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Fico alguns minutos no banheiro, jogo uma água no rosto, ajeito minha camiseta e volto para a mesa.

— Cadê a Tee ?

— Ela foi atender um ligação, Freenzinha

Dou um pequeno sorriso e assenti — Certo, eu vou ali pagar a conta e depois podemos ir num barzinho

Eu não deveria sugerir isso, mas eu só queria passar mais tempo com a Rebecca, não queria nem pensar na hipótese dela ir para a casa com a Tee.

Ela já não usava mais o colar que eu tinha lhe presenteado e eu até tentei ver a mão dela, mas assim que ela notou minhas intenções passou a evitar deixar sua mão esquerda visível.

Assim que pago, encontro a Tee entrando novamente no Restaurante, seguro o braço dela e falo — Me desculpa por aquela hora, é só que — coço a minha nuca e ela me interrompe.

— Eu sei, ta de boa. Ela me contou tudo e nos não tínhamos nada.

— Contou o que ? Vocês não estavam saido antes ?

— Isso virou um interrogatório né? — ela solta uma risada — A gente não tinha se encontrado antes e nem falavamos nada sexual nas mensagens.

— Eu não ia perguntar isso !

— Você sabe que iria, Freen. E não deveria ser eu a te falar isso, mas vocês deveriam conversar.

— Eu esperei ela por três anos, Tee. Eu não posso só dizer que perdôo ela e que quero voltar.

— Freen, você não foi a única a esperar — ela deixa sua mão sobre o meu ombro — Não foi eu que falei isso, mas eu fui a primeira pessoa que saiu com ela desde tudo isso.

— Não estou entendendo onde você quer chegar, seja direta !

Ela dá um tapa fraco sobre a minha testa — Idiota. Ela não esteve com ninguém além de você.

— Como você sabe disso ? — gaguejo

— Ela me falou que ainda era muito apegada a ex e que só iria sair para não me deixar sozinha. Porem eu achei que ela poderia mudar de ideia, mas agora eu me sinto melhor como amiga dela, então não se preocupe comigo.

— Saquei !

— Lembra, eu não te falei nada e você está acompanhada.

Ela volta para a mesa e eu acompanho, evito olhar para a Rebecca, porque era inevitável não sorrir e pensar em tudo que tinha ouvido.

— Abriu um bar novo aqui, podemos ir pra lá, que tal ? — a Heidi fala animadamente e pega o celular para mostrar algumas fotos do local.

— Acho que é uma ótima ideia, tudo bem por vocês ? — olho para a Tee.

— Claro, sempre é uma ótima noite para encher a cara.

— E para você Rebecca? — me foco nela, ela esta quieta demais e olha atentamente para o seu copo sobre a mesa, o que me deixa em sinal de alerta.

Ela apenas nega com a cabeça — Vou ir pra casa, mas espero que vocês aproveitem !

— Por que ?

— Freenzinha, deixa. Ela não quer ir — a Heidi deixa sua mão sobre a minha

— Boa noite pra vocês e obrigada pelo jantar. E Freen, depois eu entrego o seu moletom para a Tee.

— Boa noite, Becky. Me avise quando chegar em casa — a Tee fala e a Rebecca deixa um beijo sobre a sua bochecha antes de ir embora.

— Eu já volto, me esperem aqui — levanto rapidamente e sigo pelo mesmo caminho que a Rebecca tinha ido.

Eu ouço alguém falar meu nome, mas apenas ignoro. Ela estava indo embora e eu tinha essa sensação de que seria igual a última vez.

— O que você esta fazendo? — falo assim que vejo a Rebecca perto de uma árvore enquanto mexia no celular.

Ela me olha por alguns segundos e volta para o celular — Você deveria voltar, está frio aqui fora e você está com uma camiseta de manga curta.

— Você ainda não me disse o que está fazendo, falou que ia embora e agora está parada aqui — me aproximo dela

— Estou tentando chamar um Uber

— Você não ira a lugar nenhum com um desconhecido, olha que horas são. É muito perigoso !

— Acho que você esta me confundido, a sua namorada está lá dentro.

Tiro o celular das mãos dela — Da para você prestar atenção em mim ? EU vou te levar em casa !

Ela me encara — Me devolva isso, Sarocha ! Já te falei que sua namorada está lá dentro.

— Porque não posso ficar com o celular ? Não quer que eu veja suas conversas com os "contatinhos" ?

— Sarocha, pare de idiotices. Se eu deixar você me levar, você me entrega ele ?

— Isso não está em jogo, Rebecca. Eu irei te levar, mesmo que tenha que te amarrar naquele carro — do um sorriso de canto — Talvez, depois eu te devolva isso, mas primeiro irei cancelar esse pedido de Uber. Qual a senha ?

Ela suspira e bota o dedo indicador sobre o leitor do celular, o fazendo desbloquear.

— Não foi tão difícil — entro no aplicativo, cancelo o pedido de corrida e depois abro o de mensagens.

Era errado, mas eu estava com o celular ali e ela achava que eu só iria cancelar a corrida, tão bobinha.

As mais recentes eram da Irin falando algo sobre o trabalho, a da Tee em que ela avisava sobre o atraso, sua mãe que perguntava como ela estava e tinha apenas um contato chamado "BB" com uma mensagem dela "Sinto sua falta..."
Não consigo ler o resto, porque a Rebecca arranca o celular das minhas mãos.

— Ei, sua mãe não te ensinou que é feio arrancar as coisas das mãos dos outros ?

— É feio também ler as mensagens dos outros, porque você não vai avisar que vai me levar em casa e eu te espero aqui ?

— Você promete me esperar ? — ela assenti — Você acha que sou idiota né ? Assim que eu entrar ali, aposto que você ira sair correndo

Ela solta uma risada nasal — Eu poderia fazer isso agora mesmo — ela se vira e começa a andar

— Porque você me trata assim ? Como se eu não fosse nada para você — sigo ela

— Sua namoradinha está te esperando no restaurante !

— Cansei disso, Rebecca — elevo o meu tom de voz e vou para a frente dela a fazendo parar — Eu já falei que vou te levar

Antes que ela pudesse responder, me abaixo um pouco, seguro nas coxas dela e a coloco sobre o meu ombro

Ela deixa as mãos sobre a saia tentando evitar que algo aparecesse — ME LARGA, SAROCHA

— Quieta — vou indo em direção ao meu carro — Você já me estressou !

— ME LARGA, ISSO É UM SEQUESTRO !

Apenas encaro um senhor que passa no nosso lado — Ela é minha esposa e gosta de brincar disso, não se preocupe.

— SUA MENTIROSA

— Tão brincalhona — aperto a coxa dela em um pedido de silêncio

O senhor apenas da um sorriso amarelo e apressa os passos
Suspiro pesadamente, abro a porta do carro, largo ela sobre o banco e fecho. Faço a volta rapidamente e assim que entro tranco o carro.

— Seu endereço — aponto para o GPS

Ela digita e a rota é traçada. Depois volta seus olhos para o vidro com os braços cruzados e um beicinho.
Ela já sabia que não deixaria ela sair do carro sem antes me explicar tudo.

A Mafiosa e a Policial - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora