! o pesadelo em sentir o que não deveria.

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Eram sete horas da manhã, e a situação em Alcatraz estava tão agitada como nunca esteve. Não só os detentos, mas também os policiais – tanto os veteranos, que já estavam naquele cargo há alguns anos, quanto os calouros que ouviram histórias e relatos – se sentiam ansiosos.

Depois que Cell escapou com sucesso da prisão, muita coisa em Alcatraz mudou. Muitos tentaram tomar seu lugar, sua influência e liderança, mas ninguém jamais conseguiu concluir a tarefa com sucesso. Os detentos não se sentiam livres mais para fazer o que quisessem, afinal, Cell não estaria ali para ajudá-los. Não conseguiam mais contatos com a vida fora daquelas grades, Cell não estava lá.

Cell era ao mesmo tempo um anjo e um demônio para todos naquele lugar.

E agora que o brasileiro estava de volta, tudo estava fadado a mudar novamente. Os detentos voltariam a ser ousados e a gangue mais perigosa dali, a Rayquaza, estaria de volta a ativa.

Ou, pelo menos, era o que todos pensavam.

Um fraco raio de sol brilhava dentro da cela – temporariamente vazia – de Cellbit, que acordou sentindo seu corpo inteiro doer. Não estava desacostumado a dormir em lugares desconfortáveis, todavia, as camas de Alcatraz poderiam ser consideradas um tipo de tortura. Para conseguir um colchão melhor provavelmente teria que fazer algumas coisinhas aqui e ali.

Não.

Cellbit instantaneamente se repreendeu pelo pensamento. Ele não voltaria a ser o que era. Ele não deixaria que o seu antigo eu o possuísse novamente.

Se sentou em sua cama, arrumando seu cabelo para deixá-lo menos bagunçado do que estava, quando de repente ouviu o som de um bastão batendo contra as grades das celas de todos os detentos. Típico.

Bufou e olhou para a grade de sua cela, que logo revelou outro policial por trás. Um policial que tinha um sorriso arrogante enquanto batia propositalmente com força exagerada na cela de Cellbit.

Policial esse que Cellbit conhecia muito bem.

Felps.

Então era dessa ajuda externa do qual Veríssimo estava falando antes. Isso era bom, Felps era uma pessoa boa e confiável. Ele e Roier estariam bem com ele ao seu lado.

Ao se lembrar de Roier, arregalou os olhos. Como o mexicano havia passado sua primeira noite em uma prisão? Provavelmente estaria assustado e com medo, afinal, Alcatraz não era pra qualquer um. Ainda mais alguém que nunca havia enfrentado a realidade por dentro de uma prisão de segurança máxima.

Cellbit prometeu para si mesmo que faria de tudo para proteger Roier daquele lugar e dos monstros que habitavam ali.

Recolheu seus pertences higiênicos e foi em direção ao banheiro, não se importando em olhar para qualquer pessoa que estivesse o encarando ou que sequer tentasse falar com ele. Por onde ele passava arrancava murmúrios das pessoas, muitas até se distanciando de onde o brasileiro passava. Ao chegar no banheiro, todos instantaneamente olharam para Cellbit.

— Cell, quanto tempo irmão! — uma pessoa careca e com uma orelha faltando falou animadamente, indo até Cellbit.

O brasileiro apenas encarou o homem desconhecido friamente, o que fez com que ele logo se distanciasse e todos parassem de encará-lo. Aquilo era o suficiente por enquanto.

Procurou por Roier dentro daquele lugar, mas teve a infelicidade de não encontrá-lo. Cellbit suspirou e logo rumou a fazer suas coisas o mais rápido possível, para que logo encontrasse o mexicano, que a esse ponto, provavelmente estava perdido sem ninguém para orientá-lo.

Ou pior, poderia ter encontrado alguma companhia indesejada.

Enquanto escovava os dentes, Cellbit repassou os momentos de ontem em sua cabeça. O roubo, e a cena do ocultista e Roier antes de serem presos. Qual era o nome dele mesmo?

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