Pov. Collyn Miller.Até aonde você aguentaria por alguém que seguraria sua mão e te desse forças para ficar? Até aonde você persistiria em uma certeza da qual a vida não faria como prioridade? Talvez seria ignorância pedir para ela permanecer? talvez seria ignorância olhar no fundo dos olhos e se sentir confortável por sabe Deus lá quanto tempo você tenha?
Me sinto assim...ignorante, ignorante por não deixa- lá ir, ignorante por forçar a barra com alguém que teria uma vida inteira pela frente enquanto eu tinha medo de fechar os olhos para descansar e minha última vista for um teto branco em cima de mim. Isso a mataria, isso a destruiria, ela sempre esteve tão disposta, é, eu sabia, eu sentia, eu via em suas ações, nos seus olhares, carinhos e falas, ela sempre estava ali, sempre esteve disposta e aguentando tudo isso por mim, e assim eu me encontrava, perdida, destruída, e machucada. Mas eu teria que aguentar por ela, por mim, por nós...
Segundo dia após a realização da cirurgia que mudaria minha vida complemente, mentalmente eu me encontrava quebrada, e literalmente também, isso era uma droga, isso era algo do qual jamais poderia imaginar em toda minha vida, mas cá estava eu, tomando soros, coquetéis de remédios e realizando exames, enquanto meu corpo acostumava permanecer deitado sobre aquela cama de hospital, não que não era confortável, mas eu estava debilitada, e nessa situação, qualquer lugar por mais que seja um leito altamente perfeito e ideal pra situação se tornaria um inferno. Eu já não aguentava mais aquilo.
-E então quando saímos da casa dela você tinha que ter visto, tinha várias pessoas na rua e foi muito engraçado-- dizia Jenna "empolgada" me contando sobre uma ida a casa de Emma, as duas eram inseparáveis.- Colly... Eiii.
Me desvenciliei dos meus pensamentos e olhei em sua direção.
- Oi, desculpa.
- me diz qual planeta você está - ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e sorriu sem graça me olhando- estava tão longe...
- me desculpa, eu só, só me perdi em pensamentos.- confessei a olhando nos olhos com os braços cruzados.
Pude perceber ela olhar pra baixo e tocar sua própria mão, mexendo em sua unha.
- acho melhor você descansar um pouco, tô te enchendo né?
-O que? Jenna?- sorri pra ela e ela me olhou em seguida - para com isso, eu gosto de te ouvir falar.
- Você parecia bem distante, nem estava prestando atenção...- diz ela se levantando.
- aonde você vai?- eu a perguntei.
- Vou ir pegar alguma coisa pra eu comer, você quer alguma coisa?- ela coloca as duas mãos na cintura e sorri pra mim.
- Não. Obrigada, ficou chateada?- perguntei me ajeitando na cama.
Ela andou em minha direção e me deu um selinho.
- Claro que não amor, mas você sabe que eu estou aqui né?- pude sentir sua mão fazendo um carinho no meu cabelo e eu só consegui sorrir a encarando. Meu deus eu a amava tanto, ela era única, dei um selinho nela e meio a um sorriso fraco porém significativo e pude escutar seu sussurro dizendo "já volto" concordei com a cabeça e o barulho da porta do quarto já havia se tornado presente, ela havia saído.
Senti meu sorriso morrer aos poucos e meu corpo se deitar lentamente na cama da qual não aguentava mais permanecer, eu sempre aparentava estar bem pra ela, sempre aparentava estar presente, feliz e agradecida por tudo, mas quando eu ficava sozinha, esse personagem desaparecia, eu sabia minha angústia por ela estar ao meu lado, sabia do medo que assolava esse relacionamento, sabia das noites mal dormidas dela para checar meu pulso, minha febre, meus remédios, e meu sono, sabia como ela era cuidadosa e isso estava começando a pesar, ela tinha aberto mão da sua vida, tomou todo seu tempo pra mim, ignorou seu trabalho, seus compromissos, tudo por mim, por mais que eu insistia, ela não queria, não saia um minuto de perto de mim, deu no que deu pra eu convence-la de ir ver Emma, ela não conseguia dormir longe, não conseguia seguir sua rotina sem que eu estivesse na mesma, e aquilo me incomodava, eu não queria isso, eu não queria ficar responsável pela destruição do seu cotidiano, era um peso pra mim, e eu não sabia como falar isso pra ela, eu não sabia tocar no assunto, não sabia lidar com isso.
Ontem o médico me disse que em breve poderei ir para casa, que eu poderia voltar a minha vida normalmente mas é claro com bastante cautela, pois ainda dependeria dos remédios, me analisaria por uma semana sem tratamento, apenas na base dos coquetéis, se me desse bem, e os resultados fossem positivos, eu poderia ficar mais quinze dias sem, e assim iria tocar minha vida, exames, exames e mais exames...Talvez eu seja sortuda, talvez tudo desse certo, e eu espero que dê, talvez a partir de agora eu estaria sendo movida por uma força maior, minha fé, eu já á perdi várias vezes, mas talvez seja a única coisa que me resta no momento, talvez seja algo que me fortaleceria e me daria esperança nesses tempos sombrios, e eu irei de precisar.
Pov. Jenna Ortega.
Abri a porta do quarto e me deparo com Collyn totalmente perdida em devaneios novamente, isso tinha se tornado frequente desde o ocorrido, eu sei que a barra estava pesada pra ela, eu sei que tudo que está passando é altamente lamentável, Collyn sempre foi uma pessoa muito ativa, firme e pé no chão, e depois de tudo eu a desconheci, mas é claro, da noite pro dia sua vida muda imensamente e a sua única esperança foi uma amputação totalmente cautelosa e miserável.
Eu tentei disfarçar minha expressão e me aproximei dela.- Trouxe algo pra gente comer.- falei sentando ao seu lado na cama. Ela sorriu e arqueou a sobrancelha pra um potinho em minhas mãos.
- Ah não, não me vem com essas gelatinas horríveis Ortega- ela dizia fazendo cara de súplica.
-Você sabe que você tem que comer, para com isso- sorri diante a manha dela, enquanto ela me olhava incomodada.
- Eu não aguento mais comer gelatinaaaa, se ao menos tivesse outro sabor, sinceramente, framboesa? eu não aguento mais esse gosto de borracha derretida.- ri com o drama dela, ficava até fofa.
- Ta parecendo uma criança mimada...- falei abrindo meu pacote de amendoim e mastigando em sua frente sorrindo- nem deve ser tudo isso vai, é framboesa, é como se fosse um morango ou sei lá.
- pois eu quero que você experimente, por favor.- pude ver ela pegando o copinho e a colher e me oferecer em seguida. Dei uma bocada na colher e eu a olhava sem expressão alguma, eu podia ver ela toda esperançosa.
- qual é Jenna, tá até mastigando lentamente.- ela dizia sorrindo esperando uma reação negativa.
Eu abri um sorriso de canto e cuspi na minha mão, Jesus amado, não era que era ruim mesmo...
-eu falei...- ela disse toda convencida.
-ok, ok, é ruim mesmo, mas e dai, faz bem pra você, mas me desculpa por ter te obrigado a engolir isso goela a baixo- eu ria olhando pra ela enquanto ela tomava o pacote de amendoim da minha mão cerrando o olhar em seguida sorrindo e mastigando.
- você é péssima.- confessou pra mim olhando em cima dos meus ombros.
- qual é, vai ficar de gracinha é- fiz uma cosquinha na barriga dela e pude ver ela sorrir em uma fração de segundos mastigando negando com a cabeça.
-para- disse com a boca cheia. Eu persisti na brincadeira aonde ela acabou fazendo um movimento com o quadril e acabou doendo sua cirurgia.
-ai carambaaa- disse em meio expressão de dor fechando os olhos e deitando na cama.
- meu deus me desculpa, se machucou? tá doendo? amor, calma, eu vou chamar o médico.- disparei e pude sentir ela segurando meu braço.
- ta tudo bem amor, calma, só doeu pela forma que me mexi- disse se ajeitando novamente.
- me desculpa.
- tá tudo bem.- ela ficou em completo silenciou enquanto eu a olhava nos olhos, pois novamente ele iria se fechar pra mim, se praguejar por estar passando por isso e por não poder fazer uma brincadeira idiota comigo, sabia que já estava prestes a chorar, seu semblante era fechado, sério, e não me encarava pelo campo de visão, apenas olhava em linha reta, eu teria que ter muita paciência, muito cuidado, eu apenas deitei em seu peito e disse que estava tudo bem, que eu estava ali pra ela, eu a fitava pela lateral do rosto mas seu olhar já estava mirando o teto sobre nossas cabeças, eu apenas aceitei e fiquei em silêncio também, talvez relutar seria pior, apenas decidi cheirar seu pescoço e acabei fechando os olhos pelo cheiro do perfume, mesmo presente, eu sentia sua falta, deixei um selinho breve no mesmo.
- Eu te amo Collyn...
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WANDINHA_(DEPOIS DO AMANHECER)
Fanfiction"Quando tudo virar estrela ou quando tudo virar Pó; Quando as águas e os riachos secarem diante as pedras; Quando a batalha perdida se tornar guerra vencida; Quando a lua e o sol não estiverem mais aqui; Quando eu tiver a certeza que nada...