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SANCHÉZ

Acordo com o barulho do despertador martelando minha mente. Segunda-feira, dia de ir boca fazer a contabilidade da semana anterior. Levanto da cama e me visto com um calção preto mermo e uma blusa do Flamengo.

Desço pro primeiro andar e vou até à cozinha, passo um café e faço um pão na chapa, mando tudo dentro e saio de casa indo boca principal.

Cumprimento os vapores que tavam lá, bato na porta da sala do GB e entro sem nem esperar resposta.

– Manda os malote mim. – peço fazendo graça.

– Veio trabalhar sem ser arrastada, que milagre. – Gabriel fala fazendo mais graça ainda.

– Até parece, sou responsável, se liga. – respondo ofendida.

– Aham. Vai tua sala vai, mete o pé.

Entro na minha sala e ligo o computador e o notebook, entro nas planilhas vendo se ouve alguma alteração, tem sempre que ta de olho não ser passada trás pô.

Dez minutos que já tava na sala verificando tudo chega um vapor com o dinheiro. Primeira coisa que faço é botar as notas contar.

Hoje além da contabilidade eu tinha que fechar pedido de carregamento. Resolvo tudo e já mando o dinheiro pro fornecedor. Essa semana eu ia fazer umas cobrança também.

Pego o caderno com os nomes dos caloteiro tudo, eram sete no total, ta até pouco gracas a Deus, tão andando com medo mermo.

Passo radin pros gerentes das boca tudo e passo os nomes de quem ta devendo e peço os endereços.

– Se eu ficar sabendo que alguém vendeu mais uma grama de droga pá esses vagabundos vai tomar logo um sacode – aviso pelo rádio.

tava na hora do almoço, piei casa da minha coroa, posso passar muito tempo longe dela não pô.

– E aí véia. – falo abraçando minha mãe pelo pescoço e dou um beijo na cabeça dela, a pouca altura dela comparada à minha facilitava.

– Véia é tua mãe. – ela responde brava.

Ala mulher doida se xingando.

– Senta a bunda na cadeira e espera o almoço, já ta quase pronto.

Observo ela mexer nas panelas e depois esfregar as mãos num pano.

– Vem servir menina. – ela manda depois de alguns minutos.

Pego um prato no armário e encho de comida, tava varada pô. Ela se serve também e se senta na cadeira à minha frente.

– Gabriel não veio comer de novo, esse menino...– ela fala brava novamente.

– Menino? Marmanjo daquele ta com quase trinta já mãe, eu que sou menina ainda.

– Você também já ta marmanjona velha garota, mas vocês sempre vão ser meus menininhos.

– Aí tambem não né pô. – falo e ela volta a comer, eu a observo – Qual foi que a senhora ta toda reluzente aí?

– Que isso menina, para de ser doida.

– Até sua pele ta brilhando mãe. Ta com namoradinho não né? – pergunto brava já só de pensar.

– Que namoradinho, Maitê?! Eu lá tenho idade pra ter namoradinho, quem me dera tivesse.

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