Domingo.
Taissa.
Não estive muito bem desde quarta-feira, portanto não fui às aulas, estava exausta do trabalho também, então apenas decidi não ir, depois pegava a matéria com Kaylian ou Gael, já que Mari não foi também pelo visto.
Meus pais iriam chegar antes nessa semana, porém como o voo deu problema, só puderam sair na sexta a noite e estão chegando hoje.
— Se arruma, vamos à missa — Acordei Akemi, abrindo as janelas.
— O pai e a mãe chegaram? — resmungou sonolenta.
— Ainda não, vai, se arruma, vou fazer seu café — disse, puxando o cobertor.
Voltei ao meu quarto e peguei minhas roupas, um vestido lilás básico, sem mangas que vai até os joelhos, rasteirinhas bege e prendi o cabelo num rabo de cavalo, colocando o terço prateado no pescoço, presente da minha avó. Segui até à cozinha depois de fazer o necessário no banheiro, para preparar o café da minha irmã, enquanto minha avó tomava banho.
— Será que dá pra ser menos barulhenta? São nove da manhã — reclamou Laura, surgindo toda descabelada e mau humorada.
— Se quer silêncio, vai morar sozinha — Devolvi na mesma grosseria.
— Te odeio — retrucou preguiçosamente, abrindo a geladeira e tirando coca-cola para beber.
— Vamos à missa filha, quer vir? — Convidou minha avó, dando-lhe um beijo assim que a viu.
— Da igreja católica eu só gosto do vinho, não vó, obrigada — Recusou gentilmente, saindo da cozinha após beber o resto de guaraná.
Akemi logo apareceu, vestindo um vestido parecido com o meu, só que o seu era rodado e cor de rosa claro.
— O Dahn ligou, vai também hoje — informou minha avó, sentando junto à mesa para beber seu café fumegante.
Apenas assenti, fazia alguns meses que não nos falávamos direito.
Sentei após fazer o achocolatado da minha irmã e bebi meu café.
A igreja não era longe, então íamos andando, embora o sol não colaborasse muito.
Sentamos nos bancos da frente e esperamos a missa começar.
— O mal está sobre nós, devemos estar atentos, pedir a virgem Maria proteção e guia, não podemos nos deixar enganar, o mal tem muitas faces — Começou o padre Antônio.
— Nem sempre serão más aos olhos, devemos tomar cuidado para não se deixar seduzir pelas tentações do maligno, tudo aquilo que é belo, é perigoso, o invisível aos olhos e visível e danoso a alma — Continuou.
Neste momento uma ventania invadiu a igreja com força, balançando a estátua na parede atrás do padre.
— O mal entrará até mesmo nas igrejas, o profano tem muito poder e se disfarça de maneiras que nem sequer imaginamos... — O padre parou, como se as palavras tivessem sido roubadas de sua boca, seu olhar se dirigiu para a entrada da igreja e ele ergueu o terço na mão direita.
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Somos feitos de sangue e mentiras [Finalizada]
RandomTaissa é uma estudante de astronomia que por obséquio do destino acabou se afastando de seu amigo. Quando as aulas voltaram na universidade em que estudam, os dois retomam convivência, ela acaba notando estranhos comportamentos do ex-amigo, sem imag...