Capítulo 18

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ALEXIA FOX

  Estava chovendo forte naquele dia. O vento estava forte o suficiente, pois a chuva batia forte no vidro da janela. Os trovões eram tão altos que tremiam a mesinha que tinha ao lado da minha cama, mas eu so conseguia encarar Kyle que estava sentado de frente pra janela enquanto tomava um chocolate quente. Ele não havia tocado no assunto, apenas ficou no quarto comigo em silêncio me fazendo companhia. Ele encarava a chuva sem falar nada, parecia perdido em pensamentos, o que não era de se estranhar já que a pessoa que ele gostava aparentemente estava grávida de outro. 

—Você quer comer alguma coisa?

  Kyle agora já me olhava ao perguntar. Ele não me olhava diferente, pelo contrário, parecia mais preocupado e atencioso. Sua empatia exacerbada estava começando a me tirar a paz. Ele não falar nada estava me castigando por dentro, como se eu tivesse feito algo fora do comum, e por algum motivo eu me sentia culpada. 

—Não tem nada para me perguntar?

—Não irei ser invasivo. 

  Ele estava lutando contra si mesmo. 

—Kyle, estou grávida de outra pessoa!— falei me levantando da cama e me aproximando do mesmo.

—Sim, tem que ir ao médico para ver se está tudo bem com o bebê.—disse se levantando.

—Não!—respondi alto, incrédula.—Pare de agir assim, tá na cara que é uma mentira! Você não pode ser tão compreensivo assim!

—E o que você quer que eu faça? Que eu grite com você? Que eu a mande tirar o bebê? Não somos nada Alexia, não sabia?— cuspiu as palavras com lágrimas nos olhos.—Eu jamais faria algo do tipo, eu jamais poderia te proibir de fazer o que deseja, entende? Você não me deixa ser algo a mais e eu não posso te proibir de nada por que não quero que se sinta enjaulada por algum homem na sua vida!

  Respirei fundo, sentindo um nó se formar na minha garganta.

—Então pare.— disse firme. 

—Parar de que?

—De ser assim!—falei o empurrando na parede. —Pare de ser tão compreensivo, de ser tão amável! Droga, Kyle.

  As lágrimas desciam em questão de segundos, e eu nunca me senti tão fraca e patética assim na vida. Estava sentindo todas as minhas paredes caírem bem na frente dele, como uma idiota. Eu me sentia culpada por Kyle. 

—O que...

—Você não entende, né?— falei com a voz fraca. —Você me dá coisas com as quais eu não sou acostumada, que nunca me deram. Você é insistente, eu amo e odeio isso ao mesmo tempo. Você faz o que quer, entra e sai quando bem entende, e deixa seu rastro acolhedor por todo lado, não entende? Eu não mereço o seu amor, Kyle. Eu sou quebrada, eu não posso ser amada por ninguém, eu não mereço esse amor que você deseja me dar, por que eu não consigo retribuí-lo. 

  Minha respiração estava descompassada e meu coração acelerado. Kyle me olhava com os olhos arregalados, e naquele momento eu podia jurar que conseguia ouvir seu coração bater rápido. Quando falam que os olhos não mentem, é verdade. Se você souber olhar perceberia tudo bem rápido. Os olhos de Kyle me olhavam com ternura, como se tudo que ele sentisse por mim estivessem capturados naqueles lindos olhos brilhantes. Ele era transparente, e isso me permitia ver toda a sua sinceridade. 

—Certo.—ele respondeu me olhando com um sorriso.

—Certo o que?

—Eu espero.— disse me puxando para um abraço.—Espero até que você esteja pronta o suficiente para me amar de volta. E quando estiver pronta, eu estarei no mesmo lugar de sempre, atrás de você, esperando que me deixe ficar ao seu lado. 

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