Este capítulo pode conter gatilhos!
MALU
– Acredito que daqui a duas semanas já estaremos aí! Não é uma ótima notícia, filha? – minha mãe diz do outro lado da linha.
Duas semanas.
Vão estar aqui em duas semanas.
– Filha? – minha mãe me chama e eu acabo soltando um murmúrio, então ela prossegue – Sua vó está tão ansiosa que já está botando tudo em caixas. – ela conta como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.
Eu estou paralisada, meus pés não se mexem enquanto tento assimilar a última notícia dada a mim.
– Maria? Me responde, ta aí? – ela insiste.
– Legal, mãe. – digo em tom baixo e movo o celular desligando a chamada.
Ainda estava paralisada no meio da minha sala, minha mente não cala um minuto sequer.
Pisco meus olhos quando ouço um barulho alto, olho para os meus pés e vejo o meu celular que acabei de deixar cair sem ao menos perceber.
Não estava contando com isso, com receber essa maravilhosa notícia em pleno sábado.
Caminho até minha cozinha e na prateleira de cima do armário alcanço a caixa de madeira. Pego as caixinhas, potes e cartelas que acho dentro dela e abro-os pegando os comprimidos sem saber o que são.
Vão servir.
Estava maluca quando disse que preferia sentir.
Nesse momento a última coisa que eu queria era sentir.
Abro a geladeira e pego a primeira garrafa d'água que vejo, jogo os comprimidos na boca e engulo junto à água.
Vejo na porta da geladeira, ainda aberta, uma garrafa de vodka.
Isso.
A pego e bebo um gole direto da garrafa. Sinto minha garganta queimar e meus olhos lacrimejarem ao serem espremidos.
Bebo outro gole.
Levo a garrafa comigo até a sala, me jogo no sofá e deixo a garrafa em cima da mesa de centro.
Minha cabeça descansa fisicamente na almofada macia.
" – Volte aqui Maria Luíza, não fuja de mim. – a senhora mais velha fala enquanto caminha atrás de mim.
Que merda.
De novo isso.
– Você fez aquele show todo atoa! Agora vou te dar um motivo. – ela grita.
Eu choro de desespero.
Tento fechar a porta do meu quarto mas ela é mais rápida, empurra a porta contra mim me machucando.
– Vem aqui garota, não faça hora com a minha cara! – ela agarra meu braço com força.
– Me solta! Por favor. – falo com dificuldade pelo choro.
– Te soltar? Sua vagabundinha de merda! Na segunda irão me chamar na sua escola por culpa sua. O que eu te disse sobre abrir a boca? – ela grita na minha cara e eu sinto a ardência no lado esquerdo do meu rosto.
Ela continua me prensando na parede enquanto eu tento segurar em seus braços para me soltar.
Mas eu sei que não conseguiria.

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MALU
Ficção AdolescenteMaria Luiza finalmente volta para o complexo onde cresceu após ter ido embora com sua mãe aos dez anos. Com isso ela relembra sua infância mas será que ela vai se lembrar "dela"? PLÁGIO É CRIME