4

2.9K 420 112
                                    

— Sério, Sarocha. Vamos simplesmente esquecer o que aconteceu — disse ela olhando para mim.
Ela estava usando um pijama azul curto com listras.

— Desculpe-me, eu não pretendia ver seus seios... Quero dizer, eu queria ver, mas não daquela maneira... Não me entenda mal — comecei a coçar a nuca mostrando meu desespero enquanto sentia meu rosto esquentar novamente.

— Fique quieta, Sarocha. Ou vou cortar isso que você tem aí — ela apontou o dedo indicador para a minha região entre as pernas.

Por reflexo, coloquei minhas mãos na frente dessa região. Assenti com a cabeça, pois ela às vezes era extremamente assustadora.
Respirei fundo e fui até minha mala, pegando uma toalha e indo em direção ao banheiro.

Liguei o chuveiro no gelado para acalmar todo o meu corpo. Tomei um banho rápido, pois a temperatura era dolorosa, mas necessária.
Saí do banheiro enrolada na toalha e fui até o quarto, onde a Armstrong estava arrumando as roupas dentro do guarda-roupa.

—Você gostaria de me ver? — eu disse enquanto me encostava na parede.

Ela fixa o olhar em mim e permanece quieta por um tempo.
— Ver você, Sarocha? — ela diz, cheia de dúvidas.

— Eu vi, sabe — faço um gesto com as mãos na frente dos meus peitos — E se você quiser ver, tudo bem. Assim ficamos quites.

Observo o rosto dela ficar avermelhado enquanto ela nega com as mãos e com a cabeça.

— Não será necessário, Sarocha.

— Tudo bem. Me avise se mudar de ideia — dou de ombros, já saindo do local.

Vou até minha mala e escolho uma calça de moletom e uma camiseta qualquer para usar como pijama. Depois de me trocar no banheiro, decido que vou fazer o jantar. Porém, ao abrir os armários e a geladeira, percebo que está tudo vazio.

— Que tal pedir um hambúrguer? — grito para que a Armstrong possa me ouvir.

— Pode ser — ela grita de volta.

Paro para pensar por alguns segundos. Estou sem o celular e não conheço nenhum estabelecimento, já que sou nova aqui. Dou leves tapas na minha testa. Logo a Armstrong chega à cozinha.

— Você tem um celular, né? Poderia ligar para algum lugar e pedir algo para nós.

— Posso, mas não estou familiarizada com esta cidade, Sarocha — ela exibe o celular — Já sei, vou conversar com o porteiro, ele deve conhecer algum lugar

— Excelente ideia, você é esperta para uma policial. Se algo der errado, me procure e eu arrumo algo para você

— Com certeza, pode esperar isso, Sarocha - ela responde com sarcasmos enquanto se vira de costas e sai do apartamento.

/-/

Passaram-se longos minutos, o que poderia ter acontecido é que a Armstrong teria sido sequestrada, mas aquele porteiro era um idoso, então não havia como ela ter sido levada por ele.

Eu me sento no sofá com os braços cruzados, encarando a porta.
Finalmente, ela se abre e a Armstrong entra.

— Então, você não foi sequestrada, esposa — digo a ela.

— Ai, meu Deus, Sarocha. Você voltou com esse apelido — ela se senta ao meu lado com o corpo virado na minha direção — Já pedi algo para comermos.

— Você demorou muito, aconteceu algo? — me ajeito no sofá para ficar de frente para ela também.

— Nada, estava conversando com o Nick.

— Quem é Nick?

— O porteiro.

— Aquele velho se chama Nick?

— Não, não, Sarocha. Aquele era o Sr. Brown. Ele também é porteiro, mas em turnos diferentes. O Nick estava lá agora.

— Ah, entendi. — deixo meus olhos semicerrados e jogo minha cabeça contra o sofá.

— Vamos ver essa pasta logo? Deve conter coisas importantes, Sarocha - ela pega a pasta que estava em um canto do sofá.

Permaneço atenta aos movimentos dela, porém me mantenho quieta enquanto continuo pensando no "Nick". Não seria possível uma líder da máfia ser substituída por um porteiro, né?

— Isso é para você — ela me entrega minha nova identidade, minha carteira de motorista também nova e o contrato de trabalho que me indica onde ir e em que horário.

Observo enquanto ela pega suas próprias coisas e, no final, somente duas coisas restam na pasta: uma certidão de casamento e um par de anéis.
Pego um dos pequenos anéis que estão ali e seguro a mão dela, colocando-o em seu dedo.

O anel era pequeno e simples, o que me deixou incomodada.

— Você é minha esposa, vai usar isso — estendo minha mão para que ela coloque o anel em meu dedo.

— Esposa de mentira, Sarocha

— Independente

Ela pega o anel, posiciona em meu dedo e começa a rir.

— Nada de tirar isso — digo com voz séria.

— Pode deixar — ela ainda estava rindo.

— Estou falando sério — volto a manter os braços cruzados

— Eu sei, eu sei, Sarocha.

/-/

Depois de algum tempo, o interfone toca e imediatamente Armstrong atende para me informar que iria descer e pegar a entrega. Sem hesitar, levanto-me rapidamente, agarrando o dinheiro que estava sobre a mesa.

— Eu mesmo pego — digo, saindo pela porta para evitar qualquer contestação.

Chego até a portaria, entrego o dinheiro ao motoboy e pego o pedido.
— Fique com o troco — digo
Ele me oferece um pequeno sorriso e parte dirigindo.

Paro em frente ao porteiro, um jovem que aparentava ter quase a mesma idade que a Armstrong, cabelos loiros e ondulados, além de estar em boa forma. Isso só me deixou ainda mais irritada com ele.

— Ela é casada — digo, olhando para o rapaz.

— Desculpe, não entendi — ele me olha confuso.

— A mulher do apartamento 8A é casada — repito.

— Ah, entendi — ele ainda me olhava confuso

— E eu ouvi falar que a esposa dela é absurdamente ciumenta e furiosa, parece até ser chefe de alguma coisa perigosa — digo como se estivesse alertando ele

Ele me olha um pouco preocupado
— Muito obrigado, tia. Vou manter distância.

Faço um gesto com a cabeça para ele e subo as escadas novamente.
Espera aí, ele me chamou de tia? Ele acha que sou tão velha assim, droga.

Penso por um momento se devo voltar e jogar essa caixa nele, mas isso estragaria a comida.
Vou me lembrar disso e ele vai se arrepender, concluo.

Adentro ao apartamento e deposito a caixa sobre a mesa.
— Esposa, eu pareço ser uma idosa? Refiro-me à aparência — digo enquanto observava a reação dela

—Por que, Sarocha? — perguntou enquanto abria a caixa que continha uma pizza de 12 fatias, metade de quatro queijos com batata frita e a outra metade de abacaxi.

Lanço um olhar de desdém à pizza.
— Esqueça, pediu este tipo de pizza para uma italiana? Você não tem paladar ? — Questiono, perplexa.

— Não parece italiana — ela pega um pedaço de pizza e aplica ketchup antes de morder.

— Meu padrasto era italiano — fito aquela cena ainda perplexa — Pensei que as coisas não pudessem piorar








A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora