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— Finalmente ficaremos juntas, Freenzinha — vejo ela saindo por entre as fumaças, se aproximando de meu corpo.

— QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA ? — dou alguns passos na sua direção para antecipar sua chegada — Essa era a sua ideia causar um incêndio ? Nós duas não iremos ficar juntas, nunca.

— Eu não ligo para as circunstâncias, morrer ao seu lado já me é o bastante ! — ela tenta encostar sua mão em meu rosto, mas eu seguro seu punho o mantendo longe da minha face — Aceite o seu destino ao meu lado.

Meus olhos já ardem pela fumaça, minha respiração é ofegante, ao fundo dava para ouvir um baixo barulho de sirenes e algumas partes do teto já estão caindo sobre o piso.
Eu não consigo segurar a raiva que está me consumindo, apenas permito que ela me domine, junto toda a minha força e deixo que meu punho encontre o rosto da Heidi em um soco.

Ela logo caiu sobre o chão, com sua mão sobre o local atingido, me olhando abismada — Co-como você po-pode ?

Antes que ouvisse mais uma palavra de sua boca, me sento sobre a barriga dela, cerro meus punhos e golpeo sua face várias vezes, ela tenta se proteger por entre os braços, mas é em vão.

— ERA ISSO QUE VOCE QUERIA ? — sigo desferindo os golpes, forçando o meu peso contra sua barriga para evitar que ela conseguisse fugir.

Paro com os socos assim que noto seu súbito silêncio, seu rosto está totalmente inchado e avermelhado com muita quantidade de sangue que também se fazia presente no piso e em minhas mãos.

Me levanto, minha visão está turva, me apoio na parede e vou me arrastando até a saída, a casa inteira está em chamas, nada sobrou, nada restou !

Assim que saio, encontro minha esposa que está sendo segurada pelo vizinho, evitando que ela entrasse novamente na casa.
Deixo que um sorriso tome conta do meu rosto, ao notar que tanto ela como o Benz estão bem e sem nenhuma marca.

Minha respiração começa a pesar e as tosses se fazem presente com mais intensidade, antes que pudesse me aproximar deles, acabo caindo no chão.
Sinto as mãos da Rebecca em rosto e sua voz soa como melodia, embora eu não reconheça o que foi pronunciado.

Eu queria falar tantas coisas, mas a única coisa que consegui foi — Estou com sede !
E em questão de segundos, o vizinho aparece trazendo um copo cheio.

Assim que termino de beber, sinto uma pequena melhora na minha visão, porém meus pulmões ainda possuíam essa sensação de queimação, como se o oxigênio fosse puro fogo.

— Você me assustou tanto, por favor, não faça mais isso — minha esposa se agarra em meu corpo com extrema força — Eu achei que fosse te perder, Sarocha !

— E-eu estou bem — falo lentamente.

Ela se afasta de mim, me ajuda a levantar do chão — Por que você voltou ? MEU DEUS, VOCÊ SE QUEIMOU ! — ela fala olhando para o meu braço, eu ainda estou com adrenalina no corpo, provavelmente por isso, não estou sentindo a dor, mas o meu antebraço está extremamente avermelhado.

— Foi só um queimadinho, estou bem, estamos bem !

Benz rapidamente se abraça contra a minha perna, ele ainda chora e está tremendo.

Segundos se passam e logo chegam os bombeiros e os paramédicos, tudo foi muito rápido e em poucos minutos estamos em um hospital, sendo atendidos pelo médico.

Para sorte de todos, a Rebecca e o Benz inalaram pouca fumaça, sendo assim, foram liberados sem precisar de qualquer exame ou medicamento.

E assim resta apenas eu, com aquela queimadura em meu antebraço e essa queimação que não diminuí, mas tudo que eu quero é só voltar junto com a minha família, mesmo que seja para um hotel.

— Sente-se aqui e abra a boca — o médico fala seriamente, eu apenas obedeço, ele pega uma pequena lanterna e aponta para dentro da minha boca — Você sente algo ?

— Nada, eu estou bem — minto, assim que a adrenalina ia diminuindo meu corpo ia sentindo cada pequena parte da dor e era quase insuportável, mas eu não quero ficar aqui. Respirar queima tanto !

Ele desliga a lanterna e volta a olhar para a minha esposa — Ela parece muito bem, considerando o tempo que ficou la, irei passar uma receita de remédio para dor e uma pomada para a queimadura, não foi tão grave, vocês tiveram muita sorte ! — ele sai da sala com um pequeno sorriso.

— Eu falei que estamos bem — dou um sorriso de lado para a Rebecca e vejo ela se aproximar de mim — Cadê o Benz ?

— O Heng chegou e está com ele na recepção — concordo com a cabeça e permaneço encarando ela — O que foi ? Acho que teremos que adiar nossa lua de mel.

— Eu também acho isso — nesse exato momento até às palavras que são faladas por mim me trazem esse sentimento de queimação, ardência, dor.

Ela me dá um enorme sorriso, beija o meu rosto e volta a me encarar — Me falaram que tem uma máquina de doces ali na recepção e eu estou faminta, vai querer algo ?

Nego com a cabeça, meus olhos permanem centrados nela — Rebecca !

— O que foi, baby ? — ela ainda está sorrindo para mim.

— Você está na frente da televisão — aponto para a pequena televisão que se encontra ao lado da porta.

Ela revira os olhos e me mostra a língua antes de sair do consultório.
Eu deveria ter falado que amava ela, era isso que eu queria ter falado, mas nada mais importa, já aconteceu...

Pov Becky

Chego na máquina de doces fico a analisando por alguns minutos, era imensa a variedade de sabores de chocolates e balas.
Deixo algumas moedas e pego uma barrinha de chocolate, me pego sorrindo, até alguns segundos eu achei que iria perder tudo e daqui alguns segundos já iremos sair juntos daqui.

As vezes, as coisas terminam certo, mesmo que o começo seja extremamente ruim.
Não consigo evitar de pensar em tudo que aconteceu para que eu e a Freen permaneçamos juntas, de todos os motivos que me fazem amar ela e são muitos.
Mesmo que pudesse, não mudaria nada em minha vida !
Porque tudo o que eu passei, me fez encontrar ela e me permitir ser amada e feliz.

Assim que me viro, encontro o médico me olhando, mostro a barrinha de chocolate para ele e solto uma risada nasal — Me pegou em flagrante, estou faminta !

— Por favor, sente-se aqui — ele aponta para uma das cadeiras que estão ali.

— Ah, claro — me sento na cadeira, mantendo meus olhos nele — O senhor se importa de eu comer isso aqui ? — abro a pequena embalagem do chocolate.

— Sra. Armstrong, uma das complicações da inalação da fumaça é que ela provoca um grande estresse nos pulmões e no coração... sua esposa teve uma parada cardíaca foi... foi muito grave e temo que a perdemos.

Permaneço em silêncio, olho para os lados e dou uma pequena mordida no chocolate, minha ficha ainda não está caindo, mesmo que ouça suas palavras, elas não me são compreendidas.

— Sra. Armstrong, sua esposa faleceu !

Nego rapidamente com a cabeça — Eu sinto muito, deve haver algum engano, sabe que estamos aqui por causa de uma queimadura no braço dela, você... Você não lembra que conversamos a alguns minutos ?

— Eu entendo, Sra. Armstrong, tem alguém que você queira para ligarmos ?

— Você tá maluco ! Não, tudo bem — me levanto e começo a andar até a sala que a Freen estava — Eu acho que você está me confundindo, FREEN ? Baby... você... — assim que entro na sala, consigo ver o corpo da Freen sobre a cama e logo uma enfermeira cobre com um lençol.

— Freen ? — fico estagnada no local, minhas lágrimas já começam a molhar minhas bochechas — Você me falou que estavamos bem... Você... Você não pode...

A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora