Capítulo 7

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ALEXIA FOX

  Dois dias depois que meus homens jogaram Kyle no meio do nada, eu finalmente estava em paz. Não havia sinal daquele esquizofrênico, então eu não precisava mais me preocupar. Fui às aulas e ele também não estava lá. Graças aos céus.

—Procurando alguém?—Cai perguntou enquanto tomava água.

—O possível morto.—disse olhando ao redor.

—Engraçado mesmo vai ser se ele aparecer vivinho da silva por aquelas portas...—Theo disse rindo.—Você prometeu que sairia com ele se ele voltasse vivo.

—Até pacto o coitado deve ter feito.—Gabe disse entre gargalhadas.

—Como você se apaixona por alguém que deixa claro todos os dias que quer a sua morte? É impensável.—Jonas disse suspirando.

—Eu acho atraente.—Cai disse dando de ombros.—Se eu for esfaqueado por uma mulher gostosa, com certeza a pedirei em casamento.

—Você é doente, não conta.—disse rindo.

  A realidade é que eu sabia o quanto Kyle era insistente, e provavelmente essa insistência me arruinaria qualquer dia desses. Me encostei na cadeira e respirei fundo, quando levantei o olhar, vi Kyle passar pela porta do refeitório andando devagar, e com um sorriso divertido nos lábios.

—Puta merda.—sussurrei.

—Agora o casal sai.—Cai disse rindo.

—Quer morrer?—perguntei o encarando.

  Ele ergueu as mãos em rendição e sorriu com malícia. Imbecíl. Vi Kyle se aproximar de mim. Em uma de suas mãos havia uma rosa vermelha e na outra uma caixa de madeira com algo gravado.

—Princesa...—ele disse se sentando ao meu lado.

   Todos. Digo e repito. TODOS, estavam nos encarando com atenção, me sentia envergonhada e fervendo em ódio, eu facilmente poderia esmagar a cabeça dele naquela mesa na frente de todo mundo.

   Kyle era bonito, e chamava atenção pela escola inteira, e agora seríamos o assunto do momento.

—Você.—sussurrei trincando o maxilar.

—Sim, sou eu.—ele disse aproximando a mão do meu rosto, e colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha.

—Eu deveria ter estourado seus miolos.

—Eu seria um morto apaixonado.—ele disse rindo baixo.—E então? Onde será nosso encontro?

—Não vou sair com você.—disse brava.

—Então agora você volta atrás? Suas palavras são tão inválidas assim?

—Eu não...

—Você disse que sairia, Alexia.—Cai disse suspirando.—Ele sobreviveu, então...

  Voltei meu olhar para Kyle que me olhava com atenção, igual toda a escola. Peguei a rosa e a caixinha, confirmando a maldita ideia de sair com esse pária.

—Que bom que aceitou por livre e espontânea vontade.— ele disse apertando minha bochecha.

—Faz isso de novo e eu corto os seus dedos e mando de presente para os seus pais.

   Ele afastou as mãos e eu o encarei com mais ou menos umas setenta perguntas. Kyle era bonito, insistente e muito burro.  As vezes eu não sabia se ele levava a sério minha ameaças, ou se não acreditava. Os meninos comiam tranquilos, como se a presença de Kyle fosse totalmente irrelevante, conversavam entre si sobre assuntos aleatórios e as vezes me incluíam, perguntando minha opinião.

—A loira que se declarou pro Jonas não veio mais pra escola, né?—Cai perguntou rindo.—Deve estar morta de vergonha.

—Verdade...—disse olhando para os lados.

—Quem? A Linda?—Kyle perguntou.—Ela está desaparecida, tem cartazes pela cidade inteira.

  Meu olhar foi até Jonas com lentidão, mantenho a expressão serena, mas sei que ele entendeu meu olhar, não era burro. Vi Theo o encarar com uma sobrancelha arqueada, e Gabe sorria enquanto mexia no próprio celular.

   Jonas havia a matado.

  Ele era um assassino silencioso até entre nós. Nunca sabíamos o que havia feito, quando, onde e porque. Ele era o ÀS do nosso jogo de cartas, o Jungle do nosso time, andando pela escuridão solitário, colecionando ainda mais prêmios. Ele era sim alguém educado e cortês, mas os maiores assassinos que já existiram também eram visivelmente pessoas incríveis com mentes além da normalidade.  Assim como Charlie chop-off, o estripador de Atlanta e o assassino do zodíaco, ele nunca seria encontrado, ele era como um fantasma.

—Quero te levar em uma viagem.—Kyle disse mudando o assunto.—Com a minha família.

  Seu sorriso de felicidade era notório, ele realmente tinha sentimentos por mim, ou apenas estava fingindo pra me usar depois. Mesmo que ele fosse um mentiroso como eu, ele não conseguiria me afetar em nada. Absolutamente nada.

—Nem fodendo.—Cai disse rindo.—Ela não vai te acompanhar em nada que exija sair do meu campo de visão.

—Não mesmo.—Gabe e Theo falaram juntos.

  Vi Jonas balançar a cabeça em negação, concordando com todos os outros. Cruzei  os braços e sorri de canto, sabendo da discussão que viria a seguir.

—E ela precisa da permissão de vocês pra alguma coisa?—Kyle questionou.

—Sim!—todos responderam em uníssono.

  Kyle virou seu olhar pra mim e eu apenas dei de ombro, dando a entender que eu não poderia ajudar ele nessa questão.

—Ela é uma mulher independente, não precisa de permissão.—Kyle disse rindo.

—Ela é independente sim, nunca falamos o contrário...—Cai disse suspirando.—Pelo contrário, Alexia é uma mulher capaz e decidida, porém...

—Porém o que?

—Ela não vai sair do nosso campo de visão com você, abutre.—Cai completou o encarando com seriadade.—Nem hoje, nem nunca.

  O clima estava pesado e eu via Kyle lutar consigo mesmo em busca de argumentos que fizessem os meninos concordarem. Na realidade eu não iria viajar com ele de qualquer forma, mas queria ver até onde ele iria para tirar os meninos do sério.

—Por que não?—Kyle perguntou.

—Por que você simplesmente não é confiável.—Theo disse sem o encarar.

  Kyle ficou em silêncio, revezando em olhar pra mim e para o teto, provavelmente já sem esperança.

—Então vamos todos juntos.—Kyle disse rindo como um idiota.

—Que?—Cai resmungou incrédulo.

—Vamos todos juntos, assim ela não sai do campo de visão de vocês, e eu posso sair com ela.—Kyle explicou.

—E você já perguntou se ela quer viajar?—Gabe questionou.—Ela odeia viagens até onde eu sei.

  Kyle me encarou a procura de uma confirmação, e meu cérebro foi mais rápido em pensar na maior das ideias que eu já tive. Eu queria me aproximar dos pais dele e precisava fazer isso de alguma forma que não fosse tão óbvia. Ele sabia que eu não sentia nada, então precisava o convencer de que eu estava tentando sentir algo, que estava cedendo aos poucos as suas insistências. Assim eu entraria na toca do lobo, e mataria todos os alfas e seus malditos filhotes.

—Claro. Eu topo sim.

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  Oi meus amorzinhos, como então? Ainda não tinha aparecido por aqui para cumprimentar vocês.

  Estão gostando? Espero que sim! 🥰♥️✨

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