2 dias depois.
Binho.
Após a aula na sexta, Taissa me convidou para ir jantar com a família dela, exceto Laura e Maitê, pois sua mãe havia ido viajar e Laura dizia estar na casa de uma amiga (o que obviamente me deixava preocupado) então poderíamos ter um jantar em paz junto de sua irmã, Otávio e a velha senhora que cheirava a eucalipto.
Entrei após ela e me deparei com Kaylian e Gael sentados no sofá, eu não os esperava, porém não eram ameaças, arriscaria dizer que até me deixavam mais confortável. Particularmente gostava de Otávio e sua simpatia, já a mãe dele, era ocasionalmente gentil e amistosa comigo.
— Faz tempo que não te vejo, e aí? Tem se recuperado bem? — Cumprimentei o garoto de cabelos nos ombros.
— Fisicamente sim, o estrago maior foi no carro — murmurou, retribuindo.
— Não vamos falar sobre isso — A voz de Gael foi diminuindo a medida do sigilo que pedia.
— Gael — Repreendeu, negando tal proteção à tal fato.
— Senta aí Rubens, fique à vontade — Otávio apontou a cadeira vazia ao lado de Naomi.
— Vou fazer café para vocês — Se dispôs a senhora de camisa cinza, levantando-se.
— Cadê minha irmã, pai? — Sua filha olhou pela sala em busca da menina.
— Está no quarto... olha ela aí — Abriu um sorriso quando a garota adentrou a sala, meio tímida.
Senti algo dentro de mim se agitar. Não era algo bom, era em meu lado sombrio, era... uma ameaça a ele.
— Vou ao banheiro — falei, saindo rumo ao corredor e passando pela pequena menina de cabelos pretos.
Akemi me lançou um olhar estranho, como se não gostasse de me ver ali.
Antes de sair, pude sentir a presença de alguém do lado de fora.
— Akemi — disse, ao me deparar com ela encostada na parede do corredor.
— Você... você não é do bem — sibilou, de maneira que eu poderia ficar intimidado se não fosse quem era.
— Quem lhe disse isso? — Ousei perguntar, sem hesitar.
— Eu sei... você é do mal, ele me contou, você machucou o Dahn e a Laura — Vi seu punho se fechar.
— Dahn está morto e você não deveria contar mentiras — interpus, tentando entender qual era sua capacidade de saber.
— Não é mentira, eu tenho sonhos e tudo que eu sonho, acontece — Sua voz oscilou entre o medo e a coragem.
Agarrei seu punho com força, mas Akemi não reagiu mal, foi aí que algo invadiu minha mente, uma espécie de visão-memória na qual me mostrava Dahn falando com ela e contando o que lhe fiz. Não poderia deixá-la saber disto.
— Que tipo de sonhos? Você é apenas uma menina com uma imaginação fértil, ninguém vai acreditar nas suas histórias, então pare de inventar, sua irmã e eu...
Levei um chute na perna que me fez solta-lá.
— Taissa vai! Você não vai machucar ela também, eu não vou deixar! Eu não gosto de você, você é mal, cruel! — Disparou, quase gritando.
Agarrei-a novamente, desta vez pelos cabelos.
Agora eu tinha uma nova ameaça, a irmã que tinha visões. Maldição!
Eu faria o que deveria fazer, se livrar de uma ameaça, destruindo-a.
— Vai lá e conta então, acha que sua irmã vai acreditar que um fantasma te contou que eu matei ele garota? É melhor ficar quietinha, se quiser ver sua irmã de novo — Ameacei, me referindo a Laura.
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Somos feitos de sangue e mentiras [Finalizada]
AléatoireTaissa é uma estudante de astronomia que por obséquio do destino acabou se afastando de seu amigo. Quando as aulas voltaram na universidade em que estudam, os dois retomam convivência, ela acaba notando estranhos comportamentos do ex-amigo, sem imag...