Capítulo 32

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Dárius

    Foi difícil tomar essa decisão, mas não tem jeito. Certamente se meu pai estivesse aqui, ele jamais renegaria um primogênito homem. Jamais decepcionaria o povo da Romênia, negando a eles a evidente melhor escolha de governante, por esse motivo pedi a Herbes que chamasse o Arthur para me acompanhar a uma caminhada pelos arredores do castelo. Não podia correr o risco que alguém do palácio ouvisse a nossa conversa. 

— Majestade, mandou me chamar?

— Mandei sim. Se importa em me acompanhar em uma caminhada? Estou precisando andar um pouco e pegar ar fresco.

— Me importar? Claro que não, é uma honra acompanhá-lo meu rei!

Assenti com a cabeça e assim caminhamos em silêncio até nos afastarmos um pouco do castelo. Olho pra ele, respiro fundo e começo a conversa:

— Bem, eu quero que saiba que eu já sei de tudo. Desde o primeiro dia que eu te vi, eu já sabia quem você era… meu caro Arthur! Infelizmente até agora eu não sabia como abordar esse assunto com você, mas hoje eu tomei a devida coragem de me posicionar — paro por um instante, seguro o choro e continuo — estou muito feliz em ter você ao meu lado, meu filho!

Estranhamente ele não se mostra nada impressionado.

— Eu já imaginava que sabia quem eu era, Majestade. Mas diferente do que eu esperava, o senhor não quis estreitar os nossos laços quando teve essa informação. Pelo menos é o que se espera de um pai que diz ter procurado seu filho por anos. Mas o senhor simplesmente me manteve por perto servindo seus cálices de vinho enquanto me observava. 

Não esperava ouvir isso dele e me senti um tanto envergonhado pela minha covardia.

— Sinceramente, não entendo muito o que ainda estou fazendo aqui. Vim em busca de respostas, às encontrei, tomei minhas decisões, mas por algum motivo eu não consigo ir embora. 

Apoio em seu ombro e digo.

— Não sei se um dia você irá me perdoar por isso, mas assumir você publicamente como filho, carrega um monte de consequências para este reino, principalmente em meu atual casamento. Na verdade isso envolve o rumo de um país inteiro. Por esse motivo eu ponderei a nossa aproximação.

— E quem foi que disse que eu vim aqui em busca da divulgação disso? Que os Deuses me livrem de todos saberem que sou seu filho! Eu não teria mais nenhum segundo de paz em minha vida!

— Mas, por qual razão está aqui então? 

— Eu vim saber de onde eu fui tirado, o que eu perdi, quais seriam as pessoas que iriam me criar. E pelo visto a minha falecida mãe estava certa quando mandou me tirarem daqui.

— O que te leva a dizer isso? 

Ele me olha incrédulo.

— Vocês vivem uma mentira gigantesca a cada passo que dão neste castelo. Não há felicidade aqui dentro, com a exceção da pequena Alina. É tudo tão estupidamente formal! Tenho pena da minha irmãzinha, que tão nova já carrega o fardo da coroa e de toda essa loucura que a cerca.

— Esta coroa deveria ser sua Arthur! 

— Mas ela não é! E eu não a quero!

— Como você pode renegar ao seu título? Isso é o que nós somos! Essa aqui deveria ser a sua realidade, aqui está a sua família.

— Perdoe-me, mas a minha família não é esta. Na minha família somos apenas eu, a minha tia e a minha irmã. 

— Você não quer nem me conhecer melhor, como o seu pai?

A amante da rainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora