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— Temos que voltar no voo de amanha para Bangkok — Rebecca falou calmamente enquanto recolhia suas roupas do guarda-roupa e ajeitava na mala — Você pode ficar aqui se preferir

— Eu irei com você, sou sua esposa — pego a minha mala e abro — Me diga qual é o seu assento no avião, irei comprar do seu lado 

— Freen — ela se virou para me encarar e segurou meu rosto com suas mãos — Isso é perigoso para você — ela me deu um selinho — Terá muitos policias a sua espera, não poderá ir comigo ou ficar na mesma casa, você entende isso ? 

— Eu não vou ficar longe de você 

— Baby é o seguro, eles irão te prender e sabe mais o que irão fazer — ela acariciou minhas bochechas 

— Você não pode ter certeza disso, Rebecca — retiro as mãos dela do meu rosto 

— Eu sei disso, Freen. Esse era o plano inicial — ela suspirou e passou a mão em seus cabelos ajeitando — Você daria as informações que queríamos e eu te levaria para eles — ela suspirou 

— Então seu "plano" era me seduzir e me entregar de bandeja para eles ? 

— A ideia não foi minha, eu só recebi ordens — ela tentou me tocar, porém me afastei — Baby, me entenda eu...

Cortei sua fala — ENTÃO ISSO FOI SO UMA MISSÃO PARA VOCÊ — apontei para ela, para mim e sussurrei — nossa eu sou tão idiota — do um tapa na minha testa — EU SO FUI ISSO PARA VOCÊ

Ela rapidamente avança contra mim, me prensa contra a parede, cobre minha boca com sua mão e segura meu braço com a outra

— ME DEIXE FALAR, SAROCHA — ela me encara e fica próxima o bastante para eu sentir sua respiração, ao notar meu silêncio ela volta a falar — Apenas me escute — ela retira a mão que cobria a minha boca e deixa apoiada na parede ao lado do meu rosto — Eu amo você, EU...AMO...VOCÊ — fala lentamente — Por favor, você tem que ficar longe de mim, eles irão te fazer mal — ela encosta sua testa na minha

— Farei...isso

— Obrigada

Deixo minhas mãos irem de encontro com o seu pescoço e puxo em minha direção, unindo nossos lábios em um beijo, sinto um gosto salgado por conta das lagrimas e foi quando noto que nos duas estávamos chorando.
Era tão doloroso para ela, quanto era para mim.

Mas eu menti para ela novamente, eu sei o quão errado isso era, porém eu sou uma egoísta. Eu iria ficar perto dela custe o que custar, mesmo que isso me faça parar na cadeia, mesmo que meu corpo sofra, mesmo que eu tenha que abandonar o meu trabalho, eu só não posso ficar sem ela.

Em questão de segundos já estávamos sem roupa e juntas na cama. Depois apenas adormecemos coladas uma na outra.
No outro dia, as malas já estavam arrumadas e tudo estava pronto para a nossa partida, eu prometi a ela que iria depois e ela me prometeu que compraria um celular "secreto" especialmente para me ligar, já que provavelmente o celular dela estaria grampeado.

Por fim, estava sozinha naquele apartamento, era algo deprimente e solitário. Esperei alguns minutos e sai também, entrei no carro do Heng que já me esperava, peguei uma passagem aérea com ele que por pura coincidência do destino, era no mesmo avião e ao lado da Rebecca. 
Eu agora estava com outra identidade falsa "Emma Rossi", inclusive estava usando um boné,  óculos escuro e uma peruca loira.
Assim que chegamos me despedi do Heng, ele também voltaria para a Tailândia, porém em outro horário.

Assim que terminei de despachar a mala, já tratei de pegar a fila e entrar no avião. Avistei a Rebecca, ela se encontrava sentada na poltrona da janela, o que eu sabia que odiava tanto quanto eu odiava.

— Podemos trocar de lugar, prefiro a poltrona na janela — forcei um sotaque italiano 

— Mesmo ? — ela falou empolgada e para o meu azar, ela nem se importou de me olhar ou reconhecer minha voz, apenas se levantou, assim que me sentei no local dela, ela se sentou na minha poltrona

Solto um suspiro frustrado, ela mexia no celular e não prestava atenção em mim, o lado bom disso, é que se eu fosse uma mulher estranha ela também não teria dado bola.

— Posso segurar sua mão ? Essas coisas me dão medo — ainda mantenho o sotaque, ela apenas assenti e segura minha mão — Serio Rebecca, você seguraria a mão de uma desconhecida ? Você é casada — falo abismada, porém controlo o volume da minha voz para que outros passageiros não ouvissem

Ela finalmente me olha e deixa a boca aberta em sinal de surpresa

— Não esquecerei disso

— O QUE — me apresso e cubro a boca dela 

— Fala baixo 

— O que você esta fazendo aqui ? Você não deveria estar aqui — ela abaixou o tom da voz

— Eu estou viajando, igual a você. Coisa do destino né, a gente pegar o mesmo avião e uma ao lado da outra — estalo a língua — Mas você ainda não me respondeu, qual o motivo de segurar na mão de uma mulher estranha ? Eu não assinei papel algum, nos ainda somos casadas

— Você esta com ciúme de você mesma ?

— Nem ao menos percebeu que era eu 

— Eu só quis ser gentil

— Não tem que ser gentil, você é casada — me mantive segurando a mão dela — Sua esposa não gostaria disso

— Mas você é ela, não faz sentido

— Independente, Armstrong, agora fique quieta, ou irão desconfiar da gente.

O resto do voo foi em silêncio, eu fiquei acariciando a costa da sua mão e as vezes trocávamos olhares.

A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora