agora, vermes como você não merecem viver. — cuspiu no rosto de Jackson, que olhava com ódio para Roier. — Mas hoje eu tive um sonho muito bom e acordei inspirado, sabe?

Roier olhou atentamente para Jackson, e fez questão de abaixar seu olhar o mais lentamente possível até sua virilha que estava coberta por suas mãos. Jackson arregalou os olhos, e começou a gritar.

— Não, você é maluco! Não faça isso, por favor, eu imploro!

Seus gritos eram altos, e se não fosse pelo o que Jackson havia dito mais cedo, Roier ficaria preocupado com a chance de alguém escutá-lo.

Roier riu sadicamente.

— Eu só quero me divertir um pouco com você, princesa.

E então, os únicos sons que se fizeram presentes naquela cela foram os gritos agonizantes de Jackson.

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