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Corro para o banheiro assim que sinto o meu estomago embrulhar, revirar e minha garganta aquecer. Para a sorte, chego a tempo na privada, deixo meus joelhos sobre o chão frio e acabo por vomitar tudo do dia passado. Eu odiava aquela sensação, provavelmente foi isso que me obrigou a parar de beber.  

— Você não deveria beber — Rebecca fala com uma voz sonolenta, se aproxima de mim e segura meu cabelo para não cair sobre o meu rosto.

— Sai — ordeno, solto um suspiro e reúno minhas forças para me levantar

Ela nada disse, apenas agarra o meu braço e me ajuda a levantar. Agora já de pé, fecho a tampa da privada e puxo a descarga. Me direciono a pia onde escovo os dentes e lavo o rosto, a Rebecca já não estava mais ali.

Fecho a porta, retiro a minha roupa e ligo o chuveiro, tomo um banho rápido e saio enrolada em uma toalha, já me sentindo fisicamente melhor.
Eu sabia que tinha sido grosseira com ela e já me martirizo por isso, mas eu não gosto de me sentir tão frágil e vulnerável na frente dos outros.

Me aproximo dela, que agora se encontrava na cozinha preparando algo de origem duvidosa, ela cortou alguns legumes, frutas e tacou tudo dentro do liquidificador com certa raiva.

Quando notou minha presença, ela ligou o liquidificador, fazendo um barulho insuportável — Rebecca, pode desligar isso — falo e tampo as orelhas com minhas mãos  — Eu preciso falar com você

Ela me encarou e apontou para o ouvido fazendo um sinal de não com a cabeça, algo do tipo "não estou te ouvindo", reviro meus olhos e saio para o quarto em passos pesados.

Abro o guarda-roupa, pego uma calcinha preta e coloco, tateio pelas minhas camisetas e pego uma na cor cinza junto com uma calça da mesma cor, visto as duas.
Quando percebo a ausência do barulho insuportável, volto para a cozinha

— Posso falar com você agora ?

— Bebe isso — a Rebecca me entregou um copo com um liquido esverdeado e com uma consistência estranha, quase uma gelatina. Quando notou minha resistência ela falou — É para curar a ressaca e ajuda no enjoo, receita de família

Cerro levemente os olhos em sinal de dúvida, encaro a Rebecca por um tempo e volto meu olhar para o copo, "ela me ama, jamais me envenenaria " penso. Pego o copo da mão dela, fecho os olhos, aperto meu nariz com a mão livre e jogo minha cabeça para trás tomando todo aquela bebida. 
Apenas entrego o copo vazio e faço uma careta — O gosto não é tão ruim quanto a aparência — minto

— Agora você vai ficar boa rapidinho — ela deixou um tapinha sobre a minha cabeça e se virou, se preparando para lavar a louça — Deita um pouco 

— Deixa que eu cuido disso 

— Eu mandei deitar, Sarocha — ela agora usou um tom autoritário, que eu diria que foi totalmente sensual se não fosse pela ocasião.

Apenas murmuro um sim, saio e me jogo sobre a cama. Fico deitada batucando com os dedos no colchão, sentindo um total tedio, deixo meus olhos correrem pelo ambiente procurando algo para fazer e encontro o celular da Rebecca, um sorriso brota em meu rosto. 
Ligo a tela e para o meu azar, tinha senha e era uma de 7 dígitos, apenas digito "1234567", e aparece uma mensagem me avisando que teria duas chances ainda antes do celular ser bloqueado. 

— Pensa, Freen, se você fosse a Rebecca que senha colocaria — sussurro para mim mesma, apenas digito "Policia", "Ela ama o trabalho, deve ser isso " penso, porém a mensagem anterior aparece me avisando que agora só me restava uma tentativa.
— Droga, Rebecca — choramingo — É minha última chance — começo a pensar em todas as palavras que tinham sete letras, "Poderia ser o nome dela, não seria o nome dela, é muito idiota" penso

Deixo um sorriso presunçoso aparecer assim que uma palavra me surgiu — Tão baixo, Rebecca, tão baixo — sussurro e digito "Sarocha" e o celular se desbloqueia, do um pulo da cama e soco o ar em comemoração  — Então você é uma bobinha apaixonada — falo para o celular enquanto sorrio

Entro no aplicativo de mensagens e meu contato estava salvo como "M.E", grito — QUE PORRA É M.E, REBECCA ? — me arrependo assim que falo e do um tapa em minha testa

Ela entra pelo quarto e me fuzila com os olhos — Você pegou o meu celular ?

— Talvez — sorrio na sua direção — Eu não tive intenção, você me mandou ficar aqui e eu estava no tedio, a culpa foi sua

Ela se aproximou e arrancou o celular da minha mão, porém antes de sair do quarto ela falou — Minha Esposa 

— Em ?

— M.E é Minha Esposa, seu nome do contato — ela deu de ombros e saiu

— ARÁ, VOCÊ ME AMA — falo empolgada e sigo ela

— Será ? Eu não teria certeza disso — ela me olhou com desdém e mordeu a ponta da língua em um sorriso

— Eu tenho provas, Armstrong, sua senha é meu nome e meu contato esta salvo como "minha esposa". O que mais tem de mim nisso ai — aponto para o celular dela enquanto sorria — E você fez remedinho pra mim e me sinto ate melhor

— Na verdade, o seu "remedinho" — ela fez aspas com os dedos — Foi só uma mistura de tudo que estava na geladeira e armário. Eu estava com raiva de você e tinha certeza que não funcionaria, mas fico feliz que deu certo

— Espera, você poderia ter me envenenado, você tem noção disso ? — olho abismada para ela que se encontrava sorrindo

— Você acabou de falar que está melhor, então 

— Rebecca, você é uma mulher muito má — falo e cruzo os braços — Irei me retirar agora — logo me viro, mas ela agarra o meu braço não me deixando ir 

— Qual é a sua ?

— O que é meu, Rebecca ? — volto a olhar para ela

— Sua senha e o meu nome de contato, você sabe as minhas informações, eu tenho que saber as suas. É o justo

Largo um suspiro pesado e sussurro — A senha é "Rebecca" e o contato é " Meu Amor "

— Você tem que falar mais alto — ela se aproximou 

Grito — POR DEUS, MULHER. A SENHA É "REBECCA" E O CONTATO É "MEU AMOR" — sinto minhas bochechas aquecerem, escondo meu rosto com as mãos e saio para o quarto

/-/ 

Um tempo se passou e tive uma ligação do Heng me avisando que a Nam precisava tratar de negócios, apenas avisei a Rebecca e sai.
A conversa levou algumas horas, se tratava do próximo passo que seria dado, quais etapas iriamos seguir. Eu queria o Jon em uma bandeja era o mais simples, porém ele estava sumido a semanas, então eu apenas ordenei que achassem alguém próximo dele, o que nos restou o seu filho. Com ele, a gente conseguiria pistas do paradeiro do pai, por boa ou má vontade ele iria falar. 

Antes de voltar, noto que meu celular se encontrava no silencioso e possuía algumas chamadas perdidas da minha esposa "deu merda" penso
Volto rapidamente para o apartamento e assim que entro, a Rebecca estava sentada no sofá com uma expressão de tristeza

— Desculpa, esposa. Deixei o celular no mudo e o Heng fala muito 

— A gente vai se divorciar — ela cuspiu aquelas palavras 

— Certo, certo — dou uma risada nasal — Você quase me pegou na brincadeira — levanto minhas mãos em sinal de rendição

Ela permaneceu seria e agora notei que seu rosto estava avermelhado, ela estava chorando — É a verdade, Sarocha

— Vai dormir, Rebecca. Amanha é outro dia 

— Nos temos que dar entrada nos papeis do divorcio e eu tenho que voltar para a Tailândia, são ordens. Parece que você não possui mais nenhuma informação valiosa para eles — ela apoio o rosto em suas mãos, apenas me aproximei e a abracei fortemente

— Eu vou dar um jeito nisso — do um beijo na testa dela — Confie em mim


A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora