✞︎32-Ameaça

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2 dias depois.

Binho.

Após a aula na sexta, Taissa me convidou para ir jantar com a família dela, exceto Laura e Maitê, pois sua mãe havia ido viajar e Laura dizia estar na casa de uma amiga (o que obviamente me deixava preocupado) então poderíamos ter um jantar em paz junto de sua irmã, Otávio e a velha senhora que cheirava a eucalipto.

Entrei após ela e me deparei com Kaylian e Gael sentados no sofá, eu não os esperava, porém não eram ameaças, arriscaria dizer que até me deixavam mais confortável. Particularmente gostava de Otávio e sua simpatia, já a mãe dele, era ocasionalmente gentil e amistosa comigo.

— Faz tempo que não te vejo, e aí? Tem se recuperado bem? — Cumprimentei o garoto de cabelos nos ombros.

— Fisicamente sim, o estrago maior foi no carro — murmurou, retribuindo.

— Não vamos falar sobre isso — A voz de Gael foi diminuindo a medida do sigilo que pedia.

— Gael — Repreendeu, negando tal proteção à tal fato.

— Senta aí Rubens, fique à vontade — Otávio apontou a cadeira vazia ao lado de Naomi.

— Vou fazer café para vocês — Se dispôs a senhora de camisa cinza, levantando-se.

— Cadê minha irmã, pai? — Sua filha olhou pela sala em busca da menina.

— Está no quarto... olha ela aí — Abriu um sorriso quando a garota adentrou a sala, meio tímida.

Senti algo dentro de mim se agitar. Não era algo bom, era em meu lado sombrio, era... uma ameaça a ele.

— Vou ao banheiro — falei, saindo rumo ao corredor e passando pela pequena menina de cabelos pretos.

Akemi me lançou um olhar estranho, como se não gostasse de me ver ali.

Antes de sair, pude sentir a presença de alguém do lado de fora.

— Akemi — disse, ao me deparar com ela encostada na parede do corredor.

— Você... você não é do bem — sibilou, de maneira que eu poderia ficar intimidado se não fosse quem era.

— Quem lhe disse isso? — Ousei perguntar, sem hesitar.

— Eu sei... você é do mal, ele me contou, você machucou o Dahn e a Laura — Vi seu punho se fechar.

— Dahn está morto e você não deveria contar mentiras — interpus, tentando entender qual era sua capacidade de saber.

— Não é mentira, eu tenho sonhos e tudo que eu sonho, acontece — Sua voz oscilou entre o medo e a coragem.

Agarrei seu punho com força, mas Akemi não reagiu mal, foi aí que algo invadiu minha mente, uma espécie de visão-memória na qual me mostrava Dahn falando com ela e contando o que lhe fiz. Não poderia deixá-la saber disto.

— Que tipo de sonhos? Você é apenas uma menina com uma imaginação fértil, ninguém vai acreditar nas suas histórias, então pare de inventar, sua irmã e eu...

Levei um chute na perna que me fez solta-lá.

— Taissa vai! Você não vai machucar ela também, eu não vou deixar! Eu não gosto de você, você é mal, cruel! — Disparou, quase gritando.

Agarrei-a novamente, desta vez pelos cabelos.

Agora eu tinha uma nova ameaça, a irmã que tinha visões. Maldição!

Eu faria o que deveria fazer, se livrar de uma ameaça, destruindo-a.

— Vai lá e conta então, acha que sua irmã vai acreditar que um fantasma te contou que eu matei ele garota? É melhor ficar quietinha, se quiser ver sua irmã de novo — Ameacei, me referindo a Laura.

Somos feitos de sangue e mentiras [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora