Impressões

233 15 47
                                    

Desde quando cheguei nesse internato senti sensações próprias do meu intelectual que mal pensava que existia dentro de mim. Afinal, ambiente novo, pessoas novas, isso significava que eu teria que me aprimorar e aprimorar significa socializar, talvez tenha sido uma ideia maluca ter aceito vir para Nunca Mais, mas talvez seja a porta de entrada para uma vida cheia de descobertas e de uma fase significante.

Passei o dia inteiro organizando meu quarto, e aquela noite em Nunca mais estava fria, tinha acabado de colocar meu casaco com o símbolo do internato no peito, estava prestes a descer para o jantar. Mãozinha ficaria no quarto pois nosso combinado era ele permanecer somente ali, um ambiente do qual saberia que ele estaria totalmente seguro. Imediatamente saio do meu quarto após o sinal e vou em direção as escadas, muitos alunos se aglomeraram nelas, em direção ao salão aonde apartir de hoje seria o local de todas minhas refeições, adentrei no lugar e ele era enorme, cheio de mesas em formatos circulares, com um total de 6 cadeiras ao redor, o salão era coberto por janelas em todo seu interior, o internato tinha um total de 100 alunos então não era como se fosse um recreio em uma escola qualquer, todos ali se conheciam, todos ali saberiam seus nomes, pois a falta dos números facilitariam em reconhecimentos, o que pra mim não era algo reconfortante, não tinha noção do quanto isso me incomodaria.

Rapidamente me dirijo até a fila para pegar meu alimento, queria acabar logo com esse sentimentos estúpido de que estou sendo oberservada, peguei a bandeija e em seguida os talheres, logo a minha frente haverá uma senhora que nos servia, no crachá pude ler o nome da mesma, Clara, ela devia ter uns quarenta e poucos anos, eu a olhei e estiquei o prato em cima da bandeija, ela despejou uma espécie de macarronada com frango desfiado á molho branco, até que estava com uma cara boa, agradeci e logo a frente peguei meu suco de caixinha e uma maçã de acompanhamento, olhei ao meu redor e pude notar uma mesa vazia, me dirigi o mais rápido que pude, me apoçei e comecei a fazer minha refeição.

-Espero que nenhum idiota sente comigo.-Soltei bem baixinho pra mim mesma.

Dei uma garfada no macarrão e nossa que delicia, por incrível que pareça eu amei, não sou muito chegada em massas, na mesa coloquei o meu livro "Crônicas do amanhã", comecei a observar em minha volta, e realmente, aqui eles sentam tudo em grupos, espécies com espécies, óbvio tem uns e outros que não, mas a maioria em si, sim, talvez seja uma tradição, dei mais uma garfada e continue observando, quando eu levantei o meu queixo eu não sabia que estava prestes a começar a viver umas das experiências mais louca da minha vida, e foi ai que eu entrei em total transe.

Assim que levantei a cabeça, em um ato singelo de apenas bancar a observadora, eu avistei um grupo de amigos, havia três meninos e duas garotas, não consegui identificar o que são, mas pelo possível ar de superioridade eu chuto lobisomens, com toda a certeza do mundo, todos brincalhões e sorridentes, mas uma, uma em específico, vinha atrás de bico calado apenas oberservando, com as mãos nos bolsos, tinha por volta de um metro e setenta, vestia uma calça moletom larguinha, uma camiseta preta com o símbolo da escola, um tênis, e tinha uma pele parda, os braços um pouco fortes, os cabelos estavam soltos, e era apenas isso, apenas isso para poder chamar a minha atenção, ela era linda, e pelo visto não era só eu que achava isso, quando ela entrou muitas garotas ficou encarando sem o menor pudor, que descaradas, e pelo visto ela cagou pra todas, tava nítido que aquilo ali não era hétero pensei comigo mesma, logo em seguida sentaram-se em uma mesa e começaram a jogar conversa fora, acho que eu estava reparando demais e não demorou muito pra ela me notar, ela simplesmente ergueu a cabeça e nossos olhos se cruzaram, assim que ela me olhou eu desviei o olhar e é ÓBVIO, que não permaneceria nisso, mas foi inevitável, olhei novamente, e ela apenas sorriu de canto, cacete ela sorriu, sorriu pra mim? rapidamente fechei a cara e me levantei, saí dali o mais rápido possível, e em passos apressados já estava dentro do meu quarto. Pude notar um mãozinha todo desesperado, e rapidamente começou a fazer sinais.

-Não aconteceu nada - disse pra ele já sentada na cama.

E ele novamente começou a se revirar de tantos sinais.

-Eu já disse, tá tudo bem, estou indo dormir, boa noite.- falei rapidamente me cobrindo em seguida.

As vezes ter algum tipo de contato com alguém seja direto ou indireto me assusta, sempre acostumei ser sozinha, amizades nunca rolou no meu dicionário, paixodites então? KKKK chega ser cômico, e porra que nojo, e quer saber estou animada pro meu primeiro dia amanhã, será a minha primeira aula, na parte da tarde preenchi meu formulário do qual escolhi biologia e esgrima, as aulas começam no período da manhã então melhor eu ir dormir definitivamente.

Estava com a cabeça a milhão, quando derrepente sinto um peso do lado em minha perna no edredom, sabia que era ele, as vezes o mãozinha estava sentindo frio, e não pude deixar de sorrir com esse ato, parece até um bichinho de estimação, ri comigo mesma, o dia de amanhã promete.


WANDINHA_(DEPOIS DO AMANHECER)Onde histórias criam vida. Descubra agora