A amante da rainha

Capítulo 13

    Dárius se retira do meu quarto e a minha aflição sai pela porta com ele. Respiro fundo e sinto mais uma vez que por algum motivo isso tudo não vai dar certo. Da última vez que acordei com os lençóis manchados, chorei sentindo que a culpa disso tudo é minha. Uma mulher se aceitar como infértil não é nada fácil, ainda mais quando se trata de uma rainha. Depois de mais de dois meses tentando esse herdeiro quase que diariamente, as expectativas de que minhas regras não desçam são gigantescas! Ainda mais quando todos resolvem ficar comentando sobre a "primavera romântica" que os monarcas estão vivendo. Por onde eu caminho, escuto os murmurinhos e os olhos não saem de cima de mim! Estou literalmente sendo vigiada, por tanto atuar virou meu modo de vida e beber enquanto choro em meu quarto virou minha válvula de escape! Não posso dizer que minhas noites com Dárius estão sendo ruins, estaria mentindo. Ele tem sido muito gentil, amoroso e um excelente amante na cama! Confesso que já consigo me sentir confortável com ele novamente. Sempre que estamos juntos eu fecho os olhos e tento deixar as sensações me guiarem, isso é o que tem movido as coisas pra mim, mas se por algum instante eu cogitar pensar em sentimentos, não é o rosto de Dárius que completa meu pensamento.

    Estar com Katharine apenas na hora do chá e em passeios pelo jardim tem sido uma espécie de provação. No dia em que eu mostrei a carta de Aurora para Katharine, ela mesmo nos impôs esse afastamento. Diferente da intensidade de sempre, Katharine reagiu aquela carta com uma calma que nunca foi dela, e seu modo de agir comigo mudou absolutamente. Não consigo trazê-la à normalidade, o que está me matando por dentro! A impressão é que estou sendo punida por ela por sermos descobertas por Aurora, mas quando estamos juntas eu ainda consigo ver os sentimentos dela em seu olhar. Passamos a limitar nossos assuntos a enredos de livros, acontecimentos da corte e o bem estar de cada uma, mas quando tento tocar no assunto em desrespeito a nós duas ou tento tocá-la de forma íntima, ela recua, se cala e se retira. Não sei de que forma isso pode nos ajudar, mas o fato é que já estou me cansando de tentar fazer isso dar certo pra gente.

    Termino de me arrumar e desço as escadas em direção a sala de reuniões. Vou me encontrar com os futuros funcionários da nova escola que irá inaugurar em breve. As obras já estão quase finalizadas e eu estou ansiosa! Ao entrar na sala, todos se levantam e me reverenciam.

— Bom dia a todos! Obrigada por virem. Gostaria que soubessem que estou mais do que feliz e tê-los comigo aqui hoje. Essa escola será para melhorar a educação das crianças do nosso povo e garanto a vocês que cada detalhe dela foi pensado por mim com muito carinho.

Pego um papel onde eu tenho a listagem dos funcionários, suas funções e seus salários. Observo se está tudo de acordo com o combinado e em seguida pego os envelopes com o dinheiro de cada um.

— Diferente dos outros empregos, vocês agora são funcionários da coroa. Por isso, todos os seus valores e benefícios são tratados direto comigo ou por alguém designado por mim. Os valores de salário combinados com cada um já estão aqui nesses envelopes, estarei pagando vocês de forma antecipada para que desempenhem suas funções com mais tranquilidade. Quero que vocês se lembrem a cada instante que estiverem dentro daquela escola, que vocês estão lidando com crianças pobres, que têm inúmeras dificuldades, traumas, tristezas e até mesmo raiva de suas próprias condições. Paciência, carinho, atenção, empatia e cuidado são seus maiores requisitos para esse trabalho! Espero poder contar com isso. Como as obras finalizam no final dessa semana, vocês iniciam na semana que vem. As professoras já podem iniciar seus planos de aula.

Todos concordam e com isso eu começo a chamá-los, entregar seus contratos de trabalho assinados por mim e faço com que todos assinem também. Entrego os envelopes em mãos e assim que me levanto para finalizar a reunião, uma das professoras levanta a mão e diz: