Capítulo 18

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Ele se deixou sentar em um dos sofás enquanto suspirava longamente. Sua cabeça repousou no encosto enquanto os olhos fecharam um pouco como se pudesse sorver a sua noite como um bom vinho.

Sorriu, mas de desespero.

Ergueu-se ignorando sua embriaguez, tropeçando aqui e ali enquanto cantarolava, Naruto pegou uma das garrafas de whisky da cristaleira. Os olhos miraram o copo, mas deixou formalidades de lado naquela noite.

Esbarrando em outro móvel, derrubou um dos vasos de decoração, fora alguns bibelôs.

Em seu quarto, a mulher que lia tão tarde já, fechou seu livro com certa fúria quando o novo barulho se fez. Por que ele continuava apenas atrapalhando? Era tão difícil ficarem sem cruzar o olhar ou manter a boa relação, quer dizer, não é como se apenas brigasse como antes, porque não havia mais briga, havia apenas o silêncio, os olhares, o aperto no peito e o espaço vago.

As pontas das mesas durante as refeições tornaram-se quase como um abismo os afastando.

" — Como foi vosso dia?

— Agradável. E vossa graça?

— Agradável por igual."

Era mais fácil apenas odiar, nutrir raiva. Era mais fácil quando havia razões fortes, quando muralhas grossas ainda se perpetuavam, quando as linhas não haviam sido ultrapassadas.

Aquilo não era um exercício de força, era uma tortura para o coração e alma.

Erguendo-se irritada, ela tomou seu robe e o amarrou. Passos duros, semblante sério e furioso, língua afiada e coração agressivo. Surgiu no alto das escadas atraindo para si o olhar masculino do homem que jogado no sofá o sorriu quase debilmente.

Ele sentou-se bebendo mais um gole da garrafa que já ia pela metade.

— Pare! — enfatizou — em meus sonhos eu a prefiro nua.

O cenho dela franziu-se.

— Só em vossos sonhos. — viu-o sem decoro levantar-se tropeçando nas próprias pernas enquanto a circundava, tomando seus cabelos entre os dedos e os cheirando.

— É arredia até neles. — balbuciou próximo demais, o que provocou a pele dela.

Afastou-se dele, que sorriu virando mais do seu whisky de bourbon.

— O senhor já bebeu demais — ela afirmou tentando manter todo a sua refinada pose.

Naruto olhou para a garrafa e negou.

— Bebi apenas um pouco além. Veja, ainda posso caminhar.

— Não segundo meus vasos de arranjos. — ela apontou para dois quebrados.

— Eles que entraram no meu caminho. Eu estava em linha reta.

— Então eles... saltaram? — uma sobrancelha dela ergueu-se e por um momento considerou-se estupida por tentar manter um diálogo com o um bêbado;

— Exatamente! Incrível como a senhora é perspicaz — ela não se sentira tão ofendida se ele de fato não estivesse bêbado como um gamba.

Ela aproximou-se com certa pena e zelo. Tomou da mão dele sem qualquer protesto a garrafa de whisky a deixando na mesa. Ele a olhou tão intensamente que a desconcertava, fazia seu rosto incendiar diante daquela forma de olhá-la.

— A senhora me odeia? — balbuciou a pergunta que provocou o coração feminino. Perto dele, ela enfiou as mãos sobre o grosso tecido do casaco e o tirou.

A viúva do coronelOnde histórias criam vida. Descubra agora