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— Heng, eu sinto que vou morrer, meu coração está disparado e eu estou tremendo, isso não é sinal de uma parada cardíaca ? Olha, posso estar com febre também e se for lepra, covid, sarampo  ? MEU DEUS, EU NAO POSSO ME CASAR, EU SOU CONTAGIOSA — me aproximo dele e aponto para o seu celular — Joga no Google os meus sintomas, olha, eu tô com dificuldade de respirar — falo de maneira ofegante.

— Você só está nervosa — ele pega um pequeno pano e cobre sua boca e nariz — Vai dar tudo certo, Freen — ele da uns passos para trás — Vocês duas se amam, só fique de boa e deixe acontecer, nada de desespero, conta até um.

— Contar até um ?

— Até dez, eu também estou nervoso, você viu como esse terno me engordou ? Assim nenhuma das solteironas vai me querer.

Dou de ombros e me viro para olhar meu reflexo no espelho — Heng, eu tenho que estar linda, você não, é o meu dia. Acho que eu deveria cortar o cabelo, tem alguma tesoura aí ? E esse vestido branco combina comigo ? ...

— Uma tesoura ? Deixa eu ver aqui — ele começa a vasculhar a pequena sala e logo me entrega uma tesoura — Não sei se é uma boa cortar o cabelo faltando menos de uma hora para o casamento, mas talvez tirar as pontinhas ajude, ele está meio longo mesmo ! E o vestido está legal.

— E por que você não me avisou antes ? Legal não é maravilhoso, Heng — choramingo.

Ajeito meu cabelo sobre meus ombros e aponto a tesoura, na primeira cortada vejo um pedaço do tecido do vestido caindo ao chão junto com um pouco do cabelo.

— HENG, EU CORTEI O MEU VESTIDO, POR QUE VOCÊ ME DEU ESSA TESOURA ?

— Eita... Olha não está tão ruim, se você fizer assim — ele começa a mexer no meu cabelo para cobrir uma parte do ombro do vestido que havia sido cortada — É, vai ser difícil disfarçar, mas quem sabe você fique de lado, pode servir... Ou podemos pegar outro vestido, temos opções...

— Heng, eu não vou me casar assim — cerro meus punhos e suspiro pesadamente.

— Ok, ok, eu sou o padrinho, vou dar um jeito — antes que pudesse responder ele sai correndo pela porta.

Assim que ele sai, tranco a porta e começo a andar de um lado a outro na sala, conto dezenas de vezes em meus pensamentos enquanto tempo me manter calma, mas já era visível meu rosto avermelhado e as lágrimas se acumulando em meus olhos.

Fico alguns minutos ali e por fim me deixo perder a batalha, logo lágrimas começam a transbordar por meus olhos.
Sinto como se minhas pernas fossem de papel, estou totalmente trêmula e ansiosa.

Abro a janela e me apoio sobre ela, na tentativa que o vento que batia em me rosto me trouxesse um alívio.
Mas sou interrompida por alguém tentando abrir a porta — Eu não quero ver ninguém! — junto minhas forças para que as minhas palavras fossem ouvidas.

—Baby, sou eu ! Abre aqui, o Heng falou que você não está legal e pediu a minha ajuda. O que aconteceu ?

Me aproximo da porta e deixo minha testa escorada nela — Ele é um mentiroso — tento manter o tom de voz firme — Está tudo bem...

— Abre essa porta, eu quero ver você !

— Não, você não pode me ver assim, da azar ! Só vai embora, por favor.

— Ok !

Suspiro e me sento no chão com as costas contra a porta, fico alguns minutos ali só tentando me manter calma, enquanto aproveito o silêncio do ambiente.

— Eu não posso me casar — falo entre soluços e abraço minhas pernas deixando meu rosto apoiado sobre os meus joelhos.

— Ainda dá tempo de fugir — era a voz da Rebecca, ela não havia ido embora.

— Você fugiria comigo ?

— Baby, você sabe a minha resposta.

Solto uma curta risada e nego com a cabeça mesmo que ela não pudesse ver — Eu estou deplorável, minha maquiagem borrou toda e meu vestido está rasgado, você vai me dizer não na hora.

— Então é isso que aconteceu ? Você rasgou o vestido ?

— Eu sou uma idiota, estraguei a sua noite, eu planejei tanto esse casamento. Que droga, droga, droga.

O silêncio volta a permanecer no ambiente, espero alguns segundos e volto a falar — Você ainda está aí ?

Por baixo da porta é passado um pequeno pedaço de tecido branco — O que é isso ? — pego ele em minhas mãos.

— É um pedaço do meu vestido, agora ele também está rasgado, igual ao seu.

— Eu quero te beijar agora — falo rapidamente sentindo borboletas por todo o meu estômago.

— Eu também quero, você não vai me deixar sozinha naquela praia, é melhor você aparecer para dizer sim. Nada de fugir de mim, Sarocha !

Ouço pequenos barulhos de passos e deduzo que agora ela havia saído realmente, mas funcionou, deveria agradecer o Heng, a Rebecca sempre consegue me acalmar.

Tive que ajeitar a maquiagem, mas consegui terminar tudo antes do horário da cerimônia. Minha mãe e meu padrasto estão presentes e era magnífico ver o sorriso gigante dos dois.

Está tudo tão lindo, tem várias cadeiras sobre a areia da praia, além de uma pequena área onde se encontra o Juiz de Paz  e um corredor de flores por onde eu e a Rebecca iremos passar.

E nada é mais bonito que o céu, tem muitas estrelas e a lua está imensa e brilhante.
Essa era a minha opinião até ver a Rebecca, ela é a definição de magnífica.

Agora nesse momento, meus olhos não saiam dela, ela é maravilhosa, sem dúvidas era a noite mais feliz da minha vida.
Foi o sim mais certo e dito com mais vontade de todo o mundo.

Tivemos uma curta festa, tentei me fazer presente a todos os convidados, porém eu me sentia exausta e para a minha sorte a Rebecca e o Benz também. E como todo o combinado, conseguimos fugir da festa e voltar para casa, o Benz capotou assim que caiu na cama, prometendo que iria tomar banho no dia seguinte.

Por outro lado, eu e a Rebecca fizemos questão de relaxar o corpo em uma água quente e por fim deitar na cama.
Meu corpo permanece agarrado ao dela e apenas digo em alto e bom som — Você é minha esposa agora, real e oficial.

— Queria muito falar isso né ?

— Você não tem noção o quanto eu esperei...

Por fim conseguimos dormir, depois de dezenas de eu te amo e promessas que talvez nunca pudessem ser cumpridas.

Não sei ao certo o que aconteceu, mas sou acordada com uma sensação de falta de ar, como se todo o oxigênio tivesse sido expulso do meu corpo. Assim que abro meus olhos noto que há fumaça por todo o quarto.

— Rebecca, acorda — começo a tossir e balanço ela a fazendo acordar.

— O que tá acontecendo, Freen ?

— Algo está queimando, temos que sair daqui — levanto da cama e a puxo para fora dela.

Corro para o quarto do Benz e o pego no colo, ele rapidamente começa a chorar por conta do susto, sou seguida pela Rebecca.
A casa está totalmente tomada pela fumaça, não sei de onde está vindo o fogo, mas está tudo muito quente.

Antes que pudesse atravessar a porta de saída, vejo a silhueta de uma mulher e foi como se uma alavanca fosse acionada, eu descobri o que aconteceu.

Assim que saímos, deixo o Benz no colo da Rebecca que tenta acalmar ele, eu vi sua boca abrindo e suas mãos tentando me segurar, mas eu apenas ignoro e volto para a casa.

— Apareça logo — falo conforme vou andando pela casa e forço meus olhos a tentarem ver algo — Eu sei que você está aqui ! — volto a tossir por conta da fumaça e já sinto os meus pulmões arderem

— Finalmente ficaremos juntas, Freenzinha !

A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora