Last Year

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Boa leitura rs

25 – Last Year

Neil Josten nunca pensou que toda a sua vida poderia ser resumida em oito segundos.

A contagem começou no segundo em que Riko Moriyama estava indo para o próprio ônibus e farejou o cheiro de Andrew no ar.

Nesse mesmo segundo, Matt viu a decisão se formando e a estratégia era básica, fácil e mortal. Riko sabia como ferir uma pessoa. Não era difícil com a força de um vampiro.

Mas Riko não queria apenas que Andrew morresse. Ele queria que ele se arrependesse. E ele sabia fazer um humano sentir dor.

Neil não estava presente, mas ele assistiu na mente de Matt, com um delay de quatro segundos, o som dos ossos de Andrew se quebrando. Ele mal conseguiu ver o que o atingiu.

Riko apenas aproveitou o lugar vazio, e correu, o empurrando violentamente contra o concreto.

A decisão de última hora, e a visão tardia aconteciam no mesmo minuto em que Neil se erguia de onde estava, com a cabeça rodando. Não deveria ser assim.

Ele deveria ter mais de oitenta anos pela frente com seu humano, eles deveriam viver uma vida juntos.

Ele sabia que deveria prezar por ser discreto, mas também sabia que levaria muito tempo se resolvesse descer pelas escadas. Não parou para pensar em nada – consequências, prudência, regras.

Ele simplesmente atravessou a janela, sem piscar ou se importar quando o vidro lhe atingiu, pulando da sacada. Ouvia os irmãos lhe chamando, e os choramingos de Matt ao assistir a cena aterradora.

Tudo o que ele pensava era Andrew, e em como a vida dos dois não poderia terminar daquela maneira. Neil não queria morrer agora.

A visão de Matt havia sido perfeita, no entanto. Nítida, como algo que não poderia ser revertido ou mudado. O corpo praticamente desfigurado, depois de apenas três movimentos. Riko achava divertido o seu poder sob a vida e a morte e como poderia ser o juiz e o carrasco.

Ele não estava interessado em torturar aquele humano. Apenas queria olhar em seus olhos depois de lhe ferir, para que soubesse quem havia lhe atingido. Esse era seu prazer.

É claro que ele também estava consciente de todos os outros vampiros naquele lugar. Ele observou o ruivo que estava com o loiro petulante, e o viu com mais cinco deles. Não iria puxar briga quando estava em menor quantidade, então se apressou em abandonar o corpo brigando pela vida atrás das árvores ao lado do estacionamento, após seis segundos de diversão.

Ele se moveu depressa para longe, começando a caminhar em velocidade normal apenas quando estava próximo do próprio ônibus e de seu time.

Ainda assim, Neil simplesmente conseguia ouvir os pensamentos dele. A satisfação em deixar aquele humano para morrer sozinho, engasgado com o próprio sangue e sem qualquer possibilidade de pedir ajuda.

Neil, nem por um segundo, pensou em ir atrás daquele homem. Apenas deixou ele se afastar, enquanto seus pés lhe empurravam na direção de seu humano, ouvindo a respiração engasgada e os arquejos.

Mas o que o golpeou mais forte e fez seu mundo girar... foi o cheiro. O cheiro de todo aquele sangue saindo de forma surpreendentemente rápida, enquanto arrastava os pés para perto. Não teve poder nenhum sobre aquele vampiro.

O cheiro daquele sangue não era prioridade. Neil entendia agora como Stuart simplesmente conseguia não se afetar por aquilo ao exercer a profissão. Era apenas... colocar o coração em ordem e definir o que realmente importava.

Canção da Morte || ANDREIL Onde histórias criam vida. Descubra agora