Capítulo 21

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ALEXIA FOX

  Assim que recuperei a consciência, senti minha cabeça pesar, olhei ao redor e todos estávamos de cabeça pra baixo. O carro havia capotado e parado pra baixo. Senti o sangue escorrer pela minha bochecha e uma dor rapidamente tomou conta do meu corpo.

—Gente?—chamei com a voz falha.

  O silêncio gritava, fazia mais barulho que um tiroteio. Não conseguia olhar direito ao redor, não sabia se estavam vivos, não entendia como havíamos capotado. Senti as gotas de sangue que escorriam pela minha bochecha caírem no teto do carro, manchando a superfície branca. A chuva continua intensa, o barulho abafava os meus pensamentos, mas não abafavam o sentimento de perda que eu sentia naquele momento.

  Fechei os olhos e respirei fundo. E assim que abri os mesmo vi um par de sapatos sociais com a sola dourada do lado de fora na chuva.

  Esse sapato.
  Era marca registrada de Jonas.
  Ele sempre usava em ocasiões especiais.

Provavelmente um delírio. Um delírio.

  Vi a pessoa se ajoelhar e assim que seu rosto se encaixou no meu campo de visão, minha respiração parou e por um segundo ouso dizer que meu coração também. Senti uma enorme dor de cabeça e minha visão escureceu novamente.

  Abri os olhos e logo senti um cheiro forte se ferrugem. Olhei ao redor e não reconheci nada.

—Theo? Gabe? Kyle?—chamei pelos meninos.

  Parecia ser uma cabana de camping antiga, havia algumas redes de pesca, alguns jornais espalhados pelo chão e muita poeira. Minhas mãos estavam amarradas e meus pés acorrentados no suporte de uma cama velha. Não via nenhum dos meninos. O cheiro era insuportável naquele lugar, e o frio também. Minhas roupas manchadas de sangue e água eram a pior parte.

  Comecei a pensar com clareza ao observar tudo ao redor. Coisas de pesca, provavelmente havia um rio no local ou próximo. Jornais, não deveria ser tão distante da cidade.

—Merda.—sussurrei ao tentar me soltar.

—Não perca seu tempo, querida.—ouvi uma voz masculina dizer.

—Quem está aí?

—O fantasminha camarada, não ouviu falar?—perguntou com ironia.

—Vai pro inferno!

—Estamos nele, princesa.—sussurrou de volta.—E você é o banquete hoje.

—Eu não me arriscaria, sabe? Posso ter um gosto péssimo.

—Brinque enquanto puder, suas piadas não irão durar muito tempo.—falou dando uma risada.

—O que você quer?

—Vingança.

—Contra mim?

—Não deveria ficar surpresa, você coleciona inimigos por onde passa, surpreendente seria se não os fizesse.

—Acho bom me matar rápido.

—Ainda temos tempo pra brincar.—disse baixo.

—Eu não escolheria essa opção.—disse rindo.

—Por que?

Sua voz era rouca. Não conseguia ver seu rosto, e quanto mais me mexia, mais dor nos pulsos eu sentia, por causa das cordas.

—Perguntas idiotas.—sussurrei pra ele.

—Certo.—ele disse mexendo em alguma coisa.—Mas eu não me provocaria no seu lugar.

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