Capítulo 2

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ALEXIA FOX

—De quem é esse corpo?—Gabe perguntou enquanto se jogava no sofá da sala.—Quem o matou?

  Estávamos todos na sala da casa que havíamos comprado juntos. A sala era redonda e espaçosa, haviam três sofás um de frente para o outro formando um círculo, uma mesinha de madeira no centro e alguns espelhos nas paredes. O corpo do homem já sem vida estava encima da mesa de centro. Cailean, Jonas e Theo estavam esperramados pelos sofás enquanto jogavam algo juntos pelo celular, ignorando o cheiro de sangue.

—Quem você acha que foi?—Cailean perguntou rindo.

—Precisava de informações sobre os informantes da escola, ele demorou muito pra falar.—dei de ombros enquanto encarava o teto.

—Isso na barriga dele é um espeto de churrasqueira?—Gabe perguntou se aproximando.

—Estava sem recursos.—expliquei.

—Droga, agora vamos ter que adiar o churrasco!—Jonas murmurou emburrado.

—Lavou tá novo.—Cailean disse rindo.—Água e sabão resolvem tudo, pode confiar.

—Sejam mais higiênicos, por favor.—disse enojada.

—E conseguiu algum nome?—Gabe perguntou sentando ao meu lado.

—Kyle White.—disse suspirando.—E por coincidência do destino, era o garoto que estava puxando assunto comigo.

—Vamos matá-lo.—Cailean disse animado.

—Não.—respondi rápido.—Eu sinto que estamos andando por uma névoa muito densa ainda, acho que não é pelo White que vamos chegar no centro.

—Se apaixonou foi?—Cailean perguntou rindo.—Ele não daria conta de você Ale, sem essa.

—Que apaixonada o que, só acho que ele não teria a capacidade de criar toda uma organização de tráfico de drogas.—disse pensativa.—Alguma coisa me diz que tem algo a mais.

—Não transe com nosso brinquedinho.—Cailean disse me encarando.—Deve ter o pau pequeno.

—Não me torrem a paciência.—suspirei e me coloquei de pé, já sentindo toda a minha humanidade morrer.—Hoje eu estou inspirada.

  Peguei um braço do homem que havia matado e sai o puxando pela sala a fora.

—Chamem alguém pra limpar a bagunça, vou colocar fogo nesse aqui.—acrescentei já saindo pela porta.

  Todo o meu interior era vazio, eu não sentia remorso. Eu nasci assim e cresci assim. Tenho memórias da minha infância, onde receber afeto era um incômodo brutal para a minha mente, era como agulhas penetrando minha pele. Sentir empatia sempre foi uma missão quase impossível. Eu simplesmente nasci em uma escuridão infindável, e nunca me preocupei em sair dela. Uma vez eu tive misericórdia de alguém, mas essa escolha afetou todos próximos a mim, então jurei nunca mais vacilar. Pessoas mortas não tentam me matar.

  Joguei o corpo já sem vida na vala e peguei o galão de gasolina que estava ao lado, derramei até esvaziar o mesmo, peguei o fósforo, risquei na caixinha e joguei na cova, que rapidamente incendiou. Eu nunca iria me acostumar com o cheiro de carne humana sendo queimada, mas eu já havia feito isso tantas vezes, que não fazia diferença.

—Ocupada?

—Não muito, o que é?

Jonas conseguia ser o mais empático de nós cinco, embora ele também tivesse seus próprios demônios, Jonas se mantinha um tanto pacifista. Ele adorava animais e sempre brincava com qualquer criança que via pela frente.

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