✞︎34-Apagando memórias

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Taissa.

Às 19:00 da noite de um domingo sem sol, me encontrei pensando em tudo que me levou até ali. Desde o momento em que o conheci numa maldita festa, até o momento em que o apunhalei pelas costas de maneira traiçoeira, o meu conforto interno lutava contra a culpa, pois eu precisava e tinha o direito de fazer aquilo, depois de tudo o que Basemon me causou.

- Queima Taissa, joga tudo no fogo - A voz de Laura sobressaiu as chamas crepitantes diante de nós.

- O fogo apaga tudo de ruim, é o que diz minha mãe - Kay teve receio de dizer, ele era mais um que não sabia ao certo como me consolar.

Não havia como.

Peguei as poucas coisas que ele havia me dado, exceto a aliança de noivado, foi a única coisa que não consegui me desfazer. Quando fui jogar o punhal, Lúcifer me impediu.

- É melhor guardar para caso de falha né - Tomou para si e guardou no bolso da espécie de túnica que vestia.

A mulher esguio ao seu lado lhe lançou um olhar torto.

- Calado você é um poeta - resmungou ela de canto, discretamente.

Laura revirou os olhos para os dois, enquanto eu me mantive olhando tudo queimar.

As chamas em meio ao matagal subiam até quase atingir o céu. O corpo deitado sobre a grama não havia sido atingido.

- Lamento - Foram as únicas palavras que saíram da boca do belo homem, vendo Tamar chorar pelo irmão morto.

Basemon havia ficado tempo demais em posse do corpo de Rubens, portanto, tornaram-se um só, embora o ritual fizesse isso, já não adiantaria mais. Então os dois morreram quando eu cravei o punhal no corpo.

- Vamos Tai, acabou - As mãos da loira envolveram meus braços descobertos.

- Vão indo na frente, já vou - falei, tão baixo que somente ela escutou bem.

- Ainda tenho meus pais, só não sei como contarei isso a eles - A voz de Tamar saiu igual chumbo batendo em pedra.

- Primeiro vamos cuidar de você - A conduziu para onde o carro estava estacionado.

- Estamos te esperando - disse Maria, abraçando o próprio moletom que não a protegia do frio muito bem. Assenti.

- Se você tivesse me pedido para te entender, eu poderia tentar... - O vento frio cortou minha voz.

- Eu amei você, não o outro, amei você Basemon, com tudo que fez, não consigo deixar de te amar, de pensar em como teria sido diferente se tivesse dito desde o início... A mentira doeu mais do que a verdade - Me ajoelhei, contemplando o cadáver gélido ali.

Puxei o galão contendo álcool próximo a nós e joguei um pouco sobre o cadáver, acendi um fósforo e me afastei.

Nós.

Essa palavra já não existia mais.

Essa palavra já não existia mais

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⏰ Última atualização: Feb 28 ⏰

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Somos feitos de sangue e mentiras [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora