Capítulo 16

69 7 2
                                    


Ela parou diante da vitrine, encarando as vestes infantis e bonitas em suas cores, detalhes, e os laços com angelicalidade. Aquelas ultimas conversas repetiam-se em sua mente; a do jantar, do escritório e todo o resto.

Hinata era uma mulher íntegra e forte, muito mesmo. Porem havia um valioso ditado que dizia: quando a pedra é dura e resistente, basta a primeira fissura para lhe espedaçar.

Ela conhecia bem o seu lugar naquela sociedade, e embora lutasse em seu silêncio bravamente por mudanças, estava claro que essas tardariam a vir. Em uma sociedade em que todos os pregos estavam no lugar certo, o que se destaca é martelado rapidamente. Era só ver seu caso como todo, sequer direito a propriedade ela tinha... não... ela fazia parte da propriedade. Uma mulher não existia, pelo contrário, ela estava atrelada ao pai e depois ao marido, enquanto isso eram menos favorecidas, e vistas como loucas, emocionais e inferiores intelectualmente. Restringiam seus acessos a tudo e ao que lhes restava?

Ela suspirou.

— Meu irmão será pai em breve! — sorriu minimamente como seu luto permitiria em público, disfarçando sua real dor ao olhar para as mulheres que lhe devolveu a gentileza, com cumprimentos felizes e animados.

Voltaram a caminhar, até pararem em uma boa confeitaria que havia ali, sendo servidas com quitutes, cafés, chá e suco.

— Sabem se... — ela hesitou por um momento aquele assunto, mas seguiu, afinal, era esse o seu papel decerto, não é? — se Hinoko, a filha mais nova de Una Saito já está em idade de casar?

Oh, aquilo atiçou as mulheres grandemente.

— A menina Hinoko se tornou uma mulher linda! — disse a senhora Nii — Ela fez seu debute há dois meses.

Hinata franziu um pouco o cenho. Suspirou. Por respeito ao seu luto, era comum esses convites não chegarem até ela, mas certamente até Naruto deveriam ter chegado, e ele possivelmente os ignorou.

— Mas me parece que o senhor Saito é bastante exigente quanto aos pretendentes. — apontou Aika Nohara. Então olhou com curiosidade digna de uma grande fofoqueira para a ex Hyuuga — Porque a curiosidade, lady, por acaso o coronel está considerando a menina?

Hinata disfarçou toda sua dor e nervosismo com uma simplória xícara de chá.

— Eu, estou considerando, na verdade. — disse por fim — Ele precisou de um tempo para se instalar e se adaptar a rotina, mas acredito que está no momento dele... casar e ter filhos.

— Oh sim... herdeiros. A Lady tem toda razão. Isso torna Hinoko perfeita, já que sua mãe teve sete filhos, sendo quatro homens antes dela.

— Boas ancas.

Hinata suspirou enquanto olhava a avenida em movimento com carruagens e cavalos.

— Se... se lembrarem de outras, por favor avisem-me. Irei... avisar ao coronel.

...

O zumbido estava lá, tão alto, tão irritante, tão insistente...

— Lady, Lady Hinata...

Seus olhos piscaram com letargia quando ela pareceu finalmente despertar, vendo duas das criadas da casa esperando por respostas e ordens. Seus olhos percorreram ao seu redor com uma ligeira estranheza, a mesma que ela teve por dias quando Nagato a trouxe para aquele lugar. Era como se ela sequer reconhecesse seu corpo, suas formas, seus pensamentos...

Sorriu, ainda que não passasse de uma expressão meramente social.

— Façam porco. — disse simplista, não entrando em detalhe algum, muito menos qualquer cuidado com o que queria com exatidão como sempre o fazia. — Peça para lavarem todas as janelas e trocar toda a roupagem. Flores novas nos arranjos, lírios, margaridas e girassóis, peça também para polir a madeira.

A viúva do coronelOnde histórias criam vida. Descubra agora