Ela parou diante da vitrine, encarando as vestes infantis e bonitas em suas cores, detalhes, e os laços com angelicalidade. Aquelas ultimas conversas repetiam-se em sua mente; a do jantar, do escritório e todo o resto.
Hinata era uma mulher íntegra e forte, muito mesmo. Porem havia um valioso ditado que dizia: quando a pedra é dura e resistente, basta a primeira fissura para lhe espedaçar.
Ela conhecia bem o seu lugar naquela sociedade, e embora lutasse em seu silêncio bravamente por mudanças, estava claro que essas tardariam a vir. Em uma sociedade em que todos os pregos estavam no lugar certo, o que se destaca é martelado rapidamente. Era só ver seu caso como todo, sequer direito a propriedade ela tinha... não... ela fazia parte da propriedade. Uma mulher não existia, pelo contrário, ela estava atrelada ao pai e depois ao marido, enquanto isso eram menos favorecidas, e vistas como loucas, emocionais e inferiores intelectualmente. Restringiam seus acessos a tudo e ao que lhes restava?
Ela suspirou.
— Meu irmão será pai em breve! — sorriu minimamente como seu luto permitiria em público, disfarçando sua real dor ao olhar para as mulheres que lhe devolveu a gentileza, com cumprimentos felizes e animados.
Voltaram a caminhar, até pararem em uma boa confeitaria que havia ali, sendo servidas com quitutes, cafés, chá e suco.
— Sabem se... — ela hesitou por um momento aquele assunto, mas seguiu, afinal, era esse o seu papel decerto, não é? — se Hinoko, a filha mais nova de Una Saito já está em idade de casar?
Oh, aquilo atiçou as mulheres grandemente.
— A menina Hinoko se tornou uma mulher linda! — disse a senhora Nii — Ela fez seu debute há dois meses.
Hinata franziu um pouco o cenho. Suspirou. Por respeito ao seu luto, era comum esses convites não chegarem até ela, mas certamente até Naruto deveriam ter chegado, e ele possivelmente os ignorou.
— Mas me parece que o senhor Saito é bastante exigente quanto aos pretendentes. — apontou Aika Nohara. Então olhou com curiosidade digna de uma grande fofoqueira para a ex Hyuuga — Porque a curiosidade, lady, por acaso o coronel está considerando a menina?
Hinata disfarçou toda sua dor e nervosismo com uma simplória xícara de chá.
— Eu, estou considerando, na verdade. — disse por fim — Ele precisou de um tempo para se instalar e se adaptar a rotina, mas acredito que está no momento dele... casar e ter filhos.
— Oh sim... herdeiros. A Lady tem toda razão. Isso torna Hinoko perfeita, já que sua mãe teve sete filhos, sendo quatro homens antes dela.
— Boas ancas.
Hinata suspirou enquanto olhava a avenida em movimento com carruagens e cavalos.
— Se... se lembrarem de outras, por favor avisem-me. Irei... avisar ao coronel.
...
O zumbido estava lá, tão alto, tão irritante, tão insistente...
— Lady, Lady Hinata...
Seus olhos piscaram com letargia quando ela pareceu finalmente despertar, vendo duas das criadas da casa esperando por respostas e ordens. Seus olhos percorreram ao seu redor com uma ligeira estranheza, a mesma que ela teve por dias quando Nagato a trouxe para aquele lugar. Era como se ela sequer reconhecesse seu corpo, suas formas, seus pensamentos...
Sorriu, ainda que não passasse de uma expressão meramente social.
— Façam porco. — disse simplista, não entrando em detalhe algum, muito menos qualquer cuidado com o que queria com exatidão como sempre o fazia. — Peça para lavarem todas as janelas e trocar toda a roupagem. Flores novas nos arranjos, lírios, margaridas e girassóis, peça também para polir a madeira.
![](https://img.wattpad.com/cover/327102123-288-k779032.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A viúva do coronel
Фанфик"O jornal das senhoras sempre prezou por mulheres incríveis na nossa sociedade, por isso, as mais procuradas são as dotadas de todas as qualidades confiáveis que tornam uma mulher única e valorosa para seu homem, nota-se: Ela é amável e obediente." ...