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Saio do estúdio trancando a porta de vidro, desço às escadas indo para a rua. Já é mais que uma da tarde e eu varada de fome. Ia ir lá na tia Marta comprar uma quentinha.

O sol hoje tava estralando, um sol pra cada um. Subi a rua principal até o restaurante, cinco minutinhos já tava lá.

Entro e vejo uma mulher de cabelos loiros encostada no balcão. Óbvio que era ela.

Bufo.

– Oi, Maluzinha. – Seu Arnaldo me cumprimenta simpático. A mulher à frente dele vira para trás me olhando.

– Oi, seu Arnaldo. – me aproximo do balcão. A garota ao meu lado agora se vira para a frente.

Ela vai falar comigo não é?

Como se eu ligasse.

Quase reviro os olhos para mim mesma.

– Quero duas quentinhas. – peço.

– É pra já! – ele diz e vai para o fundo do restaurante indo buscar meu pedido. 

– Valeu por sábado. – Sanchéz se vira para mim e me agradece – Fui embora antes de você acordar porquê tenho certeza que já tinha te dado trabalho de mais. – ela da um sorriso mínimo, meio envergonhado.

– Tenho certeza que não foi nada perto do trabalho que já dei pra você. – também sorrio – Me conheço. – coloco as mãos nos bolsos traseiros da minha calça jeans.

– Tu da trabalho mermo, nunca vi. – ela nega com a cabeça e eu dou uma risadinha – Vamo da um pião hoje, pô, só eu e tu. – ela aponta para mim e para ela ao dizer.

– Hoje? – pergunto meio incerta e ela concorda com a cabeça – Hoje não posso, tô ocupada o dia todinho. – conto. Vejo Seu Arnaldo se aproximar com duas marmitas.

– A gente marca outro dia então. – ela da outro meio sorriso e eu concordo com a cabeça antes de sair.

Desço o morro doidinha pra chegar no estúdio. Eu tinha meia hora para almoçar. É nessas horas que a minha vontade era descer o morro dando estrela e cambalhota, com certeza seria mais rápido.

Abro a porta de vidro e entro sentindo o ar gelado em mim, até arrepiei.

Sento no meu sofá e como assistindo uma série pelo meu celular, é um vício. Me distraio pensando sobre o convite da Sanchéz, eu realmente ia estar ocupada hoje, o dia todo. Mas será que se não estivesse eu aceitaria sair com ela?

Óbvio que não.

Não tô doida de sair com ela.

Ou talvez eu iria sim.

Não, não, não. Não posso me aproximar dela, só posso estar ficando doida em pensar que aceitaria.

Doida eu tava mesmo quando dormi com ela, MAIS DE UMA VEZ!

Vou parar de pensar nisso, não deu pra eu ir e ela nunca mais vai me convidar mesmo.

Reparo na marmita vazia que eu havia comido sem ver, jogo a embalagem no lixo e pego minha escova de dentes na bolsa junto com a pasta e entro no banheiro do estúdio. Escovo meus dentes e lavo meu rosto.

Saio do banheiro e dou uma organizada no estúdio enquanto o cliente não chegava. Procuro meu moletom pelo lugar e o visto quando acho, o ar tava gelado demais e eu adorava.

Em dez minutos meu primeiro cliente da tarde chega para fazer uma tatuagem média na canela. Minha tarde se passa em duas tatuagens e seis colocações de piercing.

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