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Solto a mão da Armstrong assim que entramos no carro, permanecemos em silêncio durante a pequena viagem, eu estava levemente tímida por ter permanecido segurando a sua mão.

O carro para por fim à frente de um pequeno apartamento, mentalizo implorando que ele estivesse estacionado no local errado, o que não era a situação
Ele vira o corpo na nossa direção e me entrega uma pasta e chaves com o número 8A

— Eu não vou ficar aqui, pode ligar o carro e dar meia volta — digo com a voz séria

Ele volta o seu olhar para a direção ficando calado

— Sério? Não vai nem me responder? Armstrong, você viu isso? — Viro o meu rosto para encarar ela, mas a mesma já havia saído do carro

Bato levemente minha cabeça contra o banco e saio do carro, batendo a porta com força demonstrando toda a minha raiva

A Armstrong já estava retirando as malas do carro, volto a olhar para o motorista que permanecia parado

— Folgado — falo alto para que o mesmo escutasse

— Você poderia me ajudar, Sarocha — a Armstrong fala enquanto deixava uma mala na calçada e voltava pra pegar a outra

— Oh, estou aqui pra isso, esposa. — Falo dando um pequeno sorriso na direção dela e entrando no apartamento deixando ela sozinha ali

Aceno levemente para o porteiro que apenas diz "3° andar" e volta a assistir seu programa na pequena televisão
Olho à minha volta e havia apenas escadas, respiro fundo e começo a contar mentalmente

Vou subindo as escadas, após 3 min de subida, claro com pequenas pausas, chego ao meu andar
Ando lentamente pelos corredores repensando todos os meus pecados, alguém lá de cima estava me punindo.

Então avisto a porta com a plaquinha 8A, abro a porta com a chave
O apartamento era extremamente pequeno, sendo uma sala com área de jantar, uma cozinha, um quarto, um banheiro e uma varanda

Abro a porta de vidro da varanda e me aproximo da beirada olhando para baixo
— Não é suficiente para uma morte digna, talvez apenas uma perna quebrada — murmuro pra mim mesma

Volto a olhar o restante do ambiente, na sala havia uma pequena mesa com duas cadeiras, um sofá aparentemente novo e uma tv daquelas antigas que tinha um aparelho de dvds, por pequenos momentos, achava que aquilo já estava até extinto
Deixo a pasta que o motorista me entregou sobre o sofá

Vou então para a cozinha, que possuía apenas alguns balcões, pia, geladeira e o fogão
— Parece que somos pobres agora — continuo falando sozinha

Vejo o banheiro, que tinha apenas chuveiro, vaso e a pia
E era aquele tipo de chuveiro que possuía apenas duas temperaturas, sendo extremamente quente ou extremamente gelado

E então entro no último cômodo, sendo o quarto, tinha apenas uma cama de casal e um guarda roupa que ocupava boa parte da parede

Volto para a sala agora observando a Armstrong entrar pela porta arrastando uma das malas
— Você é uma pessoa horrível, Sarocha — ela fala lentamente enquanto recuperava o seu fôlego

— Eu abri a porta pra você e isso foi de grande ajuda, esposa — vejo que ela estava apenas com uma mala — Cadê as minhas coisas?

— Tá lá em baixo — ela dá de ombros e se joga contra o sofá

— Você deixou minha mala na rua ?

— Obvio que não, Sarocha — ela dá um sorriso presunçoso — Eu deixei ela na calçada

Saio correndo descendo as escadas, amaldiçoando todas as gerações de Armstrong's
E ali sobre a calçada estava a minha mala, por sorte ninguém havia furtado.

Pego ela e volto para o apartamento
Levo mais de 10 minutos para chegar em "casa", estava totalmente suada e exausta, tinha sido uma subida difícil já que a mala estava extremamente pesada.

Fecho a porta assim que adentro o local, dali era possível ouvir o som do chuveiro e a voz da Armstrong enquanto ela cantava alguma música

— Eu passando sufoco e você aqui — falo baixinho enquanto me aproximava do banheiro — Isso é guerra, Armstrong, guerra.

Passo a mão pela maçaneta do banheiro apenas para perceber que a porta estava destrancada, abro a mesma lentamente e observo o vapor saindo do box enquanto ela permanecia entretida na sua música
Ando até o vaso e puxo a descarga fazendo com que a água do chuveiro saísse fria
Ouço o grito fino da Armstrong e logo ela pula pra fora do box agora notando a minha presença

Fico um tempo encarando o corpo dela na minha frente e sinto o meu rosto aquecer

— merda — digo por fim enquanto me virava — você tá pelada , digo... É assim que toma banho... Mas eu só não esperava... Caramba, você está sem nada — acabo me perdendo nas palavras

Sinto que sou empurrada pra fora do banheiro e logo a porta se fecha sendo trancada
Permaneço parada por alguns segundos tentando voltar o meu corpo a temperatura normal

Decidi ver os documentos que tinha dentro da pasta, porém eu estava totalmente distraída, cada vez que fechava os olhos para piscar eu conseguia ver os peitos da Armstrong

— Você é maluca — falo novamente sozinha me deitando de bruços no sofá enquanto dava leve chutes no mesmo



A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora