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MALU

com uma carta para ser encaminhada ao psiquiatra. – falo assim que me sento no sofá.

– O que? Solta a bomba assim sem nem esperar eu me sentar. – Morgana diz se sentando na poltrona dela.

– Desculpa, preferi ser direta.

– O que aconteceu, Malu? – ela pergunta preocupada.

Batuco meus dedos no joelho e comprimo meus lábios antes de responder.

– Fui internada por superdosagem de remédios. – conto envergonhada.

Vejo a mulher loira arregalar os olhos por trás das lentes do óculos de armação preta.

– Está preparada para falar sobre?

– Não, mas preciso. Por isso adiantei a sessão.

– Quer me contar espontaneamente ou prefere que eu faça perguntas.

– Faça perguntas por favor, acho melhor.

– Ok... Em que dia foi?

– Fui internada na madrugada de ontem, mas tudo começou no sábado.

– Consegue me falar o motivo de ter tomado os remédios? – ela pergunta enquanto anota algo no bloco.

– Minha mãe e minha vó vão mesmo vir morar aqui... Surpresa! – falo em um falso entusiasmo chacoalhando as mãos ao dizer "surpresa".

– Sua primeira ação foi tomar os comprimidos?

– Não, eu dei uma surtada antes.

– O que você quer dizer com "uma surtada"? – ela faz mais uma pergunta.

– Crise de choro, raiva atacando, ansiedade batendo. Aí eu tomei os remédios só pra não sentir isso, eu não queria morrer. – afirmo.

– Tem total certeza disso?

– Tenho. Eu só queria dormir e não sentir nada. – falo batucando os dedos na minha perna.

– Você entende como é perigoso ter essa reação toda vez que algo que não é do seu controle acontece? – ela pergunta séria.

– Entendo. – murmuro e afasto meus olhos me sentindo envergonhada novamente.

– É minha obrigação ter a certeza de que você entende isso. É numa dessas que muita gente já tirou a própria vida sem ter vontade disso. – ela diz com calma e eu volto a olhar para ela.

Quase aconteceu comigo...

– Eu vou ter que ir ao psiquiatra mesmo não é?

– Vai. Sei que tem medo de ser medicada novamente, mas você precisa passar por ele. – ela diz e eu apenas concordo com a cabeça.

Fecho meus olhos e deito a nuca no encosto do sofá, continuo a batucar meus dedos e uma de minhas pernas se mexe freneticamente.

– Você não me deu detalhes da noite, não se sente bem com isso?

– É que não sei o que dizer. – digo ainda na mesma posição, sem a olhar.

– Quem te contou a notícia?

– Minha mãe.

– E o que você disse a ela?

– Nada, fiquei paralisada. Ela me chamou algumas vezes, eu apenas murmurei um "legal" e desliguei a chamada logo em seguida. – faço aspas com os dedos no ar.

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