MALUResolvi tirar o dia hoje de folga, até por que os caras foram lá no estúdio botar minha placa, que inclusive, está linda demais.
O dia está todo nublado, agora sim parece inverno. Pego meu celular e ligo para a Vic, maior vergonha de chamar ela no portão com esse tanto de mulher na rua.
– Oh amiga, me espera aí no portão, já tô chegando.
– Você parece bicho do mato Malu. – ela ri e eu desligo.
Em segundos eu vejo ela sair no portão e eu acelero o passo. Entro na casa dela e me direciono até o quarto.
– Amiga, pode tirar isso tudo fora. – falo olhando as unhas que sobraram na minha mão.
– Tirar o que? Tu arrancou tudo fora, esse fogo no cu. – ela fala brava.
– Foi sem querer, só saiu três. – dou um sorriso amarelo.
– Você vai querer tirar mesmo, amiga? – ela pergunta – Por que você não coloca outra e muda o formato?
– Ai, não sei. – levanto minhas mãos olhando as unhas – Pode ser, diminui elas por favor.
Ela começou a lixar minha unha com uma máquina esquisita que fez voar pó para todo lado, polícia entrar aqui vai achar que é a boca.
– E aí Malu, ontem tu sofreu? – ela pergunta.
– Como assim?
– Sentiu ressaca não? Porque eu senti viu! –
ela fala de um jeito engraçado e eu dou risada.– Até que não acredita? Só tava me sentindo cansada mesmo, aí fiquei o dia na cama, nunca fui de sentir muita ressaca. – comento.
– Sorte tua, eu sinto ressaca até com um gole de cerveja. – ela diz.
– Ontem fiquei colocando meu portfólio em dia. – conto – Nem precisei levantar.
– É difícil? Nunca vi essas coisas.
– Só é meio chatinho de botar tudo no portfólio, sabe? Mas a parte de desenhar eu adoro.
– Tu sempre gostou? – ela olha para mim.
– Sim! Desde criança eu desenhava em tudo.
– Quem me dera, não sei fazer nem boneco de palitinho. – solto uma risadinha com o jeito de falar dela – Já trabalhou hoje, amiga? – ela pergunta provavelmente por eu ter disponibilidade no turno da tarde, o que nunca acontece.
– Me dei folga hoje, tão colocando a placa do estúdio hoje, aí resolvi passar o dia fora. – conto.
– Sério?! Nossa vai ficar tão lindo, depois você manda foto lá no grupo. – ela diz e eu concordo – Tô doidinha já querendo abrir meu espaço.
– Melhor coisa que você faz.
– Esperar juntar uma grana e ter mais clientes fixas para poder alugar, imagina eu alugo e nos próximos meses não consigo pagar? Deus me livre! – ela diz.
– Tem que pensar nisso também, foram anos meus juntando todo o dinheiro, até porquê eu também tive que juntar muito né? Cidade nova, casa nova, os móveis da casa, o estúdio e tudo que tem dentro dele, os materiais, é muito dinheiro envolvido.
– Quem ta de fora e não sabe o que é trabalhar por dentro do próprio negócio acha que é fácil, mas nossa, é muito difícil.
– Demais, mas felizmente me considero numa fase boa, claro que preciso crescer mais pra bancar tudo que tenho vontade, mas pra esse pouco tempo trabalhando aqui eu considero meu reconhecimento legal. – penso e falo.

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MALU
Novela JuvenilMaria Luiza finalmente volta para o complexo onde cresceu após ter ido embora com sua mãe aos dez anos. Com isso ela relembra sua infância mas será que ela vai se lembrar "dela"? PLÁGIO É CRIME