Boa noite!
Att de hoje dedicada para Blum!
Boa leitura!
7 – Clair de Lune
Neil havia decidido não ler o arquivo que Stuart conseguiu sobre Andrew. Não iria precisar chantageá-lo ou coisa do tipo. Achava isso uma coisa bárbara, e o remetia a uma pessoa que já não era.
Não queria romper a privacidade de alguém dessa maneira, nem usar detalhes da vida pessoal de alguém assim, mesmo que de início não acreditasse que haveria algo de sinceramente relevante na vida de um humano que valesse uma chantagem tão grande.
Todo esse cavalheirismo se dissolveu quando Andrew o empurrou do telhado, é claro. Neil sentiu tanta raiva do loiro psicótico, que foi a primeira coisa que fez, cheio de fúria, foi abrir a papelada, vendo a folha de rosto, e as informações que realmente lhe pegaram de surpresa.
Andrew ficou no sistema por anos. Foi colocado para adoção quando ainda era recém nascido. Viveu em lares temporários, e isso fez Neil sentir curiosidade, enquanto a raiva diminuia um pouquinho.
Aaron não pareceu se encaixar naquela narrativa, e Neil agradeceu a quem quer que tenha feito o arquivo, porque na folha seguinte tinham o restante das informações que envolviam familiares dele, e explicava um pouco daquela confusão estranha.
Aaron não foi para adoção. A mãe, Tilda Minyard, escolheu ficar com uma criança e dar a outra para o governo. Não entrou em contato com Andrew depois disso e ele viveu em lares institucionais até ter sete anos e o colocarem no primeiro lar temporário, de uma família. Ele ficou com os Spears por muitos anos. Havia uma mãe, um pai e um irmão.
Haviam algumas singelas fotos deles reunidos no que parecia ser um parque. A mulher tinha um sorriso aberto e as mãos pousadas sobre os ombros de Andrew. Ele era baixinho e os cabelos loiros estavam bagunçados na imagem, enquanto ele segurava um sorvete melequento na mão, e parecia emburrado por ter que olhar para a câmera, porque o sorriso dele era típico de uma criança que estava sendo forçada a tirar foto. Os olhos dele estavam no sorvete, e haviam gotas de chocolate nas roupas.
É, a raiva de Neil havia desaparecido por completo nessa altura. Andrew deveria ser uma criança completamente demoníaca. Estava bem ali, nos olhos dele.
A segunda foto era um retrato da família no Natal. Os dois adultos sorriam para foto, e havia um rapaz alto. Deveria ser o irmão. Ele estava ao lado de Andrew, um braço jogado sobre os ombros dele. Ele era um pouco maior agora, e olhava para a câmera, mas já era aquele vazio assombroso que usava de armadura. Havia um presente embrulhado sobre o colo dele, mas ele não o tocava, e não parecia animado. Só encarava inexpressivo e gélido.
Ele frequentemente fugia dessa família, no entanto. Foi pego várias vezes depredando lugares públicos, fazendo pichações e alguns pequenos delitos. Começou a fazer isso muito cedo, e todas as vezes acabava sendo pego. Era estranho. Andrew era inteligente demais, e Neil achou curioso ele se permitir ser flagrado em absolutamente todas as vezes.
Até que, aos doze, seu irmão lhe procurou. Um policial viu Aaron e o confundiu. Isso foi o que fez ele descobrir que tinha um gêmeo, porque era segredo mantido por sua mãe. Ninguém sabia da existência de Andrew até aquele momento.
Ele largou a família adotiva assim que pode, e se mudou para a casa de Aaron. Tudo ficou estranhamente quieto depois que abandonou a casa dos Spears. Ele estudava, e cumpria as penas escolhidas pelo juizado de menores diante das coisas que fora pego fazendo. Uma dessas era participar de um grupo de inclusão para orientação de jovens, que usava esportes para lhes guiar.
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Canção da Morte || ANDREIL
Fiksi PenggemarNeil Josten jamais deveria ter cedido; Quando percebeu que a pura existência de Andrew colocava a si, e sua família em risco, deveria ter sido maduro o suficiente para resolver aquilo da maneira mais simples. Era imortal, e a imortalidade deveria si...