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MALU

Entro em meu estúdio logo cedo, felizmente essa semana ta mais corrida. Observo meu estúdio com um sorriso no rosto, ver ele finalmente prontinho é tão bom. Duas das paredes foram pintadas em tons de verde e as outras duas continuaram brancas, a sala era grande então coube perfeitamente duas macas, uma que utilizo para tatuagem e outra para fazer perfuração, minha bancada planejada ficou perfeita e espaçosa, guardo todos meus utensílios e acima dela fica minha impressora e a autoclave.

Me certifiquei que houvesse uma parte para acompanhantes, então comprei o sofá verde aveludado que eu tanto queria. À frente dele coloquei um espelho enorme e em sua volta várias flores de decoração, fora os inúmeros quadros pela parede.

Solto a respiração e monto a bancada para a primeira cliente, enquanto a espero faço desenhos personalizados em meu tablet para aumentar meu portfólio.

A garota chega cinco minutos atrasada. A cumprimento e vejo o rostinho dela de adolescente.
Peço ela identidade e ela me mostra, ela tinha dezesseis anos.

– Minha mãe me deu permissão. – ela fala sorrindo.

– Posso ligar para ela? É o protocolo. – a garota me passa o número e eu ligo.

A mãe da menina atende apenas na terceira vez que ligo.

Oi, bom dia, é a mãe da Antonelly? – pergunto educada.

É sim, o que ela fez? – a mulher responde num tom não muito agradável.

Não, não. Meu nome é Maria Luíza, sou body piercer e sua filha está em meu estúdio, como ela é menor preciso saber se a senhora autoriza a perfuração. – explico com calma, até porquê não quero ferrar a coitada da menina né.

Ah ela pode fazer o que quiser. Deixa colocar. – a mulher fala e desliga.

Sinto pena da menina pelo descaso que a mulher tratou a situação.

– Pode se deitar, ela autorizou.

Coloco as luvas e faço todo o procedimento abrindo o que era esterilizado apenas quando precisava logo descartando para não contaminar nada.

Passo todas as instruções de cuidado e a garota sai feliz da vida com seu piercing no umbigo.

Meu próximo cliente é TH, veio tatuar as costas inteira.

Ta doendo? – pergunto após ele soltar um som.

– Claro né pô.

Aguenta, tu não é homem? – falo gastando ele.

– Vai porra sua pilantra.

A sessão dura duas horas, era o máximo que ele podia ficar aqui mas daqui a dois dias, na quinta, ele iria voltar.

– Acho que vai precisar de umas quatro sessões. – falo observando o desenho nas costas dele.

Ta que pariu, no quê que eu me meti meu senhor. – ele fala suspirando e eu dou risada.

O dia de hoje termina com apenas mais uma perfuração, na orelha dessa vez.

Organizo tudo querendo ir logo pra minha casa afim de um banho. Amanhã o estúdio vai estar fechado na parte da manhã, vão vir fazer a instalação do ar-condicionado, vai ser bom pra mim e melhor ainda para os clientes que têm que ficar horas em uma posição, ainda passando calor? Não dá pô.

Ainda estava na metade do dia, no caminho passo na tia Marta, já enjoei de comer apenas minha comida.

– Oi, tia, vê uma quentinha aí pra mim. – peço no balcão e a tia faz um gesto para seu marido que logo obedece indo até o fundo pegar. Dou uma risadinha dos dois.

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