Roier não sabia o que sentir em relação ao que estava acontecendo entre ele e Cellbit. Desde que o brasileiro havia voltado da sala do diretor, ele não havia trocado mais do que três palavras com Roier. A última e única vez em que haviam conversado foi no último dia deles em Alcatraz, quando ele contou ao mexicano e a outra dupla brasileira do que havia acontecido com ElQuackity e que precisavam sair de lá o quão antes.
Agora, de volta a sua vida normal – tanto quanto poderia ser, sendo um agente da Ordo – ele se viu um pouco perdido. Faziam três dias desde que eles haviam voltado de Alcatraz sem mais problemas, e desde então não haviam recebido nenhuma missão. Provavelmente, Mia estava preocupada com a sanidade deles e resolveu dá-los uma "mini-férias", quem sabe. O importante era que Cellbit havia sumido completamente a partir desse tempo; ninguém sabia dizer por onde o brasileiro andava.
Obviamente, não era da conta de Roier o que Cellbit fazia ou deixava de fazer, mas se ele dissesse que não estava preocupado com o brasileiro estaria mentindo. Tudo em Alcatraz aconteceu tão rápido e de maneira tão confusa que ele não teve nenhum tempo de processar o que estava acontecendo ele e o brasileiro, e agora que finalmente podia descansar sem se preocupar com detentos sádicos, se perguntava o que Cellbit sentia por si.
Roier duvidava de que eles fossem amigos, afinal, Cellbit poderia agir de forma afetuosa consigo, mas no final do dia, ele sempre o afastava de alguma forma. Mas então, o que fora aquele selinho na enfermaria, em um momento tão vulnerável entre os dois? Foi um impulso? Foi algo que não significou nada, um desejo passageiro?
Provavelmente.
Mordeu o lábio enquanto olhava para a série que passava em sua televisão, não absorvendo nada do que estava acontecendo ali; há muito tempo havia deixado de lado em prol de seus pensamentos sobre Cellbit.
Suspirou enquanto bagunçava seu cabelo, um hábito nervoso que havia adquirido. Pegou o controle remoto que estava ao seu lado e desligou a TV, se levantando do sofá. Não seria produtivo caso ficasse dentro de casa sozinho com seus pensamentos, precisava sair para tomar um pouco de ar fresco.
Pegou seu moletom do homem aranha e abriu a porta de sua casa, saindo na esperança de deixar todos os seus pensamentos sobre um certo brasileiro para trás.
[🌾]
— Você tá falando sério comigo? — Cellbit perguntou, incrédulo.
— Eu tô, mano! — Forever insistiu, cruzando os braços. — Agora que eu tô concorrendo à presidência, muitos querem estar na minha bunda para conseguirem algum tipo de vantagem. Ontem, recebi o convite 'pra essa festa, e te digo uma coisa: é só 'pra gente da classe mais alta!
Cellbit choramingou, cobrindo seu rosto com as mãos. Porque nada conseguia ser entregue de bandeja para si?
— E no convite 'tava até em negrito, obrigatório ir com acompanhante. — tomou um gole do refri que havia comprado na máquina de vendas automática. — Mas não sei porque você tá se preocupando com isso, Cellbo. Você é mo gatão, consegue arranjar um companheiro facinho! Principalmente agora que você transcendeu e tá com esse visual novo.
— Mas obviamente eu vou esconder ele, né, porra. E de qualquer forma, eu não quero ter que arranjar um acompanhante.
E o convite também, ele completou em seu pensamento.
— Então vai com alguém da Ordo, ué. — deu de ombros.
Cellbit estava a dois passos de sair correndo e gritando como um maníaco.
— Se bem que… — Forever parou por alguns instantes, rapidamente indo até a mesa desocupada ao lado de Cellbit e digitando furiosamente no computador.
— O que é? — perguntou confuso.
— Uma das anfitriãs da festa é a Melissa, que coincidentemente, é prima do Roier. — Forever colocou as duas mãos na cabeça, arregalando os olhos em realização. — Cara, isso é perfeito, dois coelhos em uma cajadada só! Chama o Roier pra ir contigo, que assim tu consegue o convite e o acompanhante ao mesmo tempo.
Antes que Cellbit pudesse contestar, como se fosse combinado, Roier apareceu saltitante na sala de pesquisa, olhos curiosos e surpresos ao ver Cellbit ali.
Bem, eles não haviam se visto desde que haviam voltado de Alcatraz.
— Vocês falaram meu nome, pendejos? — Roier brincou, se aproximando da dupla.
Cellbit arregalou os olhos, se virando para Forever e gesticulando furiosamente com ele para ficar quieto.
— Roier, na hora certinha cara! — exclamou animado, ignorando o amigo completamente desesperado ao seu lado. — O Cellbo tá precisando de um convite pra aquela festa que sua prima tá organizando. E de um acompanhante também.
Roier franziu a sobrancelha, um brilho de interesse em seu olhar.
— Precisa mesmo, é, Gatinho? — perguntou divertido, encarando Cellbit.
O brasileiro estava a um passo de sair correndo e gritando.
Pensando pelo lado realista da situação, uma chance como aquela não apareceria nunca mais. E ele precisava mais do que nunca estar naquela festa.
Com um suspiro derrotado, se virou para Roier.
— Preciso.
— Você tem sorte então, porque acabou de ganhar dois em um. — deu uma piscadela para Cellbit, que imediatamente corou da cabeça aos pés, o que não passou despercebido por Forever. — Mais tarde eu te mando mensagem para combinarmos direito.
E assim Roier saiu da mesma forma que entrou, saltitando alegremente. Cellbit se virou lenta e fatalmente na direção de Forever, que apenas riu e deu de ombros.
— Boa sorte, tigrão.
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partners. • guapoduo
FanfictionCellbit é um apenas um simples agente da Ordo Realitas que apenas quer desvendar seus enigmas e mistérios em paz. No entanto, Roier é um agente não tão simples da Ordo Realitas que realmente gosta de tirar um certo brasileiro do sério. Arte da capa...